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sábado, 23 de novembro de 2024
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Saúde

Produção de remédios cai e cidades enfrentam desabastecimento

Espera pode demorar até 6 meses para alguns medicamentos

Postado em 30 de setembro de 2022 por Sabrina Vilela

Enfermeira, Kárita Bento de Azevedo está peregrinando de farmácia em farmácia em busca da amoxicilina com clavulanato desde o início da semana. Sua filha, Geovanna de 17 anos, recebeu o diagnóstico de sinusite. Ela está tomando outros medicamentos receitados pelo médico, mas como está faltando o principal ela não apresentou melhora significativa ainda e essa situação tem deixado a mãe aflita.

“Não sei mais o que fazer. Eu ligo, vou pessoalmente, mas não consigo encontrar o medicamento em lugar nenhum”. Os sintomas de Geovanna como febre, dor de cabeça forte, congestionamento nasal e secreção ainda são persistentes. 

Essa realidade é da maioria dos goianos nas últimas semanas. Especialista em farmacologia, Álvaro Souza  destaca que os medicamentos que estão mais em falta são corticoides pediátricos, antibióticos infantis, principalmente os que são à base de amoxicilina com clavulanato. Ele explica que desde o início do ano estão bem irregulares as distribuições. 

“O motivo é a falta de matéria  prima. Mais de 95% da medicação do Brasil vêm de países como China e Índia. A onda de Covid-19  na China atrapalhou muito na produção dos insumos e rumores de guerra também atrapalham o fluxo de produção”, destaca. 

Souza atua na área de farmácia há 17 anos e diz nunca ter observado a falta de tantos medicamentos como agora. No dia a dia, ela costuma indicar outras farmácias para os clientes, mas a peregrinação nem sempre gera bons resultados.

“Essa semana atendi uma senhora que estava procurando um medicamento para o neto, o antibiótico infantil que é a amoxicilina com clavulanato. A receita era de três dias atrás. Ela me disse que já tinha andado em mais de 20 farmácias. Eu mostrei a ela o tipo de amoxicilina disponível e sugeri pedir para o médico passar outra receita”.

Escassez

Outros remédios difíceis de encontrar são os antialérgicos, antigripais, pastilhas para garganta e alguns xaropes. Nesses casos, os farmacêuticos podem indicar outras opções para auxiliar com os sintomas de tosse, por exemplo. 

Segundo o especialista, desde a última semana começou a escassez de remédio para pressão. Essa medicação é exclusiva, não tem genérico , nem similiar dele  que se chama atensina para tentar substituir. Várias pessoas que fazem o uso crônico deste medicamento não conseguem, conforme destaca Souza. 

“Desde a semana passada também falta um remédio usado para tratar a diabetes, ele está em falta em praticamente todas as distribuidoras que fazemos compras. Essa semana já consegui a metformina que tem contornado parte da situação”.

Desde novembro do ano passado

A diminuição no número de medicações deu início em novembro de 2021, de acordo com Souza. Às vezes a distribuidora avisa a chegada de alguns remédios específicos, mas para que haja maior distribuição a quantidade de caixas por farmácias são limitadas, cerca de quatro a seis dependendo do produto. 

“A Novalgina infantil a gente não encontra desde novembro, mas a dipirona xarope genérica chegou no  mercado e dá para atender a demanda”. A melhor alternativa usada pelos farmacêuticos é fazer essa “troca” por outro medicamento que o laboratório já consegue fabricar. 

Mas existem medicamentos que são isentos de prescrição como antialérgicos, antigripais e analgésicos. No país, a estimativa entre os medicamentos, há falta de antibióticos do componente básico em 89,4% dos municípios e medicamentos para transtornos respiratórios do componente básico em 55,2%. Nesses casos, é indicado algum outro remédio com o mesmo princípio ativo. Contudo, em casos de remédios que não tem como fazer a substituição, é orientado que o paciente vá ao médico para pedir outra receita.

Falta de incentivos e demanda em queda

Diretora de Comunicação do Sindicato dos Farmacêuticos do Estado De Goiás (SINFARGO) e farmacêutica industrial, Elister de Oliveira Rodrigues leva em conta o  inverno pelo aumento dos casos de crises respiratórias; Problemas de logística e distribuição e a falta de embalagens.

O ritmo da indústria farmacêutica no país passou a operar em cima da demanda que reduziu com a diminuição dos casos de doenças respiratórias. Para Rodrigues, faltam incentivos às indústrias farmacêuticas nacionais na produção interna destes insumos e também na produção dos demais itens importantes para toda a cadeia produtiva”. 

Com relação ao preço dos medicamentos, Rodrigues destaca que o valor é regulado por lei e existe um preço máximo tabelado ao consumidor. A farmacêutica ressalta ainda que o aumento é anual e como existe grande parte de insumos importados, o aumento no dólar, a instabilidade gerada pela incerteza mundial, fez com que ocorra a redução da margem, com isso houve a redução do desconto. (Especial para O Hoje) 

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