Despedida de um pedaço da história da TV brasileira
Rompendo paradigmas e com personagens marcantes, Pedro Paulo sempre foi um ator vanguardista e comprometido com sua arte
Já iniciamos dizendo que é com muito pesar que nos despedimos de uma referência da TV brasileira, o ator Pedro Paulo Rangel. Ele construiu uma carreira sólida como ator que não será esquecida, já que se mistura com a história das telenovelas. Sua morte foi anunciada nesta quarta-feira e mais do que merecidamente, o artista recebeu diversas homenagens. Com uma salva de palmas e uma série de depoimentos, o programa ‘Encontro’ dedicou sua edição ao ator. Além de Patrícia Poeta e Manoel Soares, Vanessa Gerbelli, Du Moscovis, Suely Franco, Lula, Walcyr Carrasco, Ana Maria, entre outros, relembraram a personalidade que deixará saudades.
Para muitos brasileiros, o personagem que eternizou Pedro Paulo Rangel, ou Pepê, como era chamado pelos amigos, na história da televisão brasileira foi o Calixto, de ‘O Cravo e a Rosa’, reprisada recentemente pela TV Globo. Com falas marcantes e jeito cativante, o personagem chamava atenção. No entanto, a carreira do artista contou com outros momentos marcantes. Na novela ‘Gabriela’, de 1975, o ator foi responsável por eternizar o primeiro nu masculino da história da televisão brasileira. Se trata do personagem Juca, que ao se envolver com a personagem Chiquinha, foram expulsos sem roupas no meio da rua.
Sempre rompendo paradigmas e pronto para colocar a arte acima de qualquer barreira que a sociedade da época impunha, Pedro Paulo sempre foi um ator vanguardista. Outro momento importante se deu quando o artista interpretou um dos primeiros personagens LGBT na história da televisão brasileira. Se trata da novela ‘Pedra sob Pedra’, na qual ele viveu o personagem Adamastor, este que trazia nova perspectiva para as telenovelas. O artista teve mais de 50 anos de carreira, e brilhou em outras novelas, como ‘A Indomada’ e ‘Vale Tudo’. Já no teatro, o destaque se deu na peça ‘Roda Viva’.
Relembre sua carreira
Nascido no Rio de Janeiro em 29 de junho de 1948, Pedro Paulo Marques Rangel era morador do Rio Comprido, na Zona Norte da cidade, quando teve o primeiro contato com o teatro, aos 11 anos. Fascinado com a descoberta, decidiu ser ator. Foi nessa época que escreveu uma peça para que pudesse atuar: ‘Quando os Pais Entram de Férias’. Ainda na infância, integrou o elenco da peça infantil ‘O Bruxo e a Rainha’, onde conheceu o ator Marco Nanini. Mais tarde, os dois estudaram juntos no Conservatório Nacional de Teatro, hoje a escola de teatro da UNIRIO. Teve sua primeira experiência no teatro na peça ‘Roda Viva’, de Chico Buarque, dirigida por Zé Celso.
Na época, atuou ainda em uma montagem de ‘Romeu e Julieta’ dirigida por Jô Soares. Em 1969 estreou na televisão pela TV Tupi, na novela ‘Super Plá’. Em 1972, estreou na TV Globo na novela ‘Bicho do Mato’. Três anos depois, estrelou ‘Gabriela’. Ainda em 1975, ganhou seu primeiro papel principal na novela ‘O Noviço’, que teve apenas 20 episódios. Na época, atuou ainda em ‘A Patota’, com o amigo Nanini, ‘Saramandaia’ e ‘O Pulo do Gato’. Em 1979, teve uma nova e breve passagem pela Tupi. Pedro Paulo retornou à TV Globo em 1981, atuando por anos em alguns programas humorísticos.
Em 1988, voltou de vez às novelas com ‘Vale Tudo’. Nos anos seguintes, interpretou personagens marcantes, como Adamastor em ‘Pedra Sobre Pedra’ (1992), o Calixto de ‘O Cravo e a Rosa’ (2000) e Argemiro Falcão, irmão da vilã Bia Falcão, em ‘Belíssima’ (2005). Entre outras obras de destaque estão as novelas ‘Torre de Babel’, ‘Desejo Proibido’, ‘Amor Eterno Amor’ e as minisséries ‘A Muralha’, ‘O Quinto dos Infernos’ e ‘O Dentista Mascarado’. Pedro Paulo também se dedicou ao teatro, que lhe rendeu diversos prêmios, e ao cinema. Seu último papel foi o de bibliotecário da Imperatriz Leopoldina na série ‘Independências’ (2022), da TV Cultura.
Pedro Paulo Rangel também se destacou no humor e após várias peças de teatro e alguns filmes durante a década de 70 e o início dos anos 80, como ‘Menino do Rio’ (1982), Pedro Paulo voltou a trabalhar na TV Globo. Convidado por Jô Soares, o ator participou de esquetes no programa humorístico ‘Viva o Gordo’ (1982). O resultado agradou e ele foi convidado para integrar o elenco da segunda temporada de ‘TV Pirata’ (1988). Outros papéis marcaram sua carreira no humor como os personagens que interpretou nas séries ‘A Diarista’, ‘Os Aspones’ e ‘Sob Nova Direção’.