O presidente da Câmara Municipal de Goiânia, Romário Policarpo (Patriota), tem trabalhado, nos bastidores, para se sustentar na presidência da Casa de Leis. O parlamentar, discreto que é, tem trabalhado pelos bastidores da política goiana a fim de garantir a vigência de uma reeleição antecipada. 

Isso porque recentemente o PROS decidiu contestar a reeleição de Policarpo na Justiça. O processo está em andamento e na última quarta-feira, 16, a Procuradoria Geral do Município (PGM)  decidiu se manifestar na arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF). 

A PGM, vale lembrar, não foi citada na ação, ou seja, se posicionou de maneira voluntária em relação à matéria. O documento foi protocolado junto ao Supremo Tribunal Federal, que avalia a queixa. Em resumo, a PGM defendeu ao Supremo que as decisões contrárias à reeleição devem ser aplicadas à Câmara dos Deputados e ao Senado. Acrescentou, depois, que os municípios devem gozar de autonomia suficiente para definir suas próprias regras locais.

A leitura após a iniciativa é de que a atitude foi tomada como sinal de bandeira branca por parte do paço em relação à Câmara. E que, claro, tem como pano de fundo a articulação do presidente.  “Uma mão lava a outra”, disse, timidamente, uma das fontes consultadas pelo O HOJE. E acrescentou: “o Paço precisa, e continuará precisando da Câmara em matérias importantes. Ainda que não apareça tanto nesse sentido, o Policarpo exerce papel crucial no que diz respeito à articulação com os vereadores”. 

A Câmara Municipal também se manifestou em relação ao processo. Lembrou, por sua vez, que a decisão contrária à reeleição veio depois do presidente já ter sido reeleito. A decisão citada é de novembro do ano passado. A reeleição de Romário, no entanto, ocorreu dois meses antes. 

Em off, muitos avaliam, inclusive, que, por interesses mútuos, a cisão entre os Poderes foi minimizada nos últimos dias. De um lado estaria o presidente em busca de apoio do Executivo, do outro, o prefeito, que precisa, mais do que nunca, apaziguar o clima na Câmara e conta com a ajuda de Policarpo para isso. 

Em um passado não muito distante, vale lembrar, Policarpo e Cruz gravaram vídeo juntos em sinal de pacificação e harmonia entre os Poderes. “Estou aqui com o vereador Romário Policarpo e temos uma novidade para você. Hoje Goiânia merece uma atenção especial. Por isso estamos aqui juntos para dizer a todos vocês goianienses e amigos, meus e do Policarpo, que sempre estaremos juntos para cuidar da nossa cidade”, disse o prefeito que, em seguida, passou a palavra ao vereador. 

Policarpo, por sua vez, endossou: “Quero dizer a vocês que estaremos juntos nessa empreitada e em qualquer lugar que o senhor desejar que eu esteja. Estou aqui para servir a prefeitura de Goiânia como servidor público efetivo. Confio na sua gestão e estaremos juntos até o final para que Goiânia tenha a melhor gestão possível. Eu confio e acredito que o prefeito Rogério Cruz fará a melhor gestão da história da nossa cidade. Conte conosco”.

Para além da costura com integrantes da gestão municipal, conforme mostrado pelo jornal O Popular, o presidente da Casa de Leis articula a participação dos partidos MDB e PSB na ação. A intenção é ampliar as chances de se manter na cadeira ou, ao menos, manter aliados na mesa ou comissões. Na semana passada, ainda de acordo com a reportagem, Policarpo esteve com Daniel Vilela, presidente do MDB em Goiás, para tratar do assunto. 

Em agosto deste ano, movimento parecido buscou afastar o patriota da presidência. No entanto, o Supremo, por meio do ministro André Mendonça, negou a reclamação constitucional que contestava a recondução de Policarpo de maneira antecipada. O ministro argumentou que as decisões recentes da Corte não se referem à Câmara Municipal e determinou, ainda, arquivamento da ação proposta pelo vereador Lucas Kitão (PSD).