Atraso na entrega da Praça do Trabalhador revolta feirantes
Quase três anos depois, as obras vão se arrastar por 90 dias
As obras de revitalização da Praça do Trabalhador, localizada no Setor Norte Ferroviário, foram iniciadas em junho de 2019 com a promessa de entrega para cinco meses após o início. Quase três anos depois e diversos aditivos, as obras ainda vão se arrastar por pelo menos mais 90 dias. A última estimativa de finalização do espaço na região da Rua 44, que recebe as feiras Hippie e da Madrugada, era para esta semana, mas agora deve durar até o final do ano.
Enquanto isso, os feirantes têm passado por situações complicadas. E com o atraso na entrega da obra da Praça, onde a Feira Hippie funcionava normalmente até o início da revitalização, todo um remanejamento das bancas foi feito, e agora a prefeitura solicitou mais uma readequação. Muitos estão preocupados, pois a mudança para outro espaço vai influenciar na perda de clientes e impactar consequentemente nos lucros com as vendas do fim de ano.
Vendedora de lingeries na Feira Hippie há mais de uma década, Luciane da Silva Sousa, sabe como tem sido complicado ficar em uma ambiente improvisado até o fim da obra. Ela e os feirantes têm se desdobrado para continuar com as bancas abertas. “Toda essa bagunça vai prejudicar muito, não só a mim, mas todos os feirantes aqui. A gente se planeja para as vendas em datas comemorativas e festivas, e acaba que saímos prejudicados com toda essa alteração e falta de preocupação da prefeitura conosco”, desabafa a feirante.
Jaciara investiu muito na compra de tecidos e na produção de roupas, e agora não sabe como vai conseguir vender os produtos para arcar com o custo que teve. “Nos compramos tecidos e linhas fiado, com a promessa de pagar 30 dias após. Só que como eu terei o dinheiro que preciso pra quitar minha dívida se não estou tendo possibilidade de sequer vender as roupas aqui na feira. Isso é uma falta de compromisso do prefeito, que veio aqui e prometeu não tirar a gente, e agora vem pedir mudança pra sair da rua 44 e entrar dentro de uma obra cheia de entulhos, pedras soltas. Nem o banheiro pra gente usar está pronto”, relata a comerciante.
Atualmente, a feira funciona aos sábados e domingos e há uma reivindicação antiga dos feirantes para ter mais um dia à disposição, que seria às sextas-feiras. Isso ajudaria a recuperar os lucros atendendo os clientes de outras cidades. “Se a gente voltasse a vender nos dias de sexta, nosso movimento e lucro poderia ir se recuperando de pouco em pouco. Acabamos de sair de uma crise enorme, pois quem não sabia vender on-line estava quase passando fome. Agora que podemos voltar pro nosso espaço e atender nossos clientes, vem toda essa bagunça e mudança de banca” comenta Edimar Rosa, que trabalha como feirante no local há mais de 11 anos.
Só na promessa
Segundo Waldivino da Silva, presidente da Associação dos Feirantes da Feira Hippie, havia uma promessa da liberação de mais um dia de funcionamento a partir de novembro, considerando o novo prazo dado à Comurg para a finalização da reforma da Praça do Trabalhador e ocupação do espaço. “Tem a conversa de entregar na sexta-feira agora, com a obra pronta, estamos sofrendo muito com isso. E agora? Vai devolver a sexta ou como vamos ficar? Todos os feirantes precisam de uma resposta. O lucro de muitos depende principalmente das vendas de fim de ano”, questiona.
De acordo com a Secretaria de Desenvolvimento e Economia Criativa (Sedec), o atraso nas obras é devido a vários problemas na troca dos responsáveis pela finalização da praça. E que a migração das bancas da feira deve ser feita para não prejudicar a mobilidade da rua 44. “A pista deve ser totalmente desocupada para a conclusão das intervenções de mobilidade que estão acontecendo no local. Essa é uma decisão provisória, tomada em conjunto com os feirantes “, afirmou o secretário da pasta, Silvio Sousa.
As alterações são necessárias para a conclusão do projeto de revitalização do trânsito da região da 44, que está sendo executado pela Secretaria Municipal de Mobilidade (SMM). A Rua 44 terá sentido único, novos estacionamentos e projeto paisagístico, melhorando a mobilidade no local. “A associação vai fazer o sorteio das bancas agrupando os feirantes nas quadras da Praça do Trabalhador. Dessa maneira, a reorganização fica mais justa. Vamos fazer também a fiscalização da feira para evitar que aproveitadores surjam nesse momento de reorganização”, afirmou Waldivino.
Em nota a Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg), que está comandando a obra desde junho deste ano, apontou que algumas situações contribuíram para que a obra não fosse concluída dentro do prazo estipulado. “A escassez de materiais disponíveis no mercado e também algumas situações encontradas, que estavam em desacordo com a realidade do estágio em que a Companhia recebeu a obra”, informa.
O informativo destaca ainda que um aditivo foi firmado, dando uma prazo de mais 90 dias. No entanto, a Comurg acredita que não medirá esforços no sentido de terminar antes do prazo estipulado, a revitalização da Praça do Trabalhador. (Especial para O Hoje)