Variação de calor e tempestades afetam saúde respiratória da população
Alergias, vírus e bactérias se proliferam rapidamente com junção de ‘falso frio’ e calor
Nas últimas semanas os goianos têm vivido constantes variações climáticas, e as tempestades ganham destaque não apenas por sua imponência, mas também por seu papel de mudar a saúde respiratória da população. Esse aumento de temperatura global tem sido associado a um aumento na frequência e intensidade de tempestades, o que gera um ambiente propício para o surgimento e agravamento de doenças respiratórias.
A pequena Yasmin Campos Silva, de 11 anos, é uma das que sempre adoece com as mudanças drásticas do calor para o tempo úmido e chuvoso. Ela que tem bronquite e asma vive usando a famosa bombinha, mesmo assim as crises alérgicas pioram o quadro de saúde. “Basta a respiração ficar mais ofegante, ou nariz obstruído que eu trago automaticamente no pronto socorro. A umidade e o calor afetam muito o sistema respiratório dela”, conta Márcia Lima Campos, mãe da criança.
Pedro Lucas Lima, 9 anos, e Victor Lima, 4 anos, também sofrem com as alergias neste período, mas a Ludmila, mãe dos pequenos, limpa frequentemente a poeira e utiliza produtos para evitar o mofo em casa. “O pediatra dos meninos já passa xarope e antialérgico para que eles sofram menos. Fora isso, o clima mudou e eu já preparo o aerossol para que eles façam as aspirações antes de dormir”, explica a dona de casa.
Estudos recentes têm mostrado que essas mudanças climáticas são ideais para a proliferação de agentes patogênicos, como vírus e fungos, que podem desencadear doenças respiratórias. Na visão de Marcelo Daher, médico infectologista, essa combinação de chuva e calor favorece a proliferação de insetos, como o Aedes Aegypti, famoso transmissor da dengue.
“Estamos tendo uma maior amplitude térmica, com umidade relativa do ar boa (>50%), no geral isso não favorece doenças respiratórias, mas favorece proliferação de insetos e principalmente o mosquito da dengue. Mas além disso, as pessoas com maior sensibilidade respiratória podem incômodos temporais”, pontuou o especialista.
Segundo o infectologista Rafael Carvalho Júnior, o grande problema é que essa baixa habilidade de temperatura propicia muitas infecções, principalmente infecções virais que afetam o nariz, a garganta e também podem dar até pneumonias virais. “Os vírus mais frequentes são o vírus influenza, A e B, e o vírus da COVID. Além disso, as infecções bacterianas de garganta, principalmente faringite, sinusite e até pneumonia bacteriana podem acontecer nessa época”, destacou o infectologista.
O especialista destacou que o melhor método de proteção e a imunização por meio das vacinas, mas apesar delas, uma rotina de bons cuidados com o organismo é essencial. “Manter uma hidratação adequada ajuda a imunidade. Se a pessoa tiver um umidificador é interessante usá-lo à noite. Ter uma boa alimentação e fazer atividade física também é importante. Outra coisa é evitar locais muito aglomerados, fechados onde uma pessoa pode estar gripada”, lembrou.
Fatores como genética, exposição ao tabagismo e produtos químicos também influenciam no surgimento dessas doenças. Órgãos respiratórios, nariz, garganta, brônquios e pulmões, são afetados, causando sintomas como irritação, inflamação, coriza e dificuldade para respirar. Uma das recomendações para evitar a propagação dessas doenças é que as crianças não frequentem a escola, se estiverem doentes.
“A incidência de doença respiratória apresenta padrão sazonal, como de costume, com picos bem demarcados onde apresenta alta importante no número dos atendimentos médicos, não tendo relação com a pandemia da covid-19”, explica o infectologista. Segundo ele, os principais geradores desses problemas são os vírus do tipo sincicial respiratório (VSR), influenza A e B, Parainfluenza e Adenovírus. Juntos, esses vírus são responsáveis por cerca de 50 a 90% dos casos em crianças.
“Também é importante higienizar as mãos regularmente com água e sabão ou álcool em gel, evitar o contato próximo com pessoas doentes e manter os ambientes bem ventilados. A vacinação também desempenha um papel importante na prevenção, especialmente contra a pneumonia”, destacou Marcelo ao lembrar da necessidade de atualizar a caderneta de vacinação.
Como não há um tratamento específico para as viroses, a prevenção e a observação do quadro gripal em crianças são fundamentais para manter o controle. Enquanto o verão e o outono já tiveram índices elevados de síndromes respiratórias, Rafael alerta para a preocupação com o inverno, pois aglomerações no período de frio aumentam a predisposição a infecções respiratórias.
Para evitar o quadro, a pneumologista recomenda cuidados preventivos, que envolvem aspectos “desde a vacinação regular das crianças, o incentivo ao aleitamento materno, medidas para evitar desnutrição e cuidados higiênicos, como lavar as mãos com freqüência e o uso de máscara em adultos resfriados”.
Dicas para prevenir infecções respiratórias em crianças
- Aumente a frequência da oferta de água para maior hidratação do corpo;
- Aumente a frequência da amamentação;
- Evite aglomerações e ambientes fechados, onde há maior propagação de vírus e bactérias;
- Mantenha os ambientes ventilados;
- Higienize as mãos da criança com água e sabão;
- Evite contato com pessoas que apresentem sintomas respiratórios;
- Não compartilhe objetos de uso pessoal, como talheres, pratos e copos.
Fonte: SES-GO