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segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Levantamento

No vermelho, 67 milhões tentam fugir do endividamento

Aumento das renegociações com credores desacelera trajetória de alta

Postado em 30 de setembro de 2022 por Redação

Por: Vinícius Marques

O número de pessoas endividadas no Brasil bateu um novo recorde e já é o maior desde o início do levantamento em 2016. São 67,9 milhões de brasileiros com o nome negativado, segundo levantamento do Serasa

Conforme pesquisa publicada no dia 28 deste mês, o Serasa mostra um crescimento de 0,5% que corresponde a mais de 300 mil pessoas endividadas em agosto em relação a julho, em todo o país.

A alta foi uma das menores registradas nos meses de crescimento consecutivo e pode ter sido contida pelo elevado número de negociações de dívidas realizadas em agosto, que chegou a 2,8 milhões, 22% a mais do que em julho.

Os bancos continuam como o grande vilão do endividamento das famílias sendo responsável por 28,8% dos negativados e seguido por contas básicas como água e luz (22,1%) e financeiras (13,8%).

Segundo o próprio Serasa, o mês de agosto teve o maior número de renegociações, mês em que foram feitos acordos com mais de 50 empresas buscando acordos de parcelamento sem juros, atrás apenas de março, quando foi feito um feirão limpa nome emergencial. A Ação de Parcelamento colaborou para que mais de 1,8 milhão de pessoas negociassem 2,8 milhões de dívidas com descontos que somaram R$ 4,8 bilhões. 

Na comparação estadual, São Paulo é o estado com mais devedores com 16,07 milhões, seguido por Rio de Janeiro com 6,8 milhões. Goiás ficou em 10º lugar em agosto, sendo 2,2 milhões de inadimplentes na base do Serasa.

Camila Cruz, especialista do Serasa Limpa Nome, vê o cenário atual com otimismo e espera que nos próximos meses possa haver uma redução do número de endividados. “Nós vemos com muito otimismo o menor crescimento da taxa de inadimplência esse mês é uma mostra que o Serasa tem conseguido se adequar a realidade brasileira, trazendo produtos que podem devolver o crédito a população”, comemora Camila. 

“Monitoramos o crescimento da inadimplência desde o início do ano e por isso promovemos, em agosto, um mutirão nacional que representou um alívio no cenário graças ao aumento das dívidas negociadas”, comenta Aline Maciel, Gerente de Serasa Limpa Nome.

“Como os brasileiros estão com o orçamento mensal apertado, a negociação de dívidas com parcelamento foi uma solução buscada para aumentar o número de regularização de débitos, o que de fato ocorreu”, complementa.

Perfil dos endividados

Larissa Silva Teixeira, 25, está negativada e não tem possibilidades de realizar um acordo agora, mas tem tentado se organizar, visando uma renegociação em breve. “Infelizmente muitas renegociações são com valores muito altos”, lamenta Larissa.

No caso de Larissa, as altas taxas de Juros têm impedido uma renegociação até então, mas hoje, as mulheres são as que mais renegociaram, com 54%, frente a 46% dos homens. Em relação à faixa etária, consumidores de 30 a 40 anos lideraram as negociações, com 30%.

Uma curiosidade é que a Geração Z, formada por jovens de até 25 anos, representa 22% do total de acordos fechados em agosto. No entanto, esta mesma faixa etária (até 25 anos) é a com menor representatividade (13%).

Larissa tem esperança de um acordo no final do ano, quando receberá o 13º e tentará uma renegociação. “Tudo depende de como ficará o acordo, por valores altos são impossíveis de quitar”. Complementa.

No perfil dos endividados, as mulheres também são a maioria com uma diferença muito pequena. 50,2% dos inadimplentes são do sexo e feminino e 49,8% do sexo masculino. Já na avaliação das idades, a faixa etária em destaque é entre 26 e 40 anos (35,6%), seguido por 41 a 60 anos (34,2%).

Ainda segundo o levantamento do Serasa, as dívidas mais negociadas no mês de agosto foram as contas de Telecom, representando 41% das negociações, seguido pelas securitizadoras com 24% e finalmente os bancos que tiveram um total de 15% do total de dívidas renegociadas.

Cheque especial

Os brasileiros também nunca se endividaram tanto no cheque especial quanto no último mês, segundo dados do Banco Central (BC), foram concedidos R$38,5 bilhões nessa modalidade, sendo o maior valor da série histórica nessa modalidade – o maior desde o início da série histórica desde 2011.

A maior preocupação está no uso recorde do cheque especial acontecer justamente enquanto o Brasil está com a maior taxa de juros, com elevação da taxa básica (Selic) a 13,75% ao ano e contribui para um aperto da renda da população brasileira, juntamente com um cenário de inflação alta.

A taxa de juros do cheque especial também subiu, passando de 127,4% ao ano em julho para 128,6% em agosto. Os juros cobrados nessa modalidade não podem ultrapassar os 8% ao mês (151,8% ao ano), conforme determinação do BC

Mesmo com o teto estabelecido as taxas da modalidade continuam sendo as mais elevadas do mercado, ficando atrás somente dos juros do cartão de crédito que em agosto chegou a 398,4% ao ano na taxa do rotativo. No parcelado essa taxa é de 185,9% ao ano.

Após uma queda no período da pandemia, momento em que houve a liberação de recursos emergenciais para a população, as taxas de inadimplência vêm subindo nos últimos meses. (Especial para O Hoje)

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