Equatorial Energia compra Enel e é a nova distribuidora de Goiás
Somente no ano passado, o estado passou cerca de 18,75 horas sem energia. O limite estabelecido pela Aneel é de 12,58 horas
Na madrugada desta sexta-feira (23) a Enel Distribuição Goiás, atual distribuidora de energia do estado, foi vendida para a Equatorial Energia. Segundo o documento de venda, a negociação foi no valor de R$ 1.575 bilhão. De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a Enel é a terceira pior empresa de distribuição de energia elétrica do país. Já a Equatorial é a penúltima no ranking.
O anúncio de venda foi feito pelo governador Ronaldo Caiado, que utilizou suas redes sociais para comunicar os goianienses sobre a mudança na distribuição de energia do estado. Recentemente o político teria afirmado que a empresa se viu numa situação política delicada quando começou a faltar energia em Goiânia e outras cidades do Estado.
“A Enel caminha para descumprir pelo segundo ano consecutivo as metas de melhoria dos serviços da Aneel, e isto pode lhe custar a perda da concessão”, disse o Governador Ronaldo Caiado em uma entrevista recente. “O melhor caminho é que ela desista de tentar lucrar com a operação de venda e transfira o controle. Queremos a Enel fora de Goiás.”, completou o parlamentar.
O secretário-geral de Governo do Estado de Goiás explicou que o processo de transferência da Enel para a Equatorial deve ser concluído até o fim deste ano. Entre os passos a serem cumpridos está a aprovação da venda pela Aneel. “A venda foi consequência de descumprimento contratual que aconteceu ano passado e esse ano já era fato que aconteceria novamente. Nós sabíamos que a Enel colocou à venda suas ações de Goiás, da antiga Celg-D”, disse.
“Essa troca vem em muito bom momento, já poderia ter acontecido, mas, mesmo assim, vem em um bom momento para que a gente comece 2023 já com a nova distribuidora”, finalizou o secretário-geral em entrevista cedida à CBN Goiânia.
“Vamos, sem dúvida alguma, cobrar também para que a Equatorial cumpra com o contrato em Goiás, que invista e que realmente dê condições para o nosso Estado desenvolver a passos largos. Vocês sabem que, com energia, Goiás vai voar mais alto. Vamos continuar acompanhando e exigindo que essa nova empresa venha atender a demanda do povo goiano”, garantiu o governador.
Privatização do setor de energia
Em 2017 a Enel comprou a antiga Companhia Energética de Goiás (Celg), após o pagamento de R$ 2,1 bilhões. Na época, a companhia prometeu reduzir as quedas de energia em 40%.
Entre 2010 e 2020, Goiás cresceu substancialmente acima do Brasil em boa parte graças à força do agronegócio. Apesar de ter acelerado investimentos para fazer um catch-up, a Enel foi insuficiente no cumprimento do contrato.
Em 2020, o governador Ronaldo Caiado propôs que a Enel repassasse a distribuição de energia para outra empresa como forma de resolver os constantes problemas de queda de energia, principalmente nas áreas rurais do estado. Somente no ano passado, por exemplo, o estado passou, em média, 18,75 horas sem energia. O limite estabelecido pela Aneel é de 12,58 horas.
Esta é a sétima aquisição de uma distribuidora pela Equatorial, uma empresa que fez sua reputação em cima de turnarounds [processo de recuperação do valor e da performance empresarial diante de um cenário de declínio] complexos no Brasil.
“Com a operação, a companhia diversificou a sua atuação no segmento de distribuição de energia para mais uma região geográfica, demonstra o seu olhar único para a identificação de oportunidades, pautado pela disciplina financeira na alocação de capital, e reforça seu papel consolidador no segmento de distribuição, ampliando as oportunidades de geração de valor como player integrado no setor de energia e adicionando mais de 3,3 milhões de clientes à nossa base”, disse a empresa em comunicado.
Nova distribuidora de Goiás
Em sua descrição, a empresa diz ser “uma holding de empresas” e que, assumindo a distribuição no Rio Grande do Sul, “passa a atender quase 13% do total de consumidores brasileiros e responder por 7% do mercado de distribuição do País”, número que será ampliado com aquisição da Celg-D, em Goiás. Esta, contudo, ainda depende da Aneel.
A nova distribuidora de Energia possui forte atuação no setor elétrico nos segmentos de distribuição, transmissão, comercialização, além da área de geração distribuída, telecomunicações, serviços e saneamento.
As empresas que fazem parte do Grupo são a Equatorial Maranhão, Equatorial Pará, Equatorial Piauí, Equatorial Alagoas, Companhia Estadual de Energia Elétrica – RS, Companhia de Eletricidade do Amapá, Equatorial Transmissão, Intesa, Equatorial Telecom, Equatorial Serviços, Enova e Echoenergia.
Segundo o ranking de desempenho das distribuidoras sobre fornecimento de energia em 2021 divulgado pela Aneel, duas concessionárias da Equatorial (Equatorial MA e CEEE) constaram nas últimas colocações. A Equatorial PA, contudo, ocupava a 7ª posição.