Caso Valério Luiz: acusados são interrogados no segundo dia de julgamento
Valério Luiz Filho, que é assistente de acusação no caso do pai, disse que os depoimentos reforçam o envolvimento dos réus no assassinato do radialista
O segundo dia de julgamento dos réus do caso Valério Luiz, assassinado há 10 anos, ouviu o depoimento de três testemunhas consideradas essenciais para a defesa dos réus e a acusação.
Maurício Sampaio e mais quatro acusados estão sendo julgados por júri popular, em Goiânia, que começou na segunda-feira (7) e é realizado na sede do Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO) . No primeiro dia, foram ouvidas cinco testemunhas de acusação, que falaram por aproximadamente 9 horas.
Conforme o TJ-GO, os cinco réus também devem ser ouvidos hoje. Até o fechamento desta reportagem, foram ouvidos Ademá Figueredo Aguiar Filho e Djalma Gomes da Silva.Segundo a defesa de Marcus Vinícius Pereira Xavier, o réu seria interrogado por videoconferência pois mora em Portugal.
Transmissão encerrada
O juiz Lourival Machado pediu a interrupção da transmissão dos interrogatórios dos réus acusados pelo assassinato do radialista Valério Luiz. Conforme o Tribunal de Justiça de Goiás, não é permitido que os acusados acompanhem os depoimentos uns dos outros e, como o réu Marcus Vinícius Pereira Xavier assiste o júri por videoconferência, ele poderia ter acesso ao conteúdo das falas.
O advogado Ricardo Naves, que defende os réus Maurício Sampaio, Urbano, Ademá e Djalma, disse que acredita na inocência dos clientes, que será provada durante o julgamento.
Para Naves, várias pessoas teriam motivação para cometer o crime, uma vez que o radialista “era agressivo e ia no âmago da sensibilidade da pessoa”.
Ricardo ainda afirma que tem elementos que podem “eliminar a possibilidade de envolvimento de qualquer um deles no episódio”, pontuou.
Acusado de mandar matar Valério Luiz, o cartorário Maurício Sampaio disse ao chegar no Tribunal de Justiça de Goiás, nesta terça-feira (8), que é inocente e nunca ameaçou o radialista.
Depoimento do delegado
Na segunda-feira (7), a segunda testemunha do dia foi o delegado Hellynton Carvalho, O advogado Ricardo Naves questionou sobre os dados de sigilos telefônicos enviados à corporação, no que o policial disse depender das informações da operadora.
Segundo ele, estes costumam vir tabulados em planilhas do Excel. O advogado citou ser possível modificar este tipo de arquivo. “Eu nunca manipulei e a política não adultera provas”, respondeu irritado.
O advogado também questionou se algum policial sabia onde morava Urbano de Carvalho, acusado de ser “olheiro” da hora que a vítima deixaria a rádio para o executor. A pergunta foi feita, pois Marcus Vinícius sabia o local da residência e o jurista deu a entender ao delegado que algum policial poderia ter informado isso a ele, visto que Urbano disse que não o conhecia.
“Eu tenho fé pública e nunca forjei documentos para colocar palavras na boca de testemunha”, reforçou o delegado após se irritar com o que considerou uma insinuação.
Registro de Câmeras
Durante a oitiva desta terça-feira (8/11), o jornalista Joel Datena afirmou que seu então segurança, Ademá Figueiredo, acusado de ser o executor de Valério Luiz, teve a iniciativa de pegar registros de câmeras de segurança, para provar a inocência dele.
De acordo com o relato, Figueiredo queria provar que ficou na casa de Joel no momento em que a vítima foi assassinada, em 2012. Pelos autos, sabe-se que as imagens teriam sido adulteradas.
Ele informou que não se lembra como a entrega das gravações ocorreu ou quem solicitou e autorizou a retirada das filmagens.
Valério Luiz Filho
O advogado Valério Luiz Filho, que trabalha como assistente de acusação no caso do pai, Valério Luiz, comentou nesta terça-feira (8) que os relatos das testemunhas durante o júri popular reforçam o envolvimento dos réus no assassinato do radialista.
Para o advogado, um dos depoimentos mais importantes na segunda-feira (7), que foi o 1º dia de julgamento, foi o do delegado Hellyton Carvalho, responsável pelas investigações. No geral, Valério Filho avaliou que o primeiro dia de depoimentos foi bom.
“Ele mostrou toda a dinâmica dos fatos, como o crime foi organizado pelo Urbano e o Djalma, que eram os seguranças do acusado de ser o mandante, o Maurício Sampaio. Mostrou também as ligações entre ele e o Figueiredo, acusado de ser o autor dos disparos. Era o Urbano que estava na porta esperando meu pai para dar ‘o ok’ para o Figueiredo. Isso foi mostrado ali para os jurados”, concluiu Valério.
Testemunhas
Das 24 testemunhas, todas as cinco que foram arroladas pelo Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) já foram ouvidas no primeiro dia.
Ainda precisam ser ouvidas cinco do Maurício Borges Sampaio, cinco do Djalma Gomes da Silva, cinco do Ademá Figueiredo Aguiar Silva e quatro do Urbano de Carvalho Malta. Além disso, os cinco réus também serão ouvidos.
Após os depoimentos, a acusação e a defesa ainda vão apresentar as argumentações finais aos jurados. Essa parte deve demorar aproximadamente 9 horas. A expectativa é de que o tribunal de júri seja concluído nesta quarta-feira, 9.
O Crime
Valério Luiz foi morto a tiros, aos 49 anos, quando saía da rádio em que trabalhava, no dia 5 de julho de 2012. Segundo a denúncia feita pelo Ministério Público, o crime foi motivado pelas críticas constantes de Valério Luiz à diretoria do Atlético Goianiense, da qual Maurício Sampaio, um dos réus, era vice-diretor. Atualmente, ele é membro do Conselho Deliberativo do clube.