Ano eleitoral: denúncias de xenofobia na internet aumentam 874% em 2022
Se consideradas todas as categorias de denúncias de crimes de ódio na web, a alta também foi expressiva: 67,7%
As denúncias de xenofobia na internet aumentaram 874% em 2022 quando comparadas ao ano anterior. Os dados são da Central Nacional de Denúncias da Safernet e apontam para uma escalada dos casos de discurso de ódio no Brasil, principalmente em anos eleitorais. Se consideradas todas as categorias de denúncias de crimes de ódio na web, a alta também foi expressiva: 67,7%.
Os responsáveis pela pesquisa consideram uma relação direta entre o crescimento no número de crimes de ódio e os últimos anos de eleição, uma vez que essa tendência se repetiu em 2018 e 2020.
“Anos eleitorais são bastante movimentados, inclusive com a participação pela internet. Isso colabora com o aumento das denúncias, e também devido à aparição, desde 2018, de figuras que questionavam os direitos humanos”, afirma o gerente de projetos da ONG, Guilherme Alves.
Os motivos para a alta nas denúncias de xenofobia são diversos, dado que o aumento chegou próximo de 900%. Porém, ele ressalta que, em grande parte, esse número foi alavancado por ofensas xenofóbicas especificamente contra nordestinos.
“Passar fome é pouco. Sobre os nordestinos, eles merecem a situação precária que têm!”. Essa foi uma frase feita por uma empresária paulista, publicada em suas redes sociais durante as eleições do ano passado, e revela o ambiente de ódio instaurado no país.
Leia também: crimes de ódio cresceram até 650% na internet no primeiro semestre de 2022
Mais denúncias
Entre os dez crimes avaliados pela Safernet, o único que registrou queda foi o de neonazismo.
A redução foi expressiva — de 81,6% —, mas não quer dizer, porém, que represente uma mudança positiva, segundo o estudo.
Isso porque a análise feita pelos pesquisadores é de que os grupos extremistas migraram para ambientes fechados, como fóruns da deep web e aplicativos de trocas de mensagens.
“Não necessariamente diminuiu o número de células neonazistas. Podem ter migrado a locais menos acessíveis. É um caso a ser melhor estudado pelas autoridades de investigação”, afirma Guilherme Alves.