Juiz Jesseir Coelho no Papo Xadrez
O sistema jurídico do Brasil entra em pauta no episódio desta semana do podcast
Guilherme de Andrade
Aconteceu nesta segunda-feira (19) a 31° transmissão ao vivo do podcast do jornal ‘O Hoje’, o ‘Papo Xadrez’. Neste episódio, os apresentadores Felipe Cardoso e Ananda Leonel estiveram com o Juiz de Direito da 3° Vara Criminal dos Crimes Dolosos Contra a Vida, e também juiz do tribunal do Júri de Goiânia, Jesseir Coelho de Alcântara. Durante o bate-papo, estiveram no centro da discussão a vida pessoal e profissional de Jesseir, e, através dessa perspectiva, se discutiu o sistema judiciário do país como um todo.
Jesseir trabalhou, ao longo dos quase 30 anos de carreira, com muitos casos que despertaram comoção popular, e, por presidir o júri popular há 22 anos, ele alcançou notoriedade ainda maior. Durante o Papo, o juiz ressalta a importância do isolamento dos jurados durante o julgamento. Qualquer contato com o mundo externo nesse período pode resultar no adiamento daquele processo, como aconteceu no caso Valério Luiz. Por fim, Jesseir reforça a importância do júri, desde que bem conduzido: “Eu sou muito favorável ao tribunal do júri porque é a instituição mais democrática que nós temos no Brasil”.
Alguns casos julgados e presididos por Jesseir ganharam grande repercussão, nacional e até internacional, e durante o encontro ele lembra alguns deles. Entre os casos que geram repulsa, dos que dão medo, e aqueles que revoltam: o juiz destaca o caso do serial killer de Goiânia. Foram 20 julgamentos presididos por Jesseir pelos crimes de Tiago Henrique Gomes da Rocha. A frieza do acusado e o padrão das vítimas chamaram a atenção. Dos 636 anos de pena resultantes desses julgamentos, Jesseir lembra que “eu não vi o serial killer ser julgado pela morte de um homem”.
Os apresentadores não desviaram daqueles questionamentos que todos fazem: “O sistema de justiça é falho?”. O juiz não nega. Jesseir aponta para os atrasos processuais, para falta de estrutura, de pessoal e até mesmo para discrepâncias no tratamento entre ricos e pobres. “O próprio sistema dificulta” e “falta de vontade” são algumas das razões para a lentidão e ineficiência apontadas pelo juiz. Apesar da legislação teoricamente perfeita, “na prática não é assim, tem muita questão incongruente”, conclui.
Se aproximando do fim, a ‘reinserção social’, que deveria acontecer, se torna assunto. Jesseir, pensando na superlotação de presídios, nas facções que estão ali, nas condições subumanas e nas burocracias ao longo dos processos, admite que a situação está longe do ideal. “Triste realidade, acontece”, lamenta. Novamente as travas internas do sistema e a ‘falta de vontade’, novamente, impedem a realização completa da teoria jurídica brasileira.
Na voz dos apresentadores
A apresentadora Ananda Leonel, ao fim da transmissão, comenta: “foi um encontro leve, descontraído, mas que ao mesmo tempo me trouxe informações novas sobre um tema que muitos já julgam esgotado”. Ananda segue contando que esse encontro, somado aos outros que já aconteceram no podcast e que abordaram a mesma temática, dá um novo ponto de vista sobre uma instituição tão vital para nosso país. “É muito importante saber a perspectiva de um juiz sobre o funcionamento do poder judiciário”, finaliza.
Felipe Cardoso, colega de Ananda na apresentação, destaca a importância de se conhecer, de forma menos formal, os trabalhos do sistema legal brasileiro, especificamente a atuação do juiz. “As formalidades que esse meio exige acabam afastando o cidadão médio, e nesse momento de ataques ao poder judiciário como um todo, esse bate-papo se faz ainda mais necessário”, afirma, se referindo aos ataques direcionados ao Supremo Tribunal Federal.
Nos últimos episódios
O bate-papo com o juiz Jesseir Coelho de Alcântara vem na esteira de uma série de encontros dedicados ao sistema de justiça do Brasil. O defensor Salomão Rodrigues trouxe a perspectiva da defensoria pública, Antenor Pinheiro veio com um lado mais prático, falando de sua experiência como perito criminal, e nesse episódio Jesseir fala de sua posição como juiz. A experiência pessoal e profissional dessas figuras dão retrato mais completo dos processos do nosso poder judiciário.
Na semana passada, o ‘Papo Xadrez’ abordou um assunto muito contemporâneo e necessário: os investimentos online e as bolsas de valores. O especialista em day-trade, Hermann Greb, veio para a 30° transmissão do podcast desmistificar e simplificar o que se tem ouvido frequentemente sobre mining, bitcoins e metaverso. Compartilhando parte dos conhecimentos adquiridos em anos de experiência ele diz: ““É simplesmente comprar? Não! É comprar na hora certa”.
Na semana anterior, no episódio 29 do Papo, os apresentadores Ananda e Felipe estiveram com o produtor musical Rodrigo Borges. O também empresário é um dos fundadores de um dos maiores festivais de música eletrônica do país, a Playground Music Festival. Rodrigo está por trás de eventos de sertanejo, de música eletrônica, da produção de espaços físicos e também de shows internacionais: o produtor se consagra tanto em sua versatilidade quanto na qualidade.