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terça-feira, 24 de dezembro de 2024
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Fipronil

Criadores de abelhas comemoram suspensão de agrotóxico pelo Ibama

Produtores e comerciantes agrônomos tem até 90 dias para a tirar produtos de venda

Postado em 4 de janeiro de 2024 por João Reynol
Fipronil

Fipronil é um nome pouco conhecido pela população em geral. Mas é um nome complicado para as pessoas do setor da apicultura e que pode trazer prejuízos quando aplicado de forma incorreta. Isso porque o nome se trata de um ingrediente ativo muito comum em agrotóxicos e inseticidas e podem colocar em risco a vida de insetos polinizadores como abelhas, vespas, borboletas e mariposas. Usado como pulverizador foliar do setor da agropecuária, ou seja, diretamente nas folhas e longe do contato direto com o solo.

Para se ter uma noção, o composto já era restringido por lei em Goiás desde maio de 2023 para não ser usado em plantações com a presença de apicultores nos arredores pelos prejuízos à criação. Só em Goiás, foram produzidas mais de 350 mil toneladas de mel, sendo o estado o 18º maior produtor do alimento. Com isso, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) seguiu com a sua própria suspensão da indicação do fipronil sob os mesmos riscos de saúde dos insetos polinizadores. 

O órgão afirmou por nota que a suspensão já está valendo desde esta quarta-feira (03) com prazo de adaptação de 90 dias para a retirada da substância na pulverização tanto aérea como total da substância, por motivo de “direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado”. Além disso, a entidade alerta para o uso de uma etiqueta de advertência caso o composto tenha presença no agrotóxico. “Este produto é tóxico às abelhas. A aplicação aérea não é permitida. A pulverização foliar ou aplicações em área total, não é permitida”, diz o Ibama.

Além disso, foi afirmado que após o prazo irá se iniciar a fiscalização dos produtores que fazem uso do agrotóxico à base de fipronil bem como a indenização pelo descumprimento da medida ambiental. “O descumprimento dessas determinações constitui crime ambiental, sujeito a penalidades cabíveis e sem prejuízo de outras responsabilidades”, diz o órgão.

Para Wedson, apicultor do município de Posse, a suspensão é muito bem vinda para os seus colegas, apesar de seu município não ter área de lavoura. “Já temos muitos casos e relatos de morte de abelhas por fipronil ao redor do país, até estudos divulgados relacionando os dois. Aqui não temos lavouras, apenas na Bahia que é ao nosso lado, mas de qualquer forma é uma coisa boa”, fala o produtor rural.

Em julho de 2023, uma aplicação errônea de agrotóxicos à base de fipronil matou mais de 100 milhões de abelhas em um dia no município de Sorriso, no estado do Mato Grosso. O produtor rural que fez a aplicação pagou uma multa de R$ 225 mil para o Instituto de Defesa Agropecuária no estado de origem após as abelhas terem traços do composto tóxico. 

Para o apicultor Alcione Pedroso, de 67 anos, também é uma boa medida para a proteção das abelhas devido a alta mortalidade com o fipronil. “Essa é uma excelente ideia para algo que deve realmente ser controlado. Para você ver, a gente perde uma colmeia inteira se uma abelha levar um pouco de fipronil que pegou de um flor para a rainha porque ela morre e não faz mais ovos. O mesmo ocorre com as formigas se forem atingidas e o território fica anos sem ser utilizado por elas”.

Segundo ele, muitos apicultores tiveram perdas no estado, como no município de Vianópolis. Segundo ele, já são usadas outras alternativas em outros estados sem a prejudicação dos insetos. “É muito comum ver pessoas usarem o roundup nas lavouras de soja no Mato Grosso, e fica lucrativo porque elas não afetam elas e podem pegar o néctar da soja e fazem muito mais mel. Aqui no estado a gente tem muitos casos de mortes de abelhas em Vianópolis por causa do fipronil”.

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