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sábado, 23 de novembro de 2024
Ato de Bolsonaro

Bolsonaro pediu “borracha” no passado de atos golpistas

De olho no espólio político-eleitoral de Bolsonaro, Caiado esteve na Paulista, que atraiu milhares de manifestantes

Postado em 26 de fevereiro de 2024 por Yago Sales
Ronaldo Caiado foi um dos quatro governadores que compareceram ao chamado do ex-presidente | Foto: Divulgação

Durante evento na Paulista, em ato em sua defesa após ofensiva da Polícia Federal, que investiga plano de golpe de Estado, o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro pediu “borracha” no passado e anistia para condenados de envolvidos no 8 de janeiro – de 2022, quando bolsonaristas invadiram prédios na Praça dos Três Poderes, insatisfeitos com a posse de Lula da Silva (PT). 

Na contramão do que estava combinado, pelo menos publicamente, um dos líderes do movimento que organizou o ato pró-Bolsonaro, o pastor Silas Malafaias repetiu críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF), ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e, com mais ênfase e pessoalmente, ao ministro Alexandre de Moraes. 

O pastor também repetiu a historicidade de que haveria participação de Lula no ato que terminou em milhares de pessoas comprovadamente bolsonaristas, flagradas, inclusive, quebrando, dentro de prédios públicos, o patrimônio. 

“Não vim aqui atacar o Supremo Tribunal Federal porque quando você ataca uma instituição, você ataca a República e o Estado de Direito”, disse Malafaia, em certa ocasião e afirmou: “Todo mundo sabe como foi a eleição. Podiam chamar Bolsonaro de genocida, mas não podiam dizer que Lula é ex-presidiário”.

Como escreveu o jornal O Hoje a 14 de fevereiro, o ato lembra, pelo menos nos moldes como conta a história, do que Collor de Mello, então presidente, tentou aglutinar em seu favor em 1992. 

Collor, que espalhava por onde andava que era alvo de um complô de uma minoria, pediu que todos fossem às ruas: o que ocorreu. Mas num efeito contrário. Os caras pintadas intimaram a Câmara dos Deputados que desse a cabo logo ao mandato de Collor de Mello. E, durante três meses, o político, que há pouco desfrutava o mandato de senador da República, com amizade com o ex-presidente Jair Bolsonaro. 

O ato de Bolsonaro, contudo, tem algum sentido em tempos de redes sociais, com o antagonismo e polarização com o Partido dos Trabalhadores – que ficou anos no poder – criado pelo homem escolhido pela direita para representá-los em Brasília. 

Outro fator: 30 anos depois, há mais meio de desinformação do que à época de Collor. As instituições foram mais destituídas, no sentido figurativo, de seu lugar de destaque, como a própria imprensa, cada vez mais desacreditada. 

No ato de domingo, Bolsonaro quer mostrar força. Apenas os dias seguintes vão mostrar se surtiu efeito, afinal, tem muita coisa a ser analisada pela PF e o judiciário. 

Governador de Goiás, Ronaldo Caiado (UB), esteve no ato. O motivo é clarividente: ele quer herdar o espólio político-eleitoral de Jair Bolsonaro, que, por conta de condenações, está impedido, por enquanto, de concorrer a um cargo público até 2030. 

Caiado foi um dos quatro governadores a participar dos atos. Afinal, é bom ressaltar que, dos 13 governadores bolsonaristas eleitos em 2022, apenas quatro compareceram ao ato deste domingo: Ronaldo Caiado (GO), Romeu Zema (MG), Jorginho Mello (PL) e Tarcísio de Freitas (SP). Freitas foi ministro de Jair Bolsonaro, ou seja, o que teve maior dependência eleitoral de Bolsonaro no pleito. 

Cada qual dos outros nove governadores deram suas justificativas. Não se sabe, por ora, como reagiu Bolsonaro. São eles: Cláudio Castro (RJ), Ratinho Jr (PR), Mauro Mendes (MT), Wanderley Barbosa (TO), Gladson Camelli (AC), Antonio Denarium (RR), Ibanêis Rocha (DF), Wilson Lima (AM), Marcos Rocha (RO) e Eduardo Riedel (MS).

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