Aliados negam ressentimento entre ele Caiado e Bolsonaro
Mesmo com diferenças, eles têm admiração um pelo outro, garante Delegado Waldir
Aliados do governador Ronaldo Caiado (União Brasil) veem como sem fundamento a informação de que o gestor tenha busca o PL para se filiar. Da mesma forma, não creem que exista ressentimento por parte do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em relação ao goiano.
Na última semana, coluna de Bela Megale, em O Globo, apontou que existe ressentimento por parte do ex-mandatário do País, que poderia, inclusive, impedir o apoio a Caiado em 2026. O governado de Goiás é pré-candidato à presidência.
De acordo com ela, o ex-presidente já disse a aliados que Caiado é um “traidor”. O motivo seria a postura não negacionista do governador de Goiás na pandemia da Covid-19. À época, o chefe do Executivo goiano defendeu a vacinação e o isolamento social.
Delegado Waldir é vice-presidente do União Brasil e também foi próximo de Bolsonaro, no passado – sendo, até mesmo, líder do PSL na Câmara, quando o ex-presidente era filiado do partido. Segundo ele, “quanto a um possível desentendimento entre eles, eu não acredito. Bolsonaro esteve aqui [Goiânia], se hospedou no Palácio [das Esmeraldas] com o governador Ronaldo Caiado”.
Ele argumenta, também, que Caiado e Bolsonaro estiveram juntos em praticamente todos os eventos do ex-presidente em Goiás. “Ambos têm admiração um pelo outro. Com suas diferenças. O governador Ronaldo Caiado tem, como eu também tenho, por exemplo, em relação à vacina [contra a Covid], em relação à democracia…”
Sobre a questão do PL, Waldir vê dificuldade. Ele afirma que o União Brasil é um dos maiores partidos do País e o governador tem a confiança da legenda. “Não vejo fundamento, porque o governador Ronaldo Caiado não fez nenhum movimento com essa finalidade [de deixar o União Brasil].”
Interesse ou proximidade
Seja por interesse ou, pelo menos, para mostrar que tudo vai bem, o Caiado confirmou sua presença na manifestação em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro, marcada para o próximo dia 25 na Avenida Paulista, em São Paulo. Em declaração à Coluna do Estadão, o governador afirmou que estará presente como aliado político, destacando que o objetivo do ato é oferecer uma oportunidade para que Bolsonaro expresse seus argumentos, em meio às investigações conduzidas pela Polícia Federal.
“Não é um movimento contra ninguém, como o próprio Bolsonaro fez questão de ressaltar em seu chamamento. Ele quer uma oportunidade para falar ao Brasil e eu estarei ao lado dele”, reforçou Caiado, que não nega buscar o apoio de Bolsonaro para sua possível candidatura ao Planalto em 2026.
A convocação para o ato na Avenida Paulista partiu do próprio Bolsonaro, poucos dias após uma operação da Polícia Federal que o investiga, juntamente com seus aliados, por uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.
E se ocorreu o veto?
O professor e cientista político, Marcos Marinho, diz que é preciso entender a real expectativa de Bolsonaro. Para ele, vetar a entrada de Caiado em um momento de exposição positiva do governador só faria sentido para evitar um concorrente direto, mas o ex-presidente está inelegível.
“Ou ele acredita de fato que há a possibilidade de reversão – o que é pouco provável –, ou ele quer deixar o vácuo, acreditando este permanecerá e, um dia, ele reagir”, analisa. Segundo Marinho, o “bolsonarismo” vai além de Bolsonaro e os atores políticos têm interesse em manter um movimento de polarização da direita com a esquerda.
Nesse sentido, o professor pensa que Bolsonaro poderá rever. “Vai acabar tendo que se dobrar ao próprio sistema, porque, senão, ele vai ficar fora de vez do sistema”, avalia.
É preciso ressaltar que os analistas apostam que Caiado ainda pode se viabilizar como representante da direita moderada, independente do suposto veto. Segundo fontes ouvidas pelo Jornal O Hoje, o bolsonarismo seria uma parcela minoritária dentro do espectro político. Com isso, o governador de Goiás conseguiria atingir esses grupos. Ele, inclusive, articula escritório político em São Paulo, para ter interlocução com o empresariado, além de outros em Brasília e Alagoas. No agronegócio, ele já teria um bom trânsito, apesar de “ruídos” por conta da taxa do agro.
Waldir também teve desentendimento com Bolsonaro
No fim de 2019, Delegado Waldir e Bolsonaro se desentenderam. Em outubro, o então presidente articulou para o filho Eduardo Bolsonaro assumir a liderança no PSL na Câmara, no lugar do goiano.
Um áudio de Waldir vazou, naquele momento. À época, o parlamentar por Goiás disse que tinha conversas que poderiam implodir o presidente e lembrava que tinha sido “o cara mais fiel” a ele. Tempos depois eles se encontraram e deixaram, oficialmente, os ressentimentos para trás.