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terça-feira, 24 de dezembro de 2024
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Comércio

Demanda de crédito aquece setor de micro e pequenas empresas

Valor dos empréstimos para este ano chegaram a R$ 10,994 bilhões

Postado em 28 de setembro de 2022 por Redação

Vinicius Marques

A busca por crédito no mercado tem sido a solução para micro e pequenos empresários que buscam reforçar o caixa, trocar equipamentos ou ampliar estruturas físicas dos seus comércios. Desde o início da pandemia de Covid-19, a demanda pelo crédito cresceu em relação a anos anteriores.

A disposição por mais crédito no mercado eleva as taxas de juros, especialmente com o aumento da inadimplência que chegou a 4,24% em 2022. Segundo dados do Banco Central, mais de R$ 10 bilhões em crédito foram fornecidos este ano. 

Karoliny Ribeiro Ferreira, é proprietária de uma loja de celulares no Setor Campinas, em Goiânia e recorreu recentemente ao crédito do  Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronamp) com o objetivo de aumentar o capital de giro da empresa e liquidar as dívidas remanescentes do período em que a loja precisou ficar fechada durante a pandemia.

Ela sente que, principalmente pela alta dos juros, o mercado deu uma desaquecida e o cliente que comprava parcelado não tem mais tanto poder de compra. “Nós trabalhamos com produtos muito caros e a taxa das máquinas já subiu 3 vezes esse ano, então nós precisamos repassar esse aumento para os clientes e isso acaba prejudicando as nossas vendas”.

Mesmo com um bom planejamento, Karoliny cortou gastos no seu negócio, diminuiu o número de máquinas de cartão e cancelou um consórcio que tinha com outros empresários para não correr o risco de ficar inadimplente. 

Não é em vão o medo da empreendedora, uma vez que as taxas de juros chegaram a 3,58% ao mês, a maior desde 2011. O limite para esse tipo de operação nunca esteve tão próximo do limite que é de 4%. Já a taxa anual saltou de 36,6% em junho de 2021 para 52,43% ao ano em junho deste ano. Para fins de referência, no mesmo mês a taxa média para o empréstimo consignado, era de 24,65% ao ano.

Aumento da produção e competitividade

Cardoso Pimentel, 62, tem um comércio na região leste de Goiânia e precisou solicitar um empréstimo para investir na compra de um novo maquinário que agilizasse a produção e se tornasse mais competitivo em relação à concorrência e assim atrair mais clientes. No entanto, devido a fatores como queda no movimento durante a pandemia e para garantir outros pagamentos de maior importância, o comerciante acabou atrasando pagamentos. “Com a liberação do crédito, pude comprar o equipamento que precisava para melhorar a produção, mas durante a pandemia o movimento caiu e logo comecei a ter dificuldade para fazer os pagamentos”, explica Pimentel.

Empreendedores podem recorrer a empréstimos por diversos motivos, como a garantia de um fluxo de caixa maior, compra de novos equipamentos, contratação de funcionários ou melhorias nos ambientes. As empresas de pequeno e médio porte têm se destacado na obtenção de linhas de crédito. O planejamento deve ser bem feito para que o crédito não vire uma dívida grande e a situação não saia do controle.

Situações como o constante aumento das taxas de juros ou as taxas abusivas que crescem exponencialmente ao longo dos anos podem fazer com que o valor dos empréstimos se tornem muito maiores na hora do pagamento e prejudiquem o negócio.

Após muita negociação com a financeira, Pimentel conseguiu quitar sua dívida e hoje trabalha para não recorrer mais a linhas de crédito no seu negócio. “Foi um aperto muito grande, mesmo fazendo uma negociação, acabei pagando um valor muito mais alto do que o previsto na hora de pegar o empréstimo”, lamenta.

Com recorde no volume de financiamento e na taxa de juros cobrados pelas instituições financeiras para micro e pequenos empreendedores. O saldo de empréstimos chegou a R$ 10,994 bilhões em julho, segundo dados do Banco Central, mostrando um aquecimento do mercado com aumento de 29,7% em relação a 2021. (Especial para O Hoje)

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