Faltando pouco mais de um mês para a Semana Santa e a celebração da Páscoa, muitas pessoas – principalmente crianças – anseiam a espera da época rodeada por chocolates em formato de ovos. Mesmo havendo alta demanda por esses doces em mercados de grande domínio, o preço deles a cada ano vêm aumentando para o consumidor, esclarece a Associação Paulista de Supermercados (Apas), que realizou uma projeção alegando que a venda de chocolates deve crescer em 4,5%, com o crescimento de 3,8% no preço deles em 2024.

Diante dos preços acima do normal, a procura por ovos artesanais e caseiros se torna uma alternativa para celebrar o feriado e desfrutar dos doces. Tanto confeitarias, quanto pessoas que trabalham individualmente vêem nessa época ótimas oportunidades para produzirem e lucrarem com eles. Cursos para aprender a fazer os ovos estão sendo ofertados ao público, com intuito de incluir os candidatos dentro do mercado de trabalho e obter renda doméstica.

A produção e os lucros 

Letícia Rocha é confeiteira em casa, junto de seu esposo e sua filha mais velha, onde tem um pequeno ateliê. Ela relata para O Hoje que “a venda dos ovos traz clientes novos que passam a conhecer o trabalho. Feito da maneira certa e colocando a precificação correta, é uma boa opção de renda”.

A doceira afirma que a opção de produzir ovos de Páscoa veio pensando na qualidade e no preço dos produtos industrializados, quanto pelo lucro. Junto do Natal, a Páscoa é um período de bastante rentabilidade, produzindo para oferecer produtos caseiros de qualidade para os clientes, obtendo lucros para ajudar no capital de giro e nos investimentos da empresa.

Com o sucesso dos ovos, muitos clientes tendem a continuar consumindo doces para além daqueles oferecidos na Páscoa. Alguns retornam apenas em datas comemorativas, mas grande parte permanece a fim de conhecer outros doces e o trabalho geral dos fabricantes. 

Rocha, além de enfatizar as novidades diversas no cardápio de sabores, relata que por trás há muito desempenho e estudos para entregar o produto da melhor maneira para o cliente. Vagner Matos, economista, destaca que o período de Páscoa é um momento produtivo para pequenos e microempresários.

O cliente e o consumo

Valéria Siqueira, dona de casa de 53 anos, diz que a Páscoa é sua época anual favorita. Conta que desde criança comer doces era algo raro, devido tudo ser muito caro. A goiana relata que seu primeiro contato com esse tipo de comida foi com pequenos ovinhos de chocolate que sua avó fazia na fazenda em Abadia de Goiás. Até hoje, nunca gostou dos ovos de chocolate industrializados.

A professora de economia Nadja Heiderich, da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado, aponta que os custos de produção dos ovos de Páscoa são consideravelmente mais elevados, pois incorporam mais mão-de-obra, mais embalagens e maior custo logístico. Dessa maneira, muitos clientes e fãs da época de Páscoa optam pelo produto alternativo.

“Quem faz os meus coelhinhos de bolacha e um ovo grande e recheado é minha sobrinha”, diz Valéria. “O preço é bem menor do que o das franquias de mercado e bem mais delicioso! Também, acho que cria uma relação boa entre quem está comprando e quem está vendendo, além de estabelecer clientes com quem sempre podemos comprar”.

Siqueira aponta quer que a produção artesanal cresça ainda mais para os próximos anos e que espera que sua sobrinha consiga gerar lucros exponentes com suas vendas. “A Páscoa é o momento que ela consegue pagar muita coisa dela, muitas finanças do ano inteiro vêm disso”, afirma. “Quem compra dela nunca se arrepende e sempre volta pra comer mais! Eu sou uma delas!”. 

O consumidor consegue, dessa maneira, aproveitar o feriado com opções mais econômicas e com menor custo benefício. O apoio pelos consumidores locais também é um dos fatores para que os produtos artesanais tenham mais destaque no mercado e entre o público. (Especial para O Hoje)