Mercado de seminovos deve reaquecer só em julho de 2023
Estima-se projeção semelhante ao patamar do ano passado na venda de carros novos
O mercado de veículos seminovos têm uma grande expectativa para o aumento das vendas, mas somente para o meio do ano que vem. A explicação vem do vendedor Kleber Alves que trabalha na Capital. A opinião de Kleber coincide com o cálculo de Tereza Fernandez, economista e sócia da TF Consultoria: “a aproximação do final do primeiro semestre pode ser a melhor oportunidade para aquisição desses veículos”. Além disso, ela afirma que não há estimativa de crescimento na venda de carros novos neste ano.
Entre 2020 e 2021, a pandemia de Covid-19 se mostrou um desafio para o mercado automobilístico, uma vez que a escassez de peças e a interrupção da produtividade industrial diminuíram a oferta de carros novos no mercado. “Dessa forma, começaram a fabricar carros mais caros, de tal sorte que, mesmo vendendo uma quantidade menor, você conseguia manter a rentabilidade”, explica Fernandez.
A economista ainda acrescenta que, gradativamente, a conjuntura de alta nos preços de veículos novos regularizou-se somente no final do ano passado, no último trimestre – quando a oferta de peças para o setor foi normalizada. Como consequência, a demanda por carros usados tornou-se comum em 2020 e seguiu até o penúltimo trimestre de 2022.
Vendas
Dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) evidenciam o cenário pandêmico: em 2020, a proporção foi de 5 carros usados vendidos para cada 1 veículo novo comercializado no Brasil. Em 2021, houve alta: 6 carros usados vendidos para cada 1 veículo comercializado.
Além disso, a Fenabrave verificou, por meio de dados da Secretaria Nacional de Trânsito (SENATRAN), um aumento de 21% nas transações de automóveis e comerciais leves usados em dezembro e o total acumulado – ou seja, o total de veículos comercializados ao longo do último ano – de mais de 10,2 milhões de unidades. “Em 2022, houve um ajuste de mercado, mas ainda em um bom patamar de transações”, declarou Andreta Jr, presidente da Fenabrave.
Por outro lado, o vendedor Kleber Alves avalia que o número de vendas de seminovos apresentou “queda brusca” durante a crise sanitária de Covid-19. Em Goiás, no ano de 2022, mais de 1800 automóveis foram vendidos em dezembro – houve aumento de em relação ao mês de novembro –, ao passo que o total acumulado foi superior a 21.400 unidades, aponta a Federação.
Expectativas
Tereza Fernandez ainda explica que, devido à lucratividade do setor de automóveis com a alçada dos preços de carros novos na pandemia, “tem espaço para não subir preços”. No entanto, dado o cenário de inflação em 2023 – algo em torno de 6%, segundo a economista –, que pode incidir sobre o preço de commodities importantes para o setor – ferro e plástico, por exemplo – os preços podem aumentar.
Dicas
Além de avaliar as condições do veículo – a lataria, aspectos da mecânica e documentação –, a especialista adverte que é importante realizar uma ampla busca antes de adquirir um seminovo. “Talvez você consiga diferenciar o mesmo modelo, o mesmo carro do mesmo ano e com preços distintos em várias em várias lojas. Realmente pode ser uma oportunidade interessante, mas vai exigir muita pesquisa”, enfatiza.
Aumento da frota
A frota de veículos em Goiás aumentou 3,5% no ano passado em comparação com 2020. Dados apresentados pelo Departamento Estadual de Trânsito (Detran-GO) mostram que o número de veículos saltou de 4,17 milhões para 4,23 milhões. Se levar em conta os últimos seis anos, o crescimento foi de 20,6%.
Segundo dados do Fórum de Mobilidade, a aquisição de veículos tem sido feita por pessoas com renda mensal entre R$2 mil e R$ 4 mil.