Em busca de Pedro Lucas, polícia desvenda homicídio macabro de adolescente
Restos mortais foram enviados para exame de DNA sob suspeita de serem de criança. Resultado, contudo, constatou que ossada era de adolescente desaparecido em Rio Verde
Ossada, que era apontada como sendo do menino Pedro Lucas, desaparecido desde novembro do ano passado, é, na verdade, do adolescente Francisco Carlos Silva Mendes, de 16 anos, que também estava desaparecido em Rio Verde. A informação foi apurada com exclusividade pelo jornal O Hoje na tarde desta segunda-feira (5).
Quando a ossada foi encontrada em 8 de janeiro deste ano, a suspeita era que se tratava de Pedro Lucas, porém após perícia foi relatado que os restos mortais pertenciam a Francisco que também estava desaparecido na cidade desde 23 de janeiro.
Após investigações, descobriu-se que o adolescente foi morto por dois irmãos, após suspeitas de que ele havia furtado drogas da dupla. Parte dos ossos foi encontrada no dia 8 de janeiro dentro de uma bolsa feminina, que, segundo apurou-se, pertencia à esposa de um dos acusados.
Francisco e seu irmão mais velho, haviam sido expulsos de casa pelo pai, por problemas com o uso de drogas, neste período os irmão tiveram que morar na rua. O irmão do adolescente decidiu retornar ao convívio com o pai.
Recentemente, Francisco também decidiu retornar à casa do pai com o objetivo de voltar a morar lá. Porém, durante esse intervalo, o adolescente desapareceu. Como era comum o menor passar dias fora de casa, o sumiço não levantou suspeitas, então o pai não procurou a delegacia para registrá-lo. No entanto, o irmão mais velho de Francisco entrou em contato com a mãe e informou sobre o desaparecimento do adolescente.
Assim que soube do sumiço do filho, a mãe, que é natural do Amazonas, prontamente se dirigiu a Rio Verde com o objetivo de informar o desaparecimento às autoridades. No dia 19 de dezembro, ela registrou um boletim de ocorrência.
O delegado Adelson Candeo relata os detalhes cruéis que levaram ao assassinato de Francisco. Ao descobrirem que o jovem havia furtado as drogas, os acusados o agrediram e o levaram até uma área de mata, onde fizeram com que ele cavasse sua própria cova e o mataram em seguida, utilizando pedras e a própria pá que haviam entregado a Francisco Carlos.
Alguns dias depois, os autores teriam retornado até o local, desenterrado o corpo do menor e incendiado a fim de adiantar a decomposição e para dificultar a localização posterior, quebraram os ossos da vítima misturam com ossos de animais e os separaram, nas proximidades da Fazenda Cambaúbas.
Fizemos a apreensão dessa camiseta, mas não encontramos mais outras coisas.
Um dos irmãos, suspeito da prática criminosa, foi submetido a um interrogatório. O segundo suspeito tem um histórico de pelo menos quatro detenções por tráfico de drogas e uma série de registros por crimes contra o patrimônio, como roubos, furtos e receptação, entre outros delitos desse tipo. “Por enquanto, só um deles foi ouvido. E a gente acredita que seja um partícipe. Que não seja exatamente o autor do crime.” afirmou o delegado.
De acordo com o delegado, encontrar as demais partes do corpo do adolescente é improvável. Isso ocorre devido às diversas buscas já realizadas no local, inclusive com o auxílio de cães farejadores. Os acusados, ao espalharem os pedaços de ossos e também os quebrarem, dificultaram a perícia, uma vez que os fragmentos encontrados eram extremamente pequenos.
Exame de DNA encaminhado ao Grupo de Investigação de Homicídios no último dia 2 de Fevereiro de 2024, confirmou que a ossada encontrada em janeiro, no córrego Abóboras, era do menor Francisco Carlos Silva Mendes.
“Não deve ser encontrado”, diz delegado sobre o corpo de Pedro Lucas
Por ter sido identificada como sendo do adolescente Francisco Carlos, de 16 anos, a ossada encontrada às margens do Rio Abóbora, em Rio Verde, não é do menino Pedro Lucas, de seis anos, que está desaparecido na cidade desde o dia 1° de novembro.
O padrasto do menino está preso sob suspeita de ter desaparecido com a criança que foi vista, por câmeras de monitoramento, pela última vez levando o irmão mais novo à escola. O padrasto foi preso em 8 de janeiro, mas ele nega participação no crime.
Conforme adiantado pelo jornal O Hoje, o sangue da criança não foi encontrado em uma perícia feita na residência em que Pedro Lucas vivia com a mãe, o padrasto e irmãos menores.
Em entrevista ao jornal O Hoje nesta segunda-feira (5), o delegado Adelson Candeo, responsável pelo caso, afirma que a polícia está trabalhando para comprovar a responsabilidade do padrasto no desaparecimento do menino, apesar dele negar o crime.
Segundo o delegado , o suspeito teria matado a criança e ocultado o corpo. No entanto, a polícia não acredita que o corpo da criança será encontrado. “Não trabalhamos com a hipótese de encontrar o corpo do Pedro Lucas. Acredito que o corpo do Pedro Lucas não vai ser encontrado, se o autor não disser onde que foi deixado o corpo”.
Ainda conforme o delegado, a polícia não descarta a possibilidade de homicídio, mesmo após a confirmação de que a ossada encontrada não pertence ao menino. O padrasto continua sendo o único suspeito do crime.
Adelson afirmou que a prisão do padrasto deve ser mantida, mesmo diante dos resultados do teste de DNA negativo e da confirmação de que a ossada não é do menino. Candeo já solicitou a prorrogação da prisão temporária do acusado, mas há a possibilidade de que o pedido seja rejeitado pelo judiciário.