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sábado, 23 de novembro de 2024
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De olho no agro, Lula deve ceder resistência com visita a Goiás 

Desde que foi eleito, Lula adiou viagem ao Estado e, agora, quer, de maneira estratégica, se aproximar do agronegócio

Postado em 6 de março de 2024 por Yago Sales
Presidente Lula tenta se aproximar de um setor da economia que parecia ser opositor ao governo | Foto: Ricardo Stuckert

O presidente Luiz Inácio venceu, ao que parece, o Lula. Como assim? É o que se pode dizer sobre o aceno do presidente ao decidir dar passos importantes rumo a um setor em que ele e seu governo pareciam estar sempre em lados opostos: o agronegócio. 

Lula, como se sabe, e o que demonstra algumas de suas atitudes, dando sinais de que não quer problemas com o agro, tão enciumadamente ligado ao ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (PL). 

A estratégia visa, além de disputas municipais, o plano de reeleição de Lula da Silva em 2026. Claro, parte deste agro deve migrar de personagem: de Bolsonaro, impedido de concorrer devido à inelegibilidade, a Ronaldo Caiado, por exemplo, que pode herdar o espólio político-eleitoral do ex-presidente no meio do setor. 

Lula quer, e tem exigido, uma relação mais próxima com representantes do setor do agro. É assim também com evangélicos, de quem tem uma distância ainda mais profunda por conta da agenda progressista do governo, na contramão de conservadores. E, para piorar, tem alguns dos mais influentes nomes da direita evangélica intrínseca e umbilicalmente ligada a Bolsonaro. 

O governo e, claro, Lula, conta, inclusive, com pesquisas que mapeiam insatisfação no setor. E elas se concentram, conforme reportagem do jornal O Globo esses dias, em, além de Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul, ambientes em que o agro concentra maior influência política, econômica e ideologicamente. E esse tripé consolida, e muito, o bolsonarismo que, com a oposição ao petismo do setor das últimas décadas, encontrou no militar alguma expressividade. 

Por isso que Lula precisa comparecer aos estados que mantêm importante ligação ao agro, entre eles, como destacou O Globo, Goiás. Existe, inclusive, a possibilidade de Lula comparecer a eventos do agro este ano, como a Tecnoshow, em Rio Verde. Ainda não há nada confirmado. 

De qualquer maneira, lideranças petistas tentam, de toda maneira, esconder o constrangimento da falta de interesse de Lula, pelo menos o que ele demonstrou, até o momento, de visitar Goiás, o estado mais próximo de Brasília geograficamente.

E não faltam recursos a estados do agro. Por isso Lula tem argumento, de sobra, para visitá-los para entregar obras e cheques do Programa de Aceleração do Crescimento. Para dar gás à aproximação, o presidente tem dito que se trata do pacote PAC para o Agro. 

Não é desta gestão que Lula – e o PT – precisa arregaçar as mangas para ter algum prestígio em meio aos ruralistas. Depois de toda a crise política alimentada, com gasolina e fósforo pelo fenômeno do bolsonarismo encabeçado pelo patriarca, que chegou à Presidência e, como o pai, os filhos que se mantém em cargos do Legislativo em Brasília, Rio e São Paulo. 

Ano passado, Lula enfrentou perrengue com o agro. Tentou aliviar. Não deu, mesmo apresentando soluções ao setor, como o Plano Safra com cifra bilionária, fornecendo R$ 440 bilhões à linha de financiamento em dólar para o Crédito Rural de R$ 4 bilhões. 

O maior desafio foi tentar reverter a crise que se estabeleceu após dizer algumas ‘verdades’ sobre o setor. Ele afirmou que havia um “problema ideológico” do setor com o governo de Lula da Silva. A bancada ruralista logo reagiu, criticando de maneira contundente. O clima parece mais calmo. E Lula quer trégua.

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