Governadora do DF, Celina Leão diz que Ibaneis sabia do risco de sabotagem ao nomear Torres
“Talvez a boa-fé do governador o tenha colocado nessa situação, por não acreditar que poderia ser sabotado, mesmo tendo sido alertado por diversas pessoas”
Governadora em exercício do Distrito Federal, a goiana Celina Leão (PP) disse que o gestor afastado Ibaneis Rocha (MDB) foi avisado do risco de sabotagem ao nomear o ex-ministro Anderson Torres para a Secretaria de Segurança. A fala foi dada ao Jornal O Globo.
Questionada se ele errou ao nomeá-lo, ela respondeu: “Talvez a boa-fé do governador o tenha colocado nessa situação, por não acreditar que poderia ser sabotado, mesmo tendo sido alertado por diversas pessoas. Ele quis nomeá-lo, apesar do pedido formal do PT para evitar. Ele (Ibaneis) dizia que Anderson havia sido secretário antes e que não houve problema.”
Ela, que também é bolsonarista, acredita, de fato, que houve “sabotagem” no esquema de segurança do dia 8 de janeiro, quando a sede dos três Poderes foram vandalizadas em Brasília. “A minha opinião sempre foi que (a nomeação de Torres) causaria problemas tanto para ele (Ibaneis) quanto a Anderson. Mas eu não imaginava que aconteceria o que aconteceu.”
Já sobre a proximidade com Bolsonaro (PL), Celina Leão diz que não teve mais contato com ele ou com a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, com quem viajou o País durante a campanha. “Quantos governadores são da base de Bolsonaro? A maioria. Esse tipo de acusação: ‘Ah, foi eleita na base do Bolsonaro’… Qual é a importância disso? A minha base eleitoral aqui é a do Bolsonaro, a direita. Isso se chama democracia. O que não é democracia é a invasão dos Poderes. Qual é o problema de ter feito a campanha com a Michelle? Nenhum.”
Porém, para a governadora em exercício, se o ex-presidente tivesse uma fala firme após as eleições, não haveria esse cenário atual. Ela acredita que ele temia falar e perder os apoiadores, mas avalia que este prejuízo ainda seria menor que o de agora.
“É um momento delicado para todo mundo, inclusive para o ex-presidente. Talvez ele faça uma reflexão de alguns momentos graves que nós vivemos no Brasil, em que não houve diálogo nem temperança, que isso afetou esse momento que estamos vivendo”, finaliza ao O Globo.