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segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
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Cinema

Adversidades e superações na produção cinematográfica goiana

‘Não! Não Olhe!’, dirigido e escrito por Jordan Peele, arrecadou cerca de R$2,49 milhões, chegando a um total de R$6,48 milhões registrados no Brasil

Postado em 16 de setembro de 2022 por Victória Vieira

O cinema surgiu no final do século XX, em 1895, com a invenção do cinematógrafo. Essa invenção chegou ao Brasil pouco tempo depois, no dia 8 de julho de 1896, no Rio de Janeiro. Em junho de 1936, “nasceu” o primeiro cinema de rua na capital goiana, o Cine Teatro Campinas, localizado no bairro mais antigo da cidade.

Três anos depois, em 1939, veio o segundo, Cine Santa Maria, no Centro, anteriormente conhecido como Cine Popular. Você provavelmente já deve ter ouvido seus avós, pais e até tios falando sobre os cinemas de rua, que um dia fizeram parte de Goiânia. De acordo com o livro “Goiás no Século do Cinema”, de Beto Leão e Eduardo Benfica, nas décadas de 60 e 70 as telonas basicamente triplicaram em Goiânia.

Desde então, o goianiense criou o hábito de ir ao cinema assistir filmes estrangeiros, nacionais, filmes animados, isto é, qualquer tipo de arte visual em movimento. Entretanto, desde sua criação as salas de cinema mudaram muito. Hoje, apenas 17% desses locais não funcionam dentro de um shopping.

Com a popularização dos famosos ‘blockbusters’, em conjunto do crescimento das salas de cinema em shoppings centers, os filmes locais deixaram de circular em grande escala. Vale a pena ressaltar, a massificação das plataformas de streaming, por um lado, afastou a população das salas presenciais, mas, simultaneamente, possibilitou maiores alcances das obras independentes.

Mesmo com a escassez do público, no entanto, os cinemas de rua continuam atraindo audiência. Em entrevista ao Essência, o coordenador e programador de filmes do Cine Cultura de Goiânia, Fabrício Cordeiro, conta que as pessoas ainda desejam ir às salas de cinema. “Certamente acho que havia uma vontade geral de voltar a frequentar não apenas salas de cinema, mas todo tipo de espetáculo coletivo, como shows de música, concertos, peças de teatro, ou seja, um retorno à normalidade cultural”, disse.

“É verdade que streamings dão mais opções, mas é uma experiência diferente, mais solitária e, portanto, sem o sabor de socialização e de completa imersão que uma sala de cinema cria”, reforçou. Cordeiro explica, também, que no começo do ano notou-se um aumento na procura de cinemas de rua, certamente pelo “efeito da reabertura após o longo hiato da pandemia”.

Produção cinematográfica regional e nacional

Segundo a produtora cultural, Carmelita Gomes, “o cinema regional é importantíssimo para a sociedade, por que ela precisa se identificar e conhecer a sua história. O audiovisual regional tem esse papel, muitas vezes até didático”. Para muitos, a produção cinematográfica local passa despercebida, uma vez que grande parte dos moradores não têm conhecimento sobre a criação dessas obras ou até mesmo sobre os lançamentos.

“Uma sociedade que não se identifica e que não produz os seus próprios conteúdos é uma sociedade vazia, vaga. O audiovisual tem esse papel importante de valorização da cultura”, reafirma Gomes. Já em relação aos longas e curtas nacionais, a produtora fala que o brasileiro acostumou a consumir somente produtos americanos; os ‘enlatados’, como diz Camelita. “Esses enlatados americanos influenciam todas as gerações, até hoje”.

Gomes, que produziu o 6º Curta Canedo 2022, relembra o preconceito que o cinema nacional sofre a partir das lentes americanizadas com as quais olhamos os projetos produzidos. Além disso, a produtora critica a falta de recursos que o meio artístico sofre. “Nós precisamos das leis de incentivo, tanto nacionais, quanto municipais. Os municípios também podem fazer leis de incentivo”, destacou.

Aos olhos de Jordan Peele

É impossível falar sobre cinema e não citar o filme mais comentado nesses últimos meses. ‘Não! Não Olhe!’ dirigido e escrito por Jordan Peele arrecadou cerca de R$2,49 milhões, chegando a um total de R$6,48 milhões de ingressos registrados no Brasil. O recente sucesso do cineasta conta a história de eventos assustadores acontecendo no interior da cidade da Califórnia (EUA). A dupla de irmãos interpretada por Keke Palmer e Daniel Kaluuya, são proprietários de um rancho de cavalos e acabam sendo testemunhas dos recentes cenários.

Concordando ou não, Peele marca a história da cinematografia internacional se tornando referência para grandes profissionais da área, e ao mesmo tempo, cria patamares de grandes níveis a serem alcançados, fazendo qualquer obra do gênero terror/suspense vinda dos seus parceiros de trabalho tornarem-se medianas em comparação com as suas produções.

Há quem diga que a cinematografia não é um local onde se deve discutir questões sociais, mas não poderiam estar mais errados. A arte de fazer cinema é utilizá-la como ferramenta de questionamento, aprendizagem, cultura e muitas vezes, soluções para essas questões. É visualizar através de um material o significado de um roteiro, cena ou sonoridade de uma obra que pode ser desde a comédia besteirol ao documentário baseado em fatos reais.

No Brasil, a Ditadura Militar se apropriou dessa medida e seguiu censurando todas as obras que faziam as pessoas saírem da sua própria ‘bolha’ e pensar o motivo de estarem dentro de um regime, que tirou a sua liberdade de expressão, um direito de cidadania. Mesmo nos tempos mais sombrios da humanidade, o cinema resistiu e persiste sendo o palco em que a expressão “faca de dois gumes” se encaixa, visando a persuasão entre bem e o mal.    

A conexão entre o telespectador e uma gigantesca tela de cinema é mágica. Todos os estudos de quatro anos são para criar algo emocionante em que apenas a arte é capaz de aprofundar: as emoções. A ideia de poder está atrelada à dominação estar acima de algo, e neste caso, esse fator é o desencadeamento do efeito catártico no telespectador. Uma mistura que pode ser realizada até mesmo com uma frase pronunciada pelo personagem.

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