Economia trava e número de empresas falidas e em recuperação judicial cresce
No Brasil, foram fechados mais de 600 mil negócios no 2º quadrimestre, 11% a mais que os números do 1º quadrimestre de 2022
Goiás tem registrado recordes no número de empresas que pediram recuperação judicial. Nem no auge da pandemia tantas empresas chegaram a esse momento em que não conseguem mais segurar as contas.
Em agosto foram 2 empresas, mas em setembro, chegou a 22. É uma situação que atingiu o mercado no Brasil de forma geral, enquanto Goiás sente o efeito cascata da crise que começou em 2020 e foi agravada pelo aumento geral dos preços de insumos como alimentos, gás e combustíveis.
Segundo Arthur Bueno, sócio de um grupo especializado em recuperação de empresas, muitos estabelecimentos precisaram negociar dívidas no início da pandemia e começaram a lidar com os vencimentos em 2022. “Os empresários tentaram reverter quadros de dificuldade nos primeiros meses deste ano e aguentaram até o limite, mas se depararam com a súbita alta geral dos preços e a disparada da taxa básica de juros, a Selic. O crédito no Brasil está muito ‘caro’. Se as empresas em dificuldade não conseguem subsídios para se manterem ‘respirando’, acabam precisando passar por um processo de recuperação judicial e se esse processo não for bem executado para tirar o negócio da UTI, a morte fatalmente chega”, diz o especialista.
Apenas ao longo de 2021, mais de 3,6 mil pedidos de recuperação judicial foram concedidos no Brasil, de acordo com a consultoria Serasa Experian.
A Recuperação Judicial é usada por empresas, de todos os tamanhos, para evitar a falência. O processo permite que companhias suspendam ou adiem pagamentos e renegociem dívidas, com o objetivo de se manter em atividades e evitar demissões.
Novas normas nos processos de falência e recuperação judicial são bem recentes e desconhecidas por muitos empresários. A nova “Lei de Falências” entrou em vigor no dia 23 de janeiro de 2021. As mudanças afetam direitos e deveres, tanto de devedores quanto de credores.
O primeiro passo para voltar a respirar
Desenvolver uma política de redução de custos e despesas, além de aumentar a eficiência dos processos para ganho de produtividade, são ações urgentes em empresas que precisam se recuperar. “Muitos empresários nunca sentaram para renegociar financiamentos e não sabem quais são as possibilidades a serem exploradas nesse campo. O mesmo deve ser feito com os fornecedores. Procurar um profissional com experiência nos processos de recuperação e reestruturação empresarial pode ser decisivo nessa hora”, aponta Arthur Bueno.
Dados Brasil
No segundo quadrimestre de 2022, foram fechadas 603.444 empresas no Brasil, representando aumento de 11,0% nos números de fechamento de empresas em relação ao primeiro quadrimestre de 2022, além de crescimento de 23,9% em relação ao segundo quadrimestre de 2021.
Inadimplência das Empresas no Brasil
Em janeiro de 2022 eram 6 milhões de empresas inadimplentes no Brasil, com pelo menos um compromisso vencido e não pago. Em agosto de 2022 (último levantamento) já eram 6,2 milhões de empresas inadimplentes, 200 mil a mais, em oito meses. Já as negativadas chegaram a 44,1 milhões de empresas em agosto, 600 mil a mais que em janeiro deste ano, de acordo com a pesquisa mensal do Serasa.