Novembro Azul alerta sobre câncer de próstata
Objetivo é sensibilizar e conscientizar a população masculina em relação aos cuidados com a saúde e prevenção de doenças
Uma estimativa feita pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), mostra que, em 2022, 2.240 novos casos de câncer de próstata serão diagnosticados em Goiás, número que sobe para 5.350 quando se trata do Centro-Oeste. Em âmbito nacional, o levantamento prevê um aumento de quase 5 mil casos em comparação com a última projeção do órgão, quando, em 2017, apontou-se que 61,2 mil homens teriam câncer de próstata.
A iniciativa internacional “Novembro Azul” teve origem na Austrália no ano de 2003 e foi comemorado no Brasil pela primeira vez em 2008. O Novembro Azul tem como objetivo sensibilizar e conscientizar a população masculina em relação aos cuidados com a saúde e a importância da realização dos exames de prevenção contra o câncer de próstata. O Dia Mundial de Combate ao Câncer de Próstata é no dia 17 de novembro.
Neste contexto, a campanha chega para alertar sobre a doença e derrubar preconceitos existentes quando ao diagnóstico. O diagnóstico precoce é estratégia utilizada para encontrar o tumor em uma fase inicial e, assim, possibilitar maior chance de tratamento bem-sucedido e reduzir o índice de mortes.
Referência em tratamento oncológico no Centro-Oeste, o Hospital de Câncer Araújo Jorge atende cerca de 13 mil pacientes no Setor de Urologia, todos os anos. Desses, mais de 1 mil precisam passar por algum procedimento cirúrgico por conta do estado avançado da doença. Para o chefe do setor, Dr. João Paulo de Bessa Teixeira, o preconceito no buscar pelo exame que rastreia a doença ainda é grande entre os homens e isso pode ser responsável pelo crescente número de novos casos.
“Infelizmente, o preconceito ainda existe. Aqui no Araújo Jorge, cerca de 50% dos pacientes que passam pelo setor só buscaram o médico porque conhecem alguém próximo que descobriu o câncer de próstata. Os outros 50% tiveram sintomas antes de buscar ajuda do especialista”, afirma Teixeira, que também é médico urologista.
Em âmbito nacional, os tipos mais comuns de câncer entre os homens são os cânceres de cólon e reto (9,1%), pulmão (7,9%), estômago (5,9%) e cavidade oral (5,0%). Para a cirurgiã oncológica, Luana Gomes Alves, é importante que os homens mantenham em dia suas consultas e exames de rotina. “É possível diagnosticar o tumor em fase inicial em uma consulta de rotina, por isso a importância de ter esse costume. Nesses casos, a probabilidade de cura chega a 90%”.
A médica alerta ainda para alguns sinais que o corpo pode manifestar. “O homem deve observar os seguintes sinais: sangue no sêmen ou na urina, dificuldade para urinar ou se aumentou a frequência com que ele vai ao banheiro a noite. Mas, vale lembrar que esses sinais, geralmente, não aparecem na fase inicial da doença, por isso a importância dos exames de rotina”.
Incidência da doença no Brasil
Dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade do Ministério da Saúde revelam que de 2019 a 2021 foram mais de 47 mil óbitos em razão deste tipo de tumor. Os números mostram um ligeiro aumento da mortalidade por câncer de próstata em 2021 comparado aos dois anos anteriores.
Em 2019, foram 15.983 óbitos. Em 2020, o País registrou 15.841 óbitos. Já no ano passado, foram registradas 16.055 mortes, o que equivale a 44 óbitos por dia, com maior incidência na região Sudeste no País onde foram registradas 6.829 mortes pela doença.
Outro índice do Ministério da Saúde que mostra o impacto da doença no País é a realização de biópsias, exame solicitado quando o médico desconfia de que há alguma alteração ao analisar os exames iniciais para detecção precoce do câncer de próstata: toque retal e a dosagem de PSA. Em 2020 foram registradas 31.888 biópsias; em 2021, 34.673; e até agosto deste ano, 27.686.
“O que indica a necessidade de biópsia é a alteração nos exames de toque retal e o PSA. E se indicamos uma biópsia, o recomendado, sempre que possível, é que a ressonância magnética preceda a biópsia para uma maior acurácia (exatidão) da mesma”, acrescenta Teixeira.
Testes Genéticos
Umas das ferramentas mais modernas, e que já podemos utilizar no Brasil, são os testes genéticos. “Estes testes vêm sendo utilizados, em conjunto com o PSA, em várias situações do tratamento do CaP. Os Testes Genéticos têm ajudado os Urologistas a definir melhor quem são os pacientes de baixo risco que poderiam ser submetidos à Vigilância Ativa com maior segurança e que seriam tratados somente se houvesse necessidade real”, disse o especialista Fernando Croitor.
Segundo ele, hoje existem vários Testes Genéticos com potencial de mostrar informações relacionadas ao prognóstico do CaP. Estes testes podem eventualmente auxiliar os Urologistas, em situações como:
- Decisão entre Vigilância Ativa, tratamento imediato ou repetir a biópsia;
- Tratar o paciente com radioterapia adjuvante (radioterapia realizada logo após a cirurgia) ou Radioterapia de resgate precoce (realizada somente se a doença reaparecer).
- Auxiliar na discussão de como e quando tratar o CaP com uso de medicamentos hormonais.
- Predizer a probabilidade do paciente morrer de Câncer de próstata em 10 anos.
Antes do advento do PSA, nos anos 1980, apenas 27% dos casos de Câncer de Próstata diagnosticados eram tumores na fase inicial da doença.
Hoje, após o PSA, 97% a 98% dos casos se encaixam nessa classificação e a taxa de metástase no diagnóstico caiu de 15 para 6.6 casos/100 mil casos. “O diagnóstico e o tratamento do Câncer de Próstata estão em constante evolução”, lembrou o especialista.