Internação ‘salva’ Caiado de constrangimento com ato que lembra 8 de janeiro
Governador vai passar por procedimento de exames para saber situação de cirurgia cardíaca enquanto Lula relembra ato golpista em Brasília no dia 8 de janeiro
A narrativa dos atos terroristas do dia 8 de janeiro ganha mais um contorno ideológico este ano diante da expectativa para a disputa eleitoral de 2026. Enquanto Lula e a ala mais à esquerda da política brasileira querem relembrar o ato golpista, a ala mais à direita quer distância do “evento”. Principalmente governadores que, por enquanto, vislumbram o Palácio do Planalto.
Muitos dos quais já adiantaram que não vão participar do ato, como o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), que tem buscado visibilidade com discurso – ainda mais – conservador. Caiado vai internar-se a partir do dia 6 de janeiro para um check-up do primeiro ano de sua cirurgia cardíaca, que fez em dezembro de 2022 no Hospital Vila Nova Star, em São Paulo.
Antes de o governo Lula enviar convites aos governadores, no entanto, aqueles ligados à oposição usaram subterfúgios para escaparem de qualquer relação com o ato. Alegaram férias ou motivos pessoais.
Outro governador que afirmou não comparecer é o mandatário de São Paulo, Tarcisio de Freitas. Freitas afirmou à CNN que ele vai estar em viagem a Europa durante o 8 de janeiro.
Romeu Zema, governador de Minas Gerais, está de férias e sua presença é incerta, conforme a assessoria de imprensa do governo estadual. Ele teria que interromper o recesso, mas ainda não há decisão sobre o assunto.
Os governadores do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, e do Paraná, Ratinho Junior, ainda não confirmaram se vão participar. O governador de Santa Catarina, Jorginho de Mello, um dos mais próximos a Jair Bolsonaro, também não deve estar presente.
O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, que chegou a ser investigado pelos ataques golpistas, já havia informado que não compareceria.
Tarcisio de Freitas tem sido criticado por eleitores – agora seguidores do ex-presidente – Bolsonaro por posar ao lado de Lula, como no lançamento do PAC. Indispensável, costumam dizer lideranças ligadas ao governador que foi ministro de Bolsonaro já que o estado de São Paulo tem se beneficiado do PAC com obras.
Vale lembrar que estes governadores citados são costumeiramente vistos como nomes à direita para contrapor à agenda lulopetista, de esquerda e progressista no pleito de 2026. Entre eles, Ronaldo Caiado. O motivo inclusive de, todos, não quererem nem um pouco associação às críticas ao ato de 8 de janeiro por ser considerado, pela militância bolsonarista, a ação que, além de ter sido a mais desajustada, que mais os deixou vulneráveis.
O presidente Lula convocou os ministros para estarem em Brasília no dia 8 de janeiro, para um ato alusivo aos ataques golpistas que resultaram na invasão e depredação das sedes dos três poderes. A convocação ocorreu na quarta-feira (20), durante a última reunião ministerial convocada por Lula antes do recesso do final de ano.
“Nós estamos tentando convocar um ato que vai ser convocado por mim, pelo presidente da Suprema Corte, pelo presidente do Senado e pelo presidente da Câmara”, disse Lula durante reunião dele no Palácio do Planalto.
Lá estava o ministro da Justiça, Flávio Dino , que, após ser indicado por Lula para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF), já teve o nome aprovado pelo Senado. Flávio Dino, que atuou na linha de frente de identificação e punição aos responsáveis pela invasão à sede dos três poderes, tomou posse na Suprema Corte justamente no dia 8 de janeiro.