Tratamento de equoterapia já beneficiou 207 mil pacientes do Crer
Cerca de 240 pacientes estão em tratamento no serviço de Equoterapia do hospital
Equoterapia é um método terapêutico no qual utiliza cavalos no tratamento para a estimulação de movimentos. O Centro de Reabilitação e Readaptação Dr Henrique Santillo (Crer) – única entidade hospitalar que oferece esse serviço – faz uso da técnica para contribuir na recuperação de pacientes. O tratamento foi implantado em 2004 e já realizou mais de 207 mil atendimentos. Atualmente, cerca de 240 pacientes estão em tratamento no serviço de equoterapia do hospital, que atende crianças e adultos com os mais diversos diagnósticos. Os atendimentos são realizados no picadeiro localizado no Regimento da Cavalaria da Polícia Militar de Goiás.
Kiarelly Kristina é mãe de Isaac Leandro de apenas 4 anos que teve microdeleções no microssomo (síndrome rara que resulta na perda de partes do cromossomo podendo gerar anomalias congênitas graves e deficiência física e intelectual significativa). Segundo Kiarelly, muitos médicos não conhecem casos como o do filho, visto que ele é o único de Goiás com essa síndrome. Ela afirma que a equoterapia tem sido de ajuda para Isaac mesmo ele sendo iniciante no processo.
“Eu busquei fisioterapia por questão interdisciplinar e força muscular. A equoterapia abrange várias terapias em uma só. Isaac era uma criança muito irritada, agora melhorou bastante”, afirma
Já no caso de João Pedro Hermogenes de Oliveira, de 8 anos, portador de microcefalia e atrofiamento muscular também apresentou melhora com relação ao equilíbrio, conforme destaca a mãe Daiana Silva Hermogenes. “Antes da equoterapia meu filho caia muito, era preocupante a falta de equilíbrio dele. Depois do início desse atendimento, ele ganhou firmeza e confiança no seu caminhar. Além do ganho na interação. Ele não só perdeu o medo do cavalo como também melhorou bastante o relacionamento com as outras pessoas”.
Equoterapia também é usado na para tratar depressão
Fisioterapeuta do Crer, Fábio Rios explica que o trabalho de equoterapia em que é utilizado o cavalo faz parte de uma abordagem interdisciplinar na área da saúde, educação e equitação com a busca de desenvolvimento biopsicossocial. O tratamento é voltado tanto para pessoas com deficiência ou não. A equoterapia não está indicada apenas para quem tem problemas neurológicos, mas psicólogos indicam a equoterapia para depressão e vários outros diagnósticos conforme afirma Rios.
“O cavalo através dos movimentos dele consegue trazer vários estímulos. A terapia já começa da aproximação do animal que já vence o medo, desafio de estar montado no animal. Através desse movimento são desenvolvidos 2 mil estímulos neurais. 30 minutos de cavalo equivale a 21 mil passos nossos”.
Algumas enfermidades que costumam ser tratadas com equoterapia são síndrome de Down, paralisia cerebral e problema de comportamento e são atendidos praticantes de todas as idades, a maioria a partir de 2 anos até idosos. “Em cima do cavalo não tem limite, não tem idade, todo mundo é igual. Diagnóstico não é destino”, declara Fábio Rios. Contudo, existem patologias que são contra indicadas para o tipo de tratamento, mas por meio da avaliação multidisciplinar é possível saber a melhor forma para trabalhar com cada pessoa.
O fisioterapeuta afirma que é surpreendente a diferença que o tratamento traz para os praticantes. “Às vezes o praticante ganha em três meses o que ele levaria em um ano dentro de uma clínica fechada. Então, a gente se surpreende muito com o que o bom resultado que o cavalo transmite, que ele consegue nos auxiliar nessas terapias”.
O diferencial nesse tipo de tratamento, segundo Rios, é o contato entre humanos e animais. Ele esclarece que não pode ser qualquer animal para a prática da equoterapia, ou seja, existe um animal certo para cada patologia. Também tem os materiais corretos para cada caso, e conforme destaca o fisioterapeuta, por ser um tratamento não pode haver erros. O animal passa por um processo pelo fato do cavalo chegar novo, sem saber nada é necessário ter a aceitação do toque e do barulho visto que a sensibilidade dele é bem apurada.
“Ele sente o medo, sente quando o praticante tem insegurança. Por isso passa pelo processo de doma e treinamento constante porque tem que oferecer uma segurança para o praticante”. Os auxiliares guias também são de extrema importância para o manejo dos cavalos, de acordo com Rios.
A amplitude da equoterapia com relação aos benefícios tem como objetivo esse tratamento com dois programas sendo a equoterapia como o primeiro onde o praticante não tem condições de conduzir o animal por causa do medo ou até mesmo por uma limitação física. Nesse caso precisa de um auxiliar-guia e de um terapeuta lateral que dá as condições necessárias para o auxílio do tratamento.
O segundo programa se trata de educação e reeducação, onde o praticante já tem um domínio do cavalo e pode conduzi-lo com segurança.
“Então o fisioterapeuta, o fonoaudiólogo , psicólogo buscam dentro daquele mesmo atendimento os seus objetivos. A equoterapia tem esse diferencial de ter dois ou até três profissionais diferentes atuando em prol do praticante para ter bom resultado”. O fisioterapeuta conta ainda que atualmente existe até mesmo a equoterapia como prática esportiva classificada como equestre. Existem competições a nível nacional e internacional.