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quinta-feira, 26 de dezembro de 2024
Funcionalidade

Espaços pequenos, mas funcionais!

Dificuldade em decorar não ocorre só em ambientes com pouco espaço ou mal projetados

Postado em 29 de janeiro de 2024 por Letícia Leite
Dificuldade em decorar não ocorre só em ambientes com pouco espaço ou mal projetados | Foto: Divulgação

Espaço, ele não pode ser escasso e nem em excesso. Em síntese, o grande desafio de arquitetos e designers de interiores é sempre esse: pensar os ambientes para que eles sejam funcionais e ao mesmo tempo visualmente harmonizados, remetendo sempre ao bem-estar de quem irá usá-los. Nesse sentido, planejar a decoração de um apartamento, seja ele compacto, médio ou de grandes metragens, guarda certa dificuldade devido às limitações impostas ao projeto estrutural do prédio. 

Para a arquiteta Adriana Mundim, valorizar os espaços, seja utilizando móveis, revestimentos e itens decorativos de maneira harmoniosa, é uma das instigantes tarefas de um profissional da arquitetura. Ela lembra que a maioria das pessoas acham que a dificuldade em se decorar ocorre só quando temos pouco espaço, mas Mundim destaca que muito espaço mal aproveitado pode ser um problema. Num de seus mais recentes projetos, a arquiteta lança mão de vários artifícios para quem deseja ampliar visualmente os espaços, gerando equilíbrio e fluidez ao local, deixando o apartamento, como ela diz, ‘bem resolvido’. 

Em um espaço de 120 metros quadrados, Adriana diz que consegue levar o decorado uma impressão de amplitude que é sentida em apartamentos com tamanhos bem maiores. A integração entre sala de estar, varanda, sala de jantar e cozinha conversam sutilmente com toda a ornamentação nestes ambientes, atendendo às propostas de amplitude visual e funcionalidade, e ao mesmo tempo de acolhimento. Para isso, Mundim utiliza itens decorativos e mobiliário mais diluídos em suas formas e disposição, interrupção dos elementos de forma suave. ou seja, sem trocas bruscas de cores ou texturas, mantendo a harmonia e uma fluidez na visão do visitante;  menos pontos de atenção, menos elementos geométricos muito expressivos ou com pontas, e menos elementos com aspereza, tipo pedras brutas, que devem ser usadas com cuidado.  

Segundo a arquiteta, uma das principais estratégias usadas neste recente projeto é fixar os pontos de atenção para onde o olhar das pessoas está indo e criar uma linha de visão limpa e fluída. “Tiramos todas as barreiras possíveis para que o usuário não tenha a visão interrompida, trabalhamos com menos contrastes de cores, ou seja, investimos mais nos tons monocromáticos das paredes e revestimentos, com pequenas variações”, explica ela. 

No projeto do decorado, a arquiteta aplicou cores mais suaves em toda a área integrada que envolve a cozinha, a sala de estar e a de jantar, e o destaque ficou por conta do verde que fica na varanda. E por falar em verde, a cor está presente em outros ambientes, como no quarto do menino, e conversa com outros tons, mas sem causar quebra da visão. “É como se o olhar deslizasse de forma tranquila. Para isso usei tons areia e a madeira mais clara, que é outra coisa importante, pois ela amplia visualmente os espaços e as escuras acolhem mais, contudo diminuem visualmente”, explica. 

Uma dica da arquiteta é investir em texturas dos elementos diferentes, com tons parecidos, uma combinação de madeira nos armários com pedras ao fundo. Como exemplo ela sugere o que fez na cozinha do decorado, onde usou na parede de fundo das bancadas e da cristaleira uma pedra natural verde acinzentada clara, a Hijau, que reforça a sensação de natureza junto à madeira dos armários, realçada pela iluminação. “Com essa composição, quebramos a visão urbana que os apartamentos costumam ter, para que as pessoas se sintam como em casa convencional. Por isso, na varanda, aproximamos o usuário da vegetação e dos tons verdes, fazendo uma clara relação com o quintal de uma casa”, revela. Outro ponto em que o verde aparece de forma suave na parede é no lavabo, que é composto por uma pia com revestimento de pedra em tons terrosos, acompanhado o tom da marcenaria, e o carpaccio de pedra verde aparece para trazer harmonia e aconchego ao ambiente, na parede ao fundo. 

No decorado, Adriana Mundim conta que optou por contrastar os tons claros de  madeira dos armários na cozinha, com as cores mais escuras (verde e cinza) dos utensílios (cooktop, forno, geladeira), e tudo valorizado pela transparência da cristaleira do armário e uma iluminação suave e indireta no ambiente.

Na sala de estar um revestimento de parede em tecido fendi e um sofá com a suave textura do linho, com tons coordenados entre si, geram sintonia. Ainda no espaço de estar e sala de jantar a presença de uma adega inteligente na parede ganha destaque, com funcionalidade e o charme da composição em madeira que é valorizada por uma iluminação indireta.

Belo e funcional

O projeto do decorado assinado por Adriana Mundim em seu ‘apartamento bem resolvido’ conta com fluidez e funcionalidade também na área íntima. No hall de circulação entre as três suítes, a arquiteta investiu na instalação de um roupeiro e de um espaço para home office, o que facilita a vida do morador. 

A suíte do casal conta com a mesma proposta, mas com o closet separado do espaço de dormir por um camarim, estrategicamente instalado para facilitar o acesso aos itens de uso pessoal, mas sem obstruir a visão e a boa circulação. “Com a proporção certa, podemos trabalhar com móveis que fazem esse papel de dividir ambientes, mas ele precisa ser pensado para agradar e não incomodar, preservando sempre a boa circulação, por isso mesmo, evitamos móveis com tamanho desproporcional, com pontas, com cores que promovam muito contraste no ambiente”, detalha a arquiteta.

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