Lissauer se despede da Alego politicamente enfraquecido
Presidente do Legislativo caminha para o fim do mandato sem ascensão política e rachado com o governo
O presidente da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), Lissauer Vieira (PSD) caminha para o encerramento de seu segundo mandato como presidente do Legislativo. Desde o princípio, era visto como uma grande promessa para a política goiana. A começar por ter derrubado o candidato do governo, Álvaro Guimarães (UB), em sua primeira disputa à presidência da Casa.
De lá pra cá, se mostrou um gigante. O perfil moderador figura entre as principais virtudes apontadas pelos colegas. Lissauer, enquanto presidente, mostrou resultados. Ajudou o governo na aprovação de matérias importantes para a economia goiana e tirou do papel uma promessa antiga: a entrega da nova sede do Legislativo.
Tantos feitos levaram Lissauer, sua equipe e seus devotos a sonharem mais alto. A poucos meses da eleição, o parlamentar era visto, nos corredores, como “federal eleito”. Tinha, de fato, chances reais de bater eleição e figurar em cenário nacional como um dos grandes representantes do agronegócio.
Mas não foi bem assim. Lissauer recuou de seu projeto à Câmara dos Deputados e resolveu mergulhar na disputa pela única vaga ao Senado. Transferiu as bases e seguiu firme no propósito de concorrer com o apoio do governo à casa alta, o que não aconteceu Diante da sinalização mais do que clara de que não seria o ‘candidato oficial’, se viu obrigado a recuar, mas era tarde demais.
Com o apoio já declarado na disputa pela Câmara, acabou ficando fora da disputa. Com isso, Lissauer perdeu a cadeira de deputado e o sonho de se tornar senador por Goiás ao mesmo tempo. Vale lembrar que antes de tudo isso ocorrer, Vieira chegou a ser cotado, inclusive, para a vice do governo, até que o convite antecipado do governador a Daniel Vilela colocou uma pedra sobre as especulações.
Mais tarde, o nome do presidente voltou a ser cotado para a vaga de conselheiro no Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), o que também não prosperou. Agora, no encerramento de seu mandato, Lissauer tinha tudo para se manter ao lado do governador e figurar, pelos próximos anos, ao menos como um importante articulador dentro do governo ou, quem sabe, como secretário.
Acontece que uma nova pedra no sapato abalou a relação do parlamentar com o governo. O imbróglio passa pela aprovação da taxação — ou contribuição, como prefere chamar a base — do agronegócio. Um clima tenso pairou sobre o Legislativo com a chegada da matéria. Representante nato do setor, Lissauer foi um dos primeiros a se posicionar contrário a matéria proposta pelo governador Ronaldo Caiado. Mais uma vez, saiu prejudicado. Tratando-se de política, todos sabem, a corda costuma arrebentar para o lado mais frágil.
O espaço político de Lissauer pelos próximos anos segue incerto. Resta, agora, se apegar aos resultados do trabalho dos últimos anos, bem como se dedicar profundamente à reconstrução de seu projeto político, caso queira continuar na vida pública.
Questionado sobre os planos para o futuro em entrevista recente à TV Alego, assegurou que a ideia é se dedicar completamente aos projetos pessoais. “Por uma decisão pessoal e familiar eu fiquei de fora da disputa. Saio com a cabeça erguida, certo de ter ajudado a população goiana e de ter ajudado na recuperação fiscal do Estado”, afirmou.