15 milhões de brasileiros têm diabetes; entenda a relação da doença com problemas cardíacos
Os números preocupam, devido a correlação grande entre o diabetes e as patologias cardiovasculares.
O Setembro Vermelho é considerado o mês de alerta para doenças cardiovasculares. Dados do Atlas do Diabetes da International Diabetes Federation (IDF) mostram que o Brasil tem 15,9 milhões de habitantes com diabetes, uma das principais causas das doenças. Os números preocupam, devido a correlação grande entre o diabetes e as patologias cardiovasculares.
Segundo o endocrinologista Guilherme Borges, o controle adequado dos níveis hormonais do paciente é parte fundamental da manutenção da saúde. “Vemos que diversos hormônios têm relação com doenças cardiovasculares e, por isso, as doenças endócrinas precisam ser levadas a sério, acompanhadas e tratadas de forma adequada”, afirma.
Maior risco de doenças cardiovasculares
O endocrinologista esclarece que o diabetes descompensado leva a um processo inflamatório importante que prejudica a função dos vasos sanguíneos, principalmente suas camadas internas. “Existe uma chance maior de doença aterosclerótica, de acúmulo de gordura nas artérias. Essas placas podem ser mais inflamatórias, podem se romper com mais facilidade e gerar eventos isquêmicos como, por exemplo, o infarto e o acidente vascular cerebral (AVC)”, completa.
Ainda de acordo com o Atlas do Diabetes, o cenário brasileiro segue um caminho delicado. Estima-se que até 2045 o número de pessoas com diabetes no país chegue a 23,2 milhões, um aumento de mais de 47%. Caso a projeção se conclua, o número de doenças cardiovasculares e, consequentemente, de óbitos motivamos por elas também deve aumentar. “A causa cardiovascular é a principal causa de morte nos pacientes como um todo, mas principalmente em pacientes com diabetes”, alerta Guilherme.
Além do diabetes
Segundo o especialista, muitas vezes o paciente com diabetes é classificado como tendo alto risco cardiovascular, o que leva a uma maior preocupação com seus níveis de colesterol. Sendo assim, a meta de LDL, mais conhecido como colesterol “ruim”, é mais rígida e, quando se trata de uma pessoa que além do diabetes também já teve algum evento cardiovascular a meta é ainda mais baixa. “Existe uma correlação direta entre a redução de LDL colesterol e a redução de eventos cardiovasculares. Isso parece proteger bastante o paciente desse ponto de vista”, pontua Guilherme.
Para todos os efeitos, o diabetes não é a única preocupação quando o assunto são distúrbios metabólicos que aumenta o risco de doenças cardiovasculares. O endocrinologista explica que o excesso de hormônios da tireoide pode aumentar o risco de arritmias e de morte cardiovascular. Além disso, alterações na hipófise, causadas pela rara Doença de Cushing, podem estimular as glândulas adrenais a produzirem muito cortisol, desencadeando um processo de acúmulo de gordura na região mais alta do tronco, obesidade, pré-diabetes e diabetes.
No mesmo sentido, o sobrepeso e a obesidade também são ameaças à saúde cardiovascular por serem doenças inflamatórias que elevam o risco de doenças crônicas já citadas, de hipertensão e até de alguns tipos de câncer como o de endométrio em mulheres.