Especialistas ambientais comemoram o novo Plano Diretor de Arborização Urbana
Pouco mais de 20 árvores são classificadas como proibidas para o plantio em vias em novo documento
A cidade de Goiânia é reconhecida mundialmente como a segunda capital mais verde do mundo por densidade populacional, ou seja, são mais de 950 mil árvores que formam o ecossistema composto por centenas de espécies distribuídas nas ruas e parques públicos da cidade. A fim de proteger este legado, o novo Plano Diretor de Arborização Urbana (PDAU) foi aprovado pela Prefeitura de Goiânia no fim de 2023 e entra em vigor em conjunto com o novo Código de Postura.
Contudo, apesar do renome da Capital, parte desse ecossistema é perdido todos os anos por ações do poder público como a retirada de árvores, os fatores ambientais como os fortes temporais registrados na cidade, bem como de ações irregulares de pessoas como o corte, o envenenamento e a queimada.
Para se ter um exemplo disso, no ano de 2023 a Capital perdeu dois exemplares centenários de gameleiras nos bairros da Vila Pedroso e Vila Nova, sendo que restam pouco menos de 20 dos 50 que existiam antes da construção da cidade. As duas árvores foram retiradas pela Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) com o aval da Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma), após uma ter sido considerada de risco a um supermercado no Setor Vila Pedroso e a outra por ter sido vítima de um envenenamento no Setor Vila Nova.
A fim de prevenir essa perda de árvores, as mudanças previstas no PDAU foram para melhor balancear a arborização com a urbanização, tendo em vista o avanço imobiliário da cidade. Como diz o presidente da Agência Goiana Municipal do Meio Ambiente (Amma), Luiz Alves em nota, o objetivo é conciliar as três partes da sociedade para melhor manter o legado ambiental da Capital. “O principal intuito é manter a arborização em equilíbrio com mobiliários urbanos e a população, visando o aumento de plantio e manutenção de espécies e espécimes adequados para a cidade”, pontua o titular.
Com isso, parte do pacote de 12 novas leis do PDAU prevêem mudanças na burocratização das leis bem como alterações de leis antigas. De acordo com o Engenheiro Florestal Rodrigo Carlos para a reportagem do O HOJE, tais mudanças são boas para o municípios podendo fazer com que haja melhor preservação e plantio de novas espécies. “O plano diretor é uma vitória para Goiânia porque não tivemos no passado claras medidas ambientais para o que plantar e o que não plantar”.
Além disso, o novo planejamento tornou obrigatório o plantio de árvores em calçadas públicas da cidade que estão em frente a lotes de propriedades privadas de tanto como novos aos antigos edifícios. O plantio em si deverá ser feito pelo proprietário que receberá uma recomendação do que plantar, qual altura deve ser a árvore, qual espessura da copa. Também faz parte da lei proibições do plantio de espécies dentro do município por poderem oferecer risco à população.
Como Rodrigo fala, as pessoas que irão fazer o plantio de espécies proibidas em vias públicas podem estar sujeitas a multa de R$ 200 por árvore plantada ou metro quadrado pelo descumprimento da lei. Entre as 22 árvores na “lista negra” da Amma, são destaques as espécies frutíferas como mangueiras, jaqueiras, coqueiros, abacateiro, devido aos frutos grandes e escorregadios. Já as plantas gameleiras, sete-copas e flamboyant ficam proibidas no plantio devido a degradação da infraestrutura pública pelas raízes grossas e protuberantes.
Nesses casos, uma equipe da Amma pode ser acionada através do Disque Árvores para fazer um laudo técnico a fim de averiguar possíveis sinais de que possa cair ou que a planta está degradando algum imóvel ou infraestrutura.
Para isso, o novo plano fez a retirada dessas árvores de risco mais “acessível” para a população, apesar do potencial aumento de desmatamento, elas podem vir a ser um perigo para a infraestrutura pública e os imóveis particulares. Segundo o Engenheiro Ambiental, Gabriel Rocha, pode haver uma pequena diminuição na quantidade de árvores que já estão plantadas na Capital.
“Num futuro próximo podemos ter uma diminuição nas árvores da cidade, porém existem muitas árvores que foram plantadas sem o conhecimento da sua espécie e como crescem em um ambiente urbano, portanto não deveriam estar lá como alguns flamboyant perto de ruas e calçadas”, diz o engenheiro.
Entretanto, apesar das melhorias terem sido mais claras no plantio, as plantas nativas do cerrado podem não oferecer uma melhora no equilíbrio climático da cidade se comparado a outras árvores não nativas. Como diz Gabriel, as árvores nativas perdem as folhas na época da seca e podem prejudicar a população com o aquecimento das ilhas de calor nestes períodos do ano.
Segundo ele, essas plantas deixam a população desamparada na época do calor sem as sombras para ajudá-los. “As árvores do cerrado são muito variadas em sua forma, mas em sua grande maioria perdem as folhas na estiagem para conservar energia e não ter perda de água. Então certas podem não ver muita diferença na temperatura por conta deste plantio”, diz o especialista.