Gás de cozinha sobe 5% e preço pode chegar a R$ 136, em Goiás
O motivo seria o reajuste salarial do coletivo e ‘impactos inflacionários’ nas altas de custos operacionais
O preço do gás de cozinha teve aumento de 5% em revendedoras de Goiás. Segundo o Sindicato das Empresas de Gás do Centro Oeste (Sinergás), o botijão de gás de cozinha de 13 kg é vendido entre R$ 110 a R$ 118 e, com o reajuste, passa para a faixa de R$ 126 a R$ 136. Segundo o Sinergás, que repudiou o aumento, o reajuste foi realizado por cinco empresas engarrafadoras de gás.
O sindicato ainda explica que a justificativa dada pelas engarrafadoras é o dissídio coletivo. No entanto, questiona a porcentagem que foi reajustada pelas empresas. “O valor correto seria de 1%, mas o que vem sendo repassado para o consumidor é de 6% a 10%”, afirmou.
De acordo com a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o botijão de 13 kg chega a custar R$ 160,00 no estado do Mato Grosso, localizado na região Centro-Oeste do país, onde se encontra o maior valor. Dados divulgados no portal de transparência da ANP, indicam as regiões Nordeste (R$121,78) e Centro-oeste (R$160,00) como sendo as que apresentam maiores altas.
O presidente do Sinergás, Zenildo Dias, afirma que o aumento é “abusivo”, e que o ideal seria apenas 1%. Além disso, ele destaca que este não é o momento para um ajuste de tamanho impacto, levando em consideração a atual situação econômica do país.
“Nós estamos falando de um aumento que é abusivo. Como que nós vamos chegar em uma dona de casa, neste momento, e trazer um aumento. A dona de casa não está nem comprando o gás porque tá caro demais”, afirmou o presidente do Sinergás.
Ele também lembrou as três mortes causadas por queimaduras causadas por pessoas que cozinharam com o uso de álcool, por não ter condições financeiras para adquirir um botijão de gás. “É uma tristeza a dona de casa morrer por estar cozinhando no álcool. Aqui no estado de Goiás já foram três”, relatou Zenildo.
Em Goiás, algumas revendedoras já estão comercializando o botijão de 13 kg por até R$120 ou mais. “Para mim, não é nada positivo não, porque vou ter que aumentar meu capital de giro para manter o estoque. Com o aumento dos valores, temos aumento também nos impostos, então terei que pagar ainda mais impostos”, explicou o revendedor de botijões, Antônio Carlos Rodrigues Simões.
Mesmo com o auxílio gás, medida criada em novembro do ano passado para disponibilizar cerca de 50% do valor do gás de cozinha para famílias de baixa renda, muitas famílias poderão ter dificuldade de comprar o gás, que é importante no preparo de grandes refeições.
11,35% em 4 meses
Só nos últimos 4 meses, o economista Maurício Faganelo, afirma que o preço do botijão de gás em Goiás teve um aumento de 11,35%. “O cenário de elevação dos preços dos combustíveis pressiona demasiadamente a renda das famílias mais pobres, tornando praticamente impossível às famílias em situação de extrema pobreza ter acesso ao gás de cozinha no valor atual”, afirma.
Além de pesar no bolso do cidadão, os comércios também sentem o peso do aumento do gás. Em duas padarias da capital, são usados aproximadamente 32 botijões de 13 kg. O empresário Júnior Felipe explicou que para diminuir o impacto e reduzir custos, eles optaram por panelas mais rápidas e fornos elétricos. Tudo para tentar não repassar o aumento para os clientes.
“Muitas coisas que nem eram usadas em panelas de pressão agora tem que usar para diminuir o tempo de cozimento justamente para gerar uma certa. A gente tenta entre a gente, para passar o menos possível para o consumidor final”, disse.
Em meio ao aumento, o Fábio Aparecido, que possui um depósito de gás na região leste da capital, afirma que para não ter prejuízos, a única opção foi repassar o reajuste aos clientes. “Nós temos muitos custos operacionais. Temos gastos com os carros, com funcionários, com combustível. E por isso, vamos ter que passar o aumento para o consumidor”, relatou.