O atraso no sorteio de R$ 206,4 milhões na noite desta quinta-feira (6) fez com que Leonardo Salermo fosse dormir despreocupado. Acostumado aos sorteios, apenas pensou nas reclamações da clientela logo de manhã por conta do atraso. E nada mais. 

Estava ainda no que se chama de primeiro sono quando ouviu o celular insistentemente em alerta. Eram mensagens e ligações de todo tipo de contato, mas, principalmente, de lotéricos, que, como ele – no caso há 20 anos – também administram casas lotéricas. 

Ao averiguar o aplicativo de mensagens Whatsapp, levou um susto e pulou da cama, para onde não conseguiu mais voltar desde o sorteio que levou o nome de sua lotérica, que fica em um modesto endereço no Vila Nova, tradicional bairro de Goiânia, ao noticiário nacional. Saíra dela o grupo de premiados que levaria para casa o quinto maior prêmio comum da loteria e, ainda, o maior da história de Goiás. 

Entre as mensagens que chegavam aos montes, Leonardo leu uma que o preocupou. A funcionária dele que escolheu os números e os vendeu, Aparecida Soares, a Cida, que trabalha com ele há 13 anos. Ela havia deixado cinco das cotas – num total de 22 – dentro da gaveta do seu caixa. “Eu saí de casa correndo, com medo de que alguém invadisse a loja e roubasse os bilhetes. Afinal, eram quase 50 milhões dentro de uma gaveta”, disse ele, já aliviado pelo susto, em frente à lotérica no Vila Nova. 

Cumprimentando clientes – todos aparentemente arrependidos –  que não compraram as cotas vendidas a R$ 59, ele relembrou que ao abrir a loja, logo cedo, recebeu alguns clientes eufóricos, orgulhosos, dando dicas de onde e como poderiam erguer uma faixa, como essa da fotografia. Um deles, com fala ininteligível, trêmulo, sem saber qual palavra usar, entregou-se: era um dos vencedores. 

“Eu chamei ele para entrar, expliquei o que deveria fazer”, lembra Leonardo, que recebeu outros ganhadores que, por óbvio, agradeceram à Cida por tanta insistência na compra do bolão. “E prometeram voltar para dar pra ela presentes”, conta ele ainda, enquanto Cida, do outro lado do vidro, vendendo mais do que o costume. 

Leonardo assumiu o negócio há 20 anos. Antes era o pai, que vendia os jogos há mais de 30 anos. E ele relata que é a primeira vez que eles conseguem entregar um prêmio tão grande. “Eu me lembro de ter pago 1,5 milhão. Mas nunca milhões e milhões. É muita coisa”, reconhece. 

Ele conta que uma das cotas foi vendida a uma pessoa ligada à Universidade Federal de Goiás (UFG), onde, conta ele, ao menos 50 pessoas vão dividir o prêmio de 8 milhões, o que daria 170 mil para cada. 

Os 24 sortudos participaram de jogo de 10 números, com custo de R$ 1.050. Além do prêmio com o acerto das seis dezenas, a aposta acertou 24 jogos na quina e vai levar mais R$ 945 mil. Além de mais 89 jogos na quadra, o que garante o prêmio de mais R$ 87 mil. O saldo total do grupo foi de mais de R$ 206,4 milhões — e cada um dos 24 vai levar cerca de R$ 8,6 milhões.