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domingo, 22 de dezembro de 2024
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Apesar das diferenças

Em parceria republicana, Caiado quer “convergir” com Lula

Governador de Goiás esteve com presidente na última semana e recebeu elogios do petista

Postado em 30 de janeiro de 2023 por Francisco Costa
Em parceria republicana
Governador de Goiás esteve com presidente na última semana e recebeu elogios do petista. | Foto: Secom

O governador Ronaldo Caiado (União Brasil) é opositor histórico do PT, sobretudo, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Desde 1989, quando disputou a presidência, o goiano tecia críticas ao petista e ao próprio Partido dos Trabalhadores. Mas como “governo não faz oposição ao governo”, como dizem fontes palacianas, a intenção do gestor estadual é de “convergir” com o governo federal, e não competir, como o próprio disse na última sexta (27), durante encontro do chefe do Executivo do País com os 27 estaduais. 

É de conhecimento comum que Caiado foi deputado federal por inúmeros mandatos. Se elegeu senador em 2015 e deixou o cargo em 2019, quando assumiu o governo de Goiás. Durante esse período, não poupou críticas ao PT. Em entrevista ao El País, em 2016, época do impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), ele relembrou falas da eleição de 1989 e fez acusações ao partido. 

“Num debate que tive com o ex-presidente [Luiz Inácio] Lula, em 1989, eu disse: Se um dia vocês chegarem ao poder, o país passará pelo maior desastre político-administrativo de sua história. Já fiz essa previsão. Nunca tive dúvida de que eles caminhariam para esse lado. De que poderia resultar em um impeachment. A formação deles, do PT, é a de corrupção do sindicato do ABC Paulista. É um grupo que entende muito de fazer pressão, chantagem. Sabe fazer a prática de um banditismo dentro de uma formalidade sindical. Quando chegaram ao poder, não fizeram diferente. Essa ação foi continuada pela Dilma. Não estou dizendo que ela cometeu esse tipo de crime. Ela diz que é honesta. Mas ela foi conivente com essa prática que foi implantada com a chegada do PT ao Governo. Não estou dizendo que o PT inventou a corrupção, mas com ele a corrupção tomou proporções inimagináveis.”

O momento, claro, é outro e, hoje, o goiano também ocupa um cargo do Executivo – e não mais do Legislativo. Durante o encontro dos 27 governadores com Lula, ele criticou questionamentos ao resultado das eleições, ressaltou que a eleição passou e afirmou que o momento é “de todos trabalharem juntos”. Disse, ainda, que a democracia “está fortalecida”. 

O presidente, por sua vez, agradeceu Caiado diretamente. Ele afirmou que o gestor foi o “primeiro governador a mobilizar as forças de segurança” nos atos golpistas de 8 de janeiro. Inclusive, ordenando o bloqueio de ônibus que transportavam bolsonaristas radicais nas divisas entre Goiás e o Distrito Federal. 

Além disso, Caiado ofereceu a estrutura de saúde goiana para o povo Yanomami. Também falou em “romper o ciclo da pobreza” e declarou que, ao fim do mandato dele e de Lula, pretende comemorar com o petista o número pessoas que se emanciparam de programas sociais. 

O governador, de fato, sinaliza uma relação republicana desde o término do segundo turno, com a vitória de Lula sobre Bolsonaro (PL) – nome que ele apoiou. Na noite do dia 30 de outubro, ele escreveu no Twitter que “venceu o desejo soberano do povo brasileiro”.

“Venceu o desejo soberano do povo brasileiro! Faço política com respeito à democracia. Parabenizo o presidente Lula e, como Governador de Goiás, continuarei trabalhando por parcerias para a melhoria da qualidade de vida dos goianos e apoiando o Brasil a superar desafios”, diz toda a mensagem.

O goiano é experiente. O tom republicano é necessário. O Estado não pode e não deve ser isolado. E a pujança, proporcionada por um bom relacionamento, é vitrine. 

Presidência

A postura de Caiado, contudo, não deve inviabilizar planos para 2026. A principal opção deve ser o Senado, mas a presidência está no radar. Não por acaso, avaliam analistas políticos, o vice-governador Daniel Vilela (MDB) tem sido elo com o governo federal em diversos momentos. 

Nos bastidores, a informação é que o distanciamento – mesmo que quebrado nesta última semana no encontro e com elogios trocados –, mantém a coerência de Caiado: quer o bom relacionamento com o governo Lula, mas está pronto para representar a direita em 2026, em eventual disputa presidencial. 

Claro, é cedo para dizer. O retorno ao Senado segue, possivelmente, como principal opção. O gestor, todavia, busca o equilíbrio fiscal para mostrar um Estado pujante, de vitrine, para ganhar mais destaque nacionalmente. Prova disso é o polêmico projeto de taxação do agronegócio. 

Como mencionado, Caiado participou da primeira eleição direta para presidente do Brasil, em 1989. Foi deputado, senador, governador. Durante a pandemia da Covid-19, o médico ganhou destaque com a postura firme e foi opositor a Bolsonaro, que se portava de forma negacionista.

Além dele, outros nomes da direita, como dos governadores de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), devem tentar chegar ao Planalto. Eles tentarão conseguir ocupar o vácuo deixado por Bolsonaro (PL) – que, neste momento, ainda não está descartado na disputa, apesar de responder a processos que podem gerar inelegibilidade.

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