Desde março de 2022, a prefeitura de Goiânia em parceria com o governo do estado, através da Companhia de Saneamento e Abastecimento de Goiás, (Saneago) iniciou duas obras de ampliação do sistema de abastecimento de água de Goiânia. Só que esse serviço tem gerado dor de cabeça e transtornos aos moradores da região leste de Goiânia, principalmente do setor Universitário, Negrão de Lima e Vila Nova.

Comerciante há mais de 20 anos, seu Abreu Souza Martins, 54, disse que as ruas do bairro dele tinham sido recapeadas no início do ano passado, e em menos de 6 meses, diversos cortes no asfalto para implementação do novo sistema de distribuição da água, acabaram gerando transtornos e abrindo erosões e buracos por conta do grande fluxo de veículos.

“Depois do serviço, a 9ª avenida e a rua 231 ficaram com a pavimentação irregular. Aquele tapete asfáltico que a gente teve o prazer de transitar após o recapeamento, hoje está cheio de ondulações, trepidações e com as correntezas das chuvas, essa massa que eles passaram por cima está se deteriorando e abrindo vários buracos. É um risco para o pedestre e principalmente para os motociclistas”, conta Abreu.

Executadas pela Companhia de Saneamento de Goiás S/A (Saneago), as obras beneficiam mais de 1 milhão de moradores e somam R$ 68 milhões em investimentos. “Todos sabem que saneamento básico é um direito constitucional e, esse serviço é tratado como prioridade. Queremos que Goiânia avance ao cuidar das pessoas”, destacou o prefeito de Goiânia, Rogério Cruz.

As ruas 225, 235 e 227-A, no setor leste universitário encontram-se com os mesmos problemas. Além disso, a rotatória de acesso à Avenida Universitária e da rua 256 foi fechada pela Saneago para passar parte da tubulação. A empresária Suzana Miranda Silva, 39, reflete que todas essas vias foram simplesmente cavucadas, mal estruturadas e ainda tem atrapalhado o tráfego no setor.

“Fiquei vários dias usando o desvio para sair da avenida universitária enquanto a obra era feira, e após liberarem, o asfalto está com péssimas condições de tráfego. O serviço de ampliação da distribuição de água pode até beneficiar mais moradores da cidade, porém a prefeitura está acabando com a pouca infraestrutura que melhoraram recentemente, e deixando a população com os remendos asfálticos de novo”, argumentou a moradora.

Dona Margarida Araújo da Silva tem costume de dar uma volta pelo bairro todas as tardes, e disse que desde o início dessa obra, a rua da casa virou um lamaçal. “Eles vão furando esses buracos, interditam uma parte do nosso tráfego e ainda sujam nossas portas. Toda essa sujeira entra pra dentro de casa também. Mas o problema maior são os buracos mal tapados, que depois abrem e ficam acumulando água da chuva e gerando mais barro”, conta a aposentada. 

Motoristas que transitam pelas vias da região leste afirmam que o trânsito virou um labirinto, e que com tantos desvios e ruas esburacadas, é difícil não cair em uma das valas ou aumentar o caminho para escapar das ruas interditadas. “Quem não é habituado a passar por aqui fica completamente perdido com tanto desvio, e de uma hora pra outra viramos na esquina e nos deparamos com as máquinas trabalhando e as redes de proteção fechando a rua”, comenta o motorista de aplicativo, Célio Lima.

“Sempre tomo muito cuidado com os objetos ou pacotes que levo na bolsa, mas as vezes pra não cair dentro dos buracos é preciso desviar e fazer uma manobra rápida, e a encomenda vai se remexendo e chega toda revirada no cliente. O certo é eles recuperarem todas as avenidas e ruas onde o estrago foi feito ”, argumentou o entregador de lanches de uma sanduicheria, Levi Mais Rezende.

Sistema de Abastecimento de Água de Goiânia

“De início, mais de 500 mil goianienses serão beneficiados, e com o linhão ligando Goiânia e Aparecida, esse número sobe para 1 milhão de pessoas, o que significa mais pessoas atendidas com água tratada”, disse Rogério Cruz, ao frisar que a Saneago se mostra parceira do município, com trabalho volumoso.

Segundo ele, essa parceria com a Saneago e Governo de Goiás para ampliar o acesso à água tratada “representa mais dignidade e saúde aos goianienses”. Ele destaca que as obras serão realizadas no Setor Negrão de Lima, trecho da adutora da Etag até o Senac, no Setor Universitário, e no trecho do Senac até o Centro de Reservação Leste (Celg).

O governador Ronaldo Caiado destaca que a obra amplia a capacidade de distribuição de água do Sistema João Leite em mais 700 litros por segundo. “Uma obra de relevância ímpar para a capital”, afirma. Caiado também falou sobre a parceria entre a Saneago e Prefeitura de Goiânia.

“Essa parceria deu musculatura e estrutura à Saneago, que está retribuindo com obras volumosas e importantes para o abastecimento de toda a comunidade da capital e de Aparecida de Goiânia”, pontua.

Presidente da Saneago, Ricardo Soavinski explicou que, por ser uma obra complexa, “à medida que os trechos são finalizados, eles já entram em funcionalidade, trazendo melhorias ao sistema e à população”. Segundo avalia,essas obras representam regularidade e qualidade na oferta de água à população que já é atendida, além de levar água tratada a bairros mais carentes que hoje são atendidos por poços. Isso significa mais conforto, dignidade às pessoas e propicia, ainda, o crescimento da cidade”, assegura.