Qualidade da frota é principal queixa dos usuários do transporte coletivo
Menos de 75% da frota não está em condições de operar na Região Metropolitana
O Fórum de Mobilidade, Mova-se, fez uma enquete online com intuito de avaliar qual a percepção da população da Região Metropolitana de Goiânia em relação a situação atual do Eixo Anhanguera. O questionário foi enviado para 13.667 pessoas, entre os dias 16, 17 e 18 de agosto, por meio do Facebook, LinkedIn, Twitter e Whatsapp. O total de pessoas que responderam ao questionário foi 532, o que representa 3,9%.
Com a frota deficitária, a Metrobus anunciou no mês de junho acordo com empresas privadas para reposição e substituição de ônibus articulados nas linhas que percorrem o Eixo Anhanguera, em Goiânia, e municípios da Região Metropolitana.
Conforme afirma a Metrobus, a decisão visa suprir a necessidade de mais veículos para trafegar na via e responder à suspensão, no último dia 30 de maio, do pregão da Metrobus para a licitação de 114 ônibus elétricos, determinada pelo Tribunal de Contas do Estado de Goiás (TCE-GO).
Resultado da enquete
A enquete aponta que os moradores da Região Metropolitana de Goiânia concordam com a suspensão da renovação da frota por parte do TCE (58%), também concordam com a solução emergencial proposta (70%), consideram a frota da Metrobus sendo “sucata” (27%), antiga (26%) e insegura (21%). Já a percepção em relação aos ônibus ano 2013 foi de que são adequados (25%), confortável (22%) e antiga (21%).
Presidente do Mova-se, Miguel Ângelo Pricinote explica que em julho de 2022 foi firmado um acordo operacional entre a Metrobus e as empresas privadas Rápido Araguaia, Viação Reunidas e Cootego com permissão da Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC). “As empresas privadas alocaram seis ônibus zero quilômetro que seriam utilizados no BRT Norte/Sul – ainda não concluído – e 54 ônibus articulados, ano 2013, que estavam em operação no Distrito Federal”.
Ele salienta ainda que o Tribunal de Contas do Estado de Goiás (TCE-GO) questionou e pediu a suspensão da renovação de 114 ônibus elétricos pela Metrobus. “Até que se resolva este imbróglio, o acordo com as empresas privadas deverá ser mantido, uma vez que, devido aos impactos da pandemia e da morosidade em relação a compra de peças, menos de 75% da frota da Metrobus estão em condições de operação”.
O principal motivo para a suspensão dos ônibus elétricos, segundo Pricinote, é o questionamento quanto à mobilidade de locação e a não aquisição dos veículos. De acordo com ele, outro ponto seria com relação aos valores.
Frota sem condições de operar
Apesar dos ônibus serem duramente criticados por usuários, o presidente do fórum destaca que a decisão emergencial de trazer ônibus de Brasília foi acertiva. Para ele, enquanto a decisão definitiva não chega é uma forma dos usuários serem bem atendidos.
Contudo, menos de 75% da frota não está em condições de operação. Para ele, a justificativa seria a dificuldade em manter a manutenção da frota devido a problemas específicos da Metrobus adquirir peças e com isto manter os ônibus em excelente estado de conservação. “Vale ressaltar aqui que o problema é mais relacionado ao modelo (empresa pública) do que a gestão da empresa”, declara Miguel Ângelo.
Os ônibus ano 2013, remanejados do Distrito Federal, estão em condição de operação, conforme destaca Pricinote. “Eles estavam rodando no DF e devido a necessidade em Goiânia foi solicitado que os mesmos viessem para a Capital e foram substituídos por outros veículos convencionais zero quilometro”. Não existe ônibus a pronta entrega para renovar uma frota, por exemplo, é necessário fazer o pedido e aguardar cerca de 12 a 18 meses para a aquisição.
Ele destaca ainda que os ônibus da Metrobus estão inseguros para passageiros por conta das condições do veículo. Já os ônibus de 2013 possuem um certo conforto por serem mais espaçosos e ter ar condicionado.
Ônibus com mais de 5 anos não devem ser utilizados, diz MP
O Ministério Público de Goiás (MPGO) encaminhou ao secretário-geral de Governadoria, Adriano da Rocha Lima, e ao presidente da Metrobus, Francisco Caldas, uma recomendação para que os ônibus com cinco anos de operação no serviço de transporte público, na extensão do Eixo Anhanguera não sejam utilizados. Na recomendação, a promotora de Justiça Leila Maia de Oliveira argumenta que este período de uso é considerado uma média segura para circulação de veículos que prestam esse tipo de serviço.
Ela solicita ainda que não sejam adquiridos veículos ou se permita a utilização de ônibus sucateado no transporte público operado no Eixo Anhanguera, com idade acima do limite de cinco anos, proveniente de outra unidade da federação, por questão de segurança aos usuários. Recomendou-se também ao presidente da Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC), Tarcísio Abreu, que fiscalize a idade média dos ônibus em operação no Eixo Anhanguera, com elaboração de relatório de fiscalização.
Leila Maria argumenta que, por força do contrato de concessão, a concessionária está obrigada a manter os veículos de sua frota com observância das idades médias admitidas, conforme definidos no Regulamento Operacional do Sistema Integrado de Transporte da Rede Metropolitana de Transportes Coletivos da Região Metropolitana de Goiânia (SIT-RMTC). Ela cita ainda que está em trâmite na 50ª Promotoria de Justiça notícia de fato iniciada a partir de representação da direção do Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores no Transporte Coletivo Urbano de Goiânia e Região Metropolitana (Sindcoletivo). Nesta representação, foram feitas denúncias que apontam possível sucateamento da frota utilizada no Eixo Anhanguera.
Por fim, a promotora cita notícia amplamente veiculada na última quinta-feira (18/8), que relata a morte de uma estudante na queda de um ônibus do Eixo, ocorrida após a porta do veículo se abrir.