A cidade aos pés da Serra do Orobó
A cidade de Ruy Barbosa, emoldurada pelas remanescentes da Mata Atlântica, apresenta uma comunidade de sorriso alegre de quem sabe que a vida leve é melhor de ser vivida
Caros amigos viajantes, hoje o Essência te leva em uma viagem surpreendente, mas vou logo avisando: se você não é adepto do ecoturismo, da vida sossegada e dos esportes radicais, esse guia turístico não é para você. Aos pés da Serra do Orobó na Bahia, a cidade de Ruy Barbosa tem muita história para contar. O destino entrega experiências enriquecedoras, paisagens deslumbrantes e um resgate histórico do Brasil. Estão prontos para conhecer um lugar de tantas faces, muitos encantos, boa gente, de natureza vasta e costumes ricos?
Parte da Chapada Diamantina, o município de Ruy Barbosa vai te surpreender. Apesar de pouco conhecida pelo grande público, a cidade é um lugar histórico que abrange uma vasta natureza, marcada pelos campos verdejantes da Serra do Orobó. Serra esta, que é motivo de orgulho para os moradores, já que além de emoldurar a paisagem local, é o ponto turístico mais procurado da região. A área abriga remanescentes de floresta da Mata Atlântica e inúmeras nascentes e uma das melhores rampas de voo livre do Brasil.
As belas paisagens proporcionam aos visitantes um excelente local para o ecoturismo. O topo da serra está a mais de mil metros de altitude, pode ser alcançado através de caminhos ou trilhas de onde se tem uma bela vista panorâmica de Ruy Barbosa. Mas o turismo local vai além, as feiras livres e a carne de sol, que levou a cultura local para o resto do País, também são atrações entre os visitantes. As expressões culturais fazem parte da história em meio a uma simplicidade tão rica que a torna grandiosa.
Um pedaço especial da Bahia, ela guarda a comunidade simples e apaixonante desse paraíso. Da janela, o costume de observar a vida que passa tornou-se rotina, o bate papo informal na porta da venda transforma o cenário e segue atravessando gerações. Cores, ruas de pedras e arvores enfeitam a paisagem urbana. O tempo passou, transformações aconteceram, mas o sossego e tranquilidade permaneceram. Isso é um fator decisivo para que a população da terceira idade da cidade tenha muita qualidade de vida.
O programa ‘Viajando pela Bahia’, disponível nos canais youtube.com/tvebahia e youtube.com/MatheusBoaSorte, passou por Ruy Barbosa e apresentou um pouco mais desses encantos e dessas pessoas que fazem do lugar mais especial. Nessa expedição, o apresentador Matheus Boa Sorte conversou com os moradores José Cardoso e Dona Emília Almeida, que contam histórias bem humoradas da cultura popular da região e apresentam seus ofícios. Ela com seus fuxicos de tecido e ele com suas bainhas de couro.
Do sorriso alegre de quem sabe que a vida leve é melhor de ser vivida, das mãos habilidosas de quem tanto já viu e aprendeu com os anos que se passaram, os dois antigos moradores da região continuam investindo em uma arte que é plural, típica e muito representativa. Pouco importa se a matéria prima é o couro ou o tecido, eles revelam que o mais valioso é saber que quando se tricota as vivencias se eternizam muitas memórias. Até aqui já é nítido que a cidade tem muito a oferecer naqueles que se dispõem a imergir na experiência.
O historiador Leonardo Santos conta um pouco mais sobre os pontos turísticos Morro das Flores e o Recanto da Chapada, importantes na história do destino. Ele lembra a importância que o Recanto da Chapada exerce na conservação e preservação de história e memórias desse pedaço de Bahia. São muitos detalhes que merecem ser vistos e o mais evidente é a relação saudável com a natureza. Conservação potencializada no ambiente com árvores como jatobá, jequitibá, e muitas espécies raras preservadas.
Outro ponto importante que Leonardo destaca sobre a cidade é a valorização da vida na roça, plantar seus próprios alimentos, o ouvir dos pássaros, a criação de galinhas e a paz da vida no interior. Parte de seu objetivo, além de levar Ruy Barbosa para o mundo, é retomada da vivência no campo e o plantio de ervas medicinais, buscando o bem estar e qualidade de vida. Assim como ele, a comunidade se propôs a manter as tradições dos antepassados e a cultura tem sido passada de gerações.
O turismo cresce
O crescimento do turismo na região se deu também pela observação de pássaros. Já que lá é possível ver de perto espécies raras e algumas ameaçadas de extinção. Com a câmera na mão, binóculo e o silêncio, quem faz esse tipo de expedição consegue ter experiências muito especiais. E quem quiser viver um momento mais íntimo de conexão com o Recanto da Chapada, uma opção é a área de camping. Uma oportunidade ímpar de viver a experiência de estar em contato direto com a natureza. De dormir e de acordar na companhia das paisagens de Orobó.
O espaço é realmente um lugar para quem ama o ecoturismo e uma vida baseada em sossego. É um lugar para se desconectar de fato, já que não tem sinal de internet e nem de telefone. E não pense você que o turismo local acaba por aqui. Um de seus destaques, disponível para todos gratuitamente, é o riquíssimo acervo do Museu de Artes e Ofícios de Orobó. São itens dos mais diversos, alguns de extrema raridade e que ajudam a contar um pouco da história dessa relevante comunidade.
“O que nos motivou a criar esse acervo foi a necessidade que sentimos de resgatar as tradições, costumes e a cultura de nossos antepassados. Inspirados pelo preservacionismo da construção de identidade do nosso povo da vila do Orobó, é que reunimos objetos de decoração, instrumentos de labor, mobiliário, e tantos outros, que contam a história do povo da Chapada Diamantina”, Leonardo. Quem chega a Ruy Barbosa é recepcionado pela paisagem bonita e com muita naturalidade ganha o coração de quem vê. Sejam felizes experimentando o simples e surpreenda-se!