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sábado, 23 de novembro de 2024
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Decisão

Goiânia como elo para decisão de Lula em demitir comandante do Exército

Comandante foi substituído pelo general Tomás Miguel Ribeiro Paiva

Postado em 23 de janeiro de 2023 por Felipe Cardoso
Goiânia como elo para decisão de Lula em demitir comandante do Exército
Comandante foi substituído pelo general Tomás Miguel Ribeiro Paiva. | Foto: Antonio Cruz / ABR

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), decidiu, no último sábado (21/1), demitir o comandante do Exército, nomeado pelo próprio presidente na virada do ano, general Júlio César Arruda. 

Arruda foi substituído pelo general Tomás Miguel Ribeiro Paiva, ou apenas general Paiva, como é conhecido. A decisão foi oficializada em publicação no Diário Oficial da União e anunciada pelo ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, que se reuniu com o presidente na tarde de sábado.

Desde o anúncio tem sido especulado os motivos que levaram Lula a afastar o general que se manteve pouco tempo no cargo. O jornalista Igor Gadelha, do Metrópoles, no entanto, ajudou a esclarecer esse cenário, demonstrando que Goiânia pode figurar como um importante elemento na decisão presidencial. 

Isso porque Arruda foi o responsável por designar o tenente-coronel Mauro Cid para o comando do 1º Batalhão de Ações e Comando de Goiânia. Cid, no entanto, é suspeito de ter operado uma espécie de caixa 2 no governo Bolsonaro. Ele era uma figura próxima ao ex-presidente, uma espécie de ajudante de ordens.

As denúncias apontam Cid como responsável pelo pagamento, dentre outras coisas, de despesas pessoais do ex-presidente, sua esposa, Michelle Bolsonaro, membros da família e até de amigos próximos. 

Como se não bastasse, a coluna ainda mostrou que Lula, assim que as suspeitas vieram à tona, mandou exonerar Cid do cargo que ocupava em Goiânia, o que o general Júlio Cesar Arruda se recusou a fazer e, com isso, terminou demitido. A situação foi “a gota-dágua” segundo o portal de notícias da UOL.

O batalhão em questão, vale lembrar, é especializado em anulação de ameaças urbanas e detém forte armamento. A leitura é que aos olhos do governo federal, ter no comando alguém com tamanho alinhamento ao ex-presidente representa uma ameaça e inviabiliza a permanência. O grupamento militar comandado por Cid na Capital está localizado no Jardim Guanabara. 

O que diz o ex-presidente

Ao Metrópoles, Bolsonaro disse que “nunca foram feitos saques do cartão corporativo pessoal” e enviou dez páginas de extratos do cartão corporativo em nome de Cid, onde não aparecem movimentações.

Bolsonaro ainda acrescentou que todas as despesas administradas por ajudantes de ordem somavam aproximadamente R$ 12 mil por mês e que os pagamentos eram feitos com dinheiro oriundos “exclusivamente” de sua conta pessoal.

Sobre Michelle utilizar o cartão de crédito de uma amiga, Bolsonaro afirmou que ela fazia isso pois não tinha limite disponível. “A primeira-dama utilizou o cartão adicional de uma amiga de longa data. A utilização se deu porque a Michelle não possuía limites de créditos disponíveis. A última utilização foi em julho de 2021, cuja fatura resultou em quatrocentos e oito reais e três centavos”, pontuou. 

Novo comando 

Após a exoneração de Arruda, o então comandante militar do Sudoeste, Tomás Miguel Ribeiro Paiva, foi quem assumiu a direção do Exército. Em seu primeiro posicionamento, Paiva disse que continuará trabalhando para garantir a democracia. 

E completou: “democracia pressupõe liberdade e garantias individuais e públicas. E é o regime do povo, de alternância de poder. É o voto. E, quando a gente vota, tem de respeitar o resultado da urna”. 

Pela primeira vez, o mais alto comando do Exército falou sobre os atentados de 8 de janeiro registrados em Brasília e que culminaram na invasão e depredação do Palácio do Planalto, Supremo Tribunal Federal e Congresso. Ele tratou a situação como um “terremoto”. 

Esse terremoto, segundo ele, é movido pelo ambiente virtual, que não tem freio. “Todo nós somos hoje hiperinfomados. Para excesso de informação só tem um remédio: mais informação. É se informar com qualidade e buscar fontes fidedignas”, avaliou.

O militar considerou, ainda, que a intolerância tem nos atacado. “Esse terremoto não está matando gente, mas está tentando matar a nossa coesão, a nossa hierarquia e a nossa disciplina, o nosso profissionalismo e o orgulho que a gente tem de vestir essa farda. E não vai conseguir”.

Depois, acrescentou: “em que pese o turbilhão, o terremoto, o tsunami, nós vamos continuar íntegros, coesos e respeitosos e vamos continuar garantindo a nossa democracia, porque a democracia pressupõe liberdade e garantias individuais e públicas”, ressaltou.

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