Ato da Confederação Israelita do Brasil recorda holocausto
Historiadora avalia que esta data retoma a discussão de direitos humanos e crimes contra a humanidade
A Confederação Israelita do Brasil (CONIB) promoveu, na sexta-feira (27), uma cerimônia pelo Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, no Memorial às Vítimas do Holocausto do Rio de Janeiro. O ato contou com a presença de autoridades políticas, religiosas, sobreviventes do nazismo e representantes diplomáticos.
O dia 27 de janeiro remonta quando as tropas aliadas libertaram o campo de concentração em Auschwitz, na Polônia, um dos grandes símbolos do Holocausto, em 1945. “Este evento representa um momento de recordação de um dos mais vergonhosos capítulos da história da humanidade”, observa Claudio Lottenberg, presidente da CONIB.
Para Yoetz Serafim, presidente da Comunidade Judá Sefarad de Goiás, essa data “é um dia de relembrar as dores e os momentos de terror que os judeus que moravam na Europa passaram”. A historiadora Sabrina Braga também enfatiza a importância do evento a fim de refletir sobre a promoção dos direitos humanos.
O Holocausto
Segundo Sabrina, a realidade de extermínio dos judeus vai além dos campos de concentração. “No leste europeu, cidades inteiras de judeus foram atacadas pela ação dos Einsatzgruppen – responsáveis por execuções em massa a tiros – e, com o tempo, foi-se vendo que isso não era prático e que, realmente, podiam matar essas pessoas sem que ninguém fizesse nada a respeito”, explica.
A historiadora acrescenta que o nazismo buscou justificativas raciais – ou seja, da superioridade do europeu (ariano) sobre os semitas, denominação que abrange os judeus – e “naturalmente, não faz o menor sentido, mas buscou respaldo científico”. Além disso, “os judeus não eram as únicas vítimas, qualquer minoria poderia ser perseguida: testemunhas de jeová, homossexuais, ciganos e, também, negros”, observa.
Memória
Sabrina Braga também enfatiza a tentativa de ocultar a morte de judeus durante a Segunda Guerra: “o holocausto é um evento que vem acompanhado da sua negação e essa é uma questão muito importante”. Ela também comenta que esse extermínio foi responsável por gerar debates acerca da garantia de direitos humanos e a discussão do genocídio – isto é, o assassinato de um povo.
Para a especialista, essa é uma oportunidade de pensar a respeito dos crimes contra a humanidade, uma vez que o extermínio de etnias não é um caso restrito aos judeus. No Brasil, “existe quem vai falar que os Yanomamis nem existem e, no holocausto, essa negação vem junto com o evento, era um plano”, complementa.
De acordo com Yoetz, “é um dia muito triste, mas é um dia em que nós lutamos para que isso não ocorra mais no mundo. É esta a nossa intenção: estar relembrando os nossos mortos”. O Presidente da Comunidade Judá de Goiás prossegue ao dizer que os judeus eram “pessoas que tinham sua vida comum, trabalhavam e tinham os seus projetos, como nós temos aqui”.