Quem foi Maria Bonita, a mulher mais famosa do cangaço?
Foi em 1938 que Maria de Déa passou a ser chamada de Maria Bonita
Maria Bonita sempre é lembrada como a primeira mulher a entrar para o cangaço e por ter sido casada com o cangaceiro mais famoso da história. Porém, sua história não se limita à participação no grupo de Lampião. Ela sempre mostrou ser uma pessoa interessada em satisfazer suas próprias vontades, era engraçada e optou pelo cangaço a ter que viver com um homem que a traía.
Maria de Déa
Maria Gomes de Oliveira nasceu no dia 17 de janeiro de 1910, no município de Malhada da Caiçara (atualmente Paulo Afonso). Foi a segunda dos 12 filhos do casal José Filipe Gomes de Oliveira e Maria Joaquina Conceição de Oliveira — conhecida como Dona Déa, onde surgiu o apelido da filha.
Durante muito tempo, o dia 8 de março de 1911 foi atribuída ao nascimento de Maria de Déa. A data, que coincidia com o Dia Internacional da Mulher, só foi corrigida em 2011, quando o sociólogo Voldi Ribeiro encontoru a certidão de nascimento de Maria.
Aos 15 anos, ela se casou com seu primo, o sapateiro Zé de Neném. O casamento foi conturbado desde o início. Zé era uma homem que se tornava bastante agressivo quando bebia. Além disso, Zé de Neném parecia ser incapaz de satisfazer sexualmente a esposa, além de ser infiel.
Maria não se deixava intimidar pelo jeito de Zé. Sempre abandonava o marido e voltava a morar com os pais. Além disso, ela também ia para as festas da cidade e dançava forró com vários homens — há indícios que ela possuía um amante. Essas atitudes ajudaram a construir a imagem de uma mulher à frente do seu tempo.
Ela conheceu Lampião em um desses períodos que passou com os pais. Na época, Virgulino Ferreira da Silva já era um cangaceiro bastante conhecido. Maria viu nele a possibilidade de abandonar a vida infeliz e viver uma aventura ao lado de um bandido nacionalmente popular. E assim, os dois começaram a namorar em 1929.
Transição para Maria Bonita
1930 é o ano em que Maria entra oficialmente para o cangaço. Além de ter sido a primeira, ela foi uma das poucas mulheres a fazer isso por vontade própria. Na maioria dos casos, os cangaceiros sequestravam garotas, menores de idade, estupravam elas e as forçavam a seguir no grupo.
Em 1931 nasceu Expedita, a primeira e única filha do casal. A criança foi entregue para uma pessoa de confiança de Lampião, já que não era permitido (e nem comum), a presença de crianças no cangaço. As mulheres no cangaço, assim como na cidade, também serviam aos seus maridos. Quando havia suspeita de traição, elas eram assassinadas. Cristina, uma das cangaceiras do grupo de Lampião, foi acusada de ter um caso com outro homem do grupo. Ela foi morta e Maria Bonita foi uma das que apoiou que isso acontecesse.
Além disso, Maria Bonita foi uma das poucas mulheres cangaceiras que sabia atirar. O papel da mulher não envolvia cometer os crimes. Este foi um dos motivos que fez com que elas fossem apagadas da história do cangaço por muito tempo — as exceções foram para Maria Bonita e Dadá.
A história de Maria Bonita no Cangaço durou menos de uma década. No dia 28 de julho de 1938, 11 cangaceiros foram assassinados por policiais em uma emboscada. Maria Bonita e Lampião estavam entre os mortos. Eles tiveram suas cabeças decepadas e expostas ao público em Maceió. Foi nesse momento que Maria de Déa passou a ser chamada de Maria Bonita, apelido dado pelo próprio policial que a matou.