O Hoje, O Melhor Conteúdo Online e Impresso, Notícias, Goiânia, Goiás Brasil e do Mundo - Skip to main content

sábado, 23 de novembro de 2024
Contas

Bancos públicos devem ser principal recurso para programas sociais

Para tirar o programa Desenrola Brasil do papel, – programa para permitir o retorno ao crédito de milhões de brasileiros endividados – o novo governo terá um trabalho muito árduo pela frente e os bancos públicos terão que atuar em larga escala. Entre os objetivos, focar em microempreendedores individuais (MEIs), apoiar programas sociais (como construção […]

Postado em 8 de novembro de 2022 por Vinicius Marques

Para tirar o programa Desenrola Brasil do papel, – programa para permitir o retorno ao crédito de milhões de brasileiros endividados – o novo governo terá um trabalho muito árduo pela frente e os bancos públicos terão que atuar em larga escala. Entre os objetivos, focar em microempreendedores individuais (MEIs), apoiar programas sociais (como construção de cisternas e cooperativas de catadores), financiar até 3,5 milhões de casas para pessoas de baixa renda e até incentivar a troca de máquinas e equipamentos para reaquecer a indústria estão entre as prioridades que os bancos públicos terão no próximo governo.

Embora não tenham sido indicados até o momento os nomes dos titulares de Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, BNDES, Banco do Nordeste e Banco da Amazônia, a equipe de transição do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) avalia que as instituições terão função relevante a partir de 2023.

Além de garantir uma atuação às vezes mais célere que a máquina estatal, os bancos públicos poderão auxiliar os planos de Lula em um cenário de escassez de recursos públicos. O maior exemplo será o Desenrola Brasil, programa que prevê a renegociação de dívidas garantidas por um fundo com recursos estimados entre R$ 7 bilhões e R$ 18 bilhões — a depender da faixa de renda que será contemplada.

Segundo o economista Everaldo Leite, diminuir a inadimplência é algo sério para a recuperação econômica, uma vez que mais de 63 milhões de brasileiros estão sem capacidade de realizar pequenos e médios investimentos produtivos.

“O PIB não crescerá de forma sustentável com esse nível de inadimplência. A ideia é constituir um programa de negociação via bancos públicos, transferindo dívidas ou quitando dívidas com desconto significativo. Há recursos nos bancos públicos e legalidade para se fazer isso”, argumenta Everaldo.

Ele ainda enfatiza que é necessário valorizar os bancos públicos: “Os bancos públicos precisam ser valorizados justamente por ter também o objetivo de fazer o país se desenvolver. Bancos privados estão voltados somente para o lucro e para seu próprio crescimento empresarial. Atualmente, o país poderia utilizar até mesmo uma parcela pequena de suas reservas, caso fosse necessário”.

Inadimplência tem novo recorde em Outubro

A inadimplência continuou a crescer em outubro e alcançou 30,3% das famílias, novo recorde, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), feita pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). É o quarto mês de alta seguido.

Em setembro, o percentual de famílias brasileiras que estavam com contas em atraso já era recorde: 30%. Em 12 meses, o avanço no indicador chega a 4,6 pontos percentuais (p.p.) — o maior crescimento desde março de 2016.

No quesito endividamento — considerando as pessoas que têm dívidas a pagar, mas não necessariamente em atraso —, 79,2% das famílias pesquisadas relataram ter débitos a vencer (cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal e prestações de carro e de casa).

Neste ponto, a pesquisa apontou uma queda de 0,1 ponto percentual na proporção de endividados em outubro na comparação com setembro, após três altas consecutivas.

Endividamento

O Brasil tem 68,4 milhões de endividados, ou seja, cerca de 32% da população adulta, segundo dados da Serasa Experian. Permitir que esse público volte para o sistema é uma forma de ajudar a recuperar a economia, pois impulsiona a compra de bens e serviços.

A ideia é lançar um programa focado nas famílias mais pobres — o foco pode ser quem ganha até três salários mínimos — e incluir, além de contas de água, luz e outros serviços, redes de varejo e bancos.

Esta foi uma das principais promessas de campanha de Lula, que repetiu o modelo defendido por Ciro Gomes (PDT) em 2018 e também nesta eleição.

O governo Lula dará, ainda, atenção especial aos MEIs. Segundo integrantes da equipe de transição, os microempreendedores individuais serão beneficiados com linhas especiais para expandir ou abrir novos negócios.

Você tem WhatsApp ou Telegram? É só entrar em um dos canais de comunicação do O Hoje para receber, em primeira mão, nossas principais notícias e reportagens. Basta clicar aqui e escolher.
Veja também