Mulher que teve câncer de colo do útero conta como diagnóstico tardio lhe custou ‘caro’ nos tratamentos
A recepcionista Dalva Izabel Alves, foi diagnosticada com a doença em 2017, aos 40 anos de idade, após crises hemorrágicas
O câncer do colo do útero é o terceiro tipo de câncer mais incidente entre as mulheres no Brasil, com exceção de tumores de pele não melanoma. De acordo com o Ministério da Saúde, a incidência maior é entre mulheres com idade entre 25 a 59 anos.
A recepcionista Dalva Izabel Alves, que tem 47 anos atualmente, foi diagnosticada com a doença em 2017, aos 40 anos de idade, após crises hemorrágicas que duravam de dois a três meses. Ao sentir os sintomas, a mulher foi ao médico, que a princípio achou que se tratava de um mioma – tumor uterino benigno formado por tecido muscular.
O tumor foi descoberto a partir do exame preventivo Papanicolau, teste realizado para detectar alterações nas células do colo do útero. O exame também pode ser chamado de esfregaço cervicovaginal e colpocitologia oncótica cervical. “Foi onde eles descobriram que se tratava de um câncer de colo de útero”, relembra a recepcionista.
Logo que descobriu a anomalia, Dalva iniciou o processo de tratamentos e a luta contra o câncer durou cinco meses. Nesse período, ela foi submetida a 32 radioterapia, seis quimioterapia e três braquiterapia. “Foi um tratamento bem agressivo, bem agressivo mesmo, principalmente as rádios. Me queimou muito, eu quase não conseguia urinar porque estava muito queimado por dentro”, lembra a mulher ao dizer que ficou debilitada na época. Vômitos, enjoos, falta de apetite e fraquezas, foram alguns dos efeitos colaterais do tratamento.
No geral, o câncer de colo do útero é assintomático, podendo os sintomas surgirem quando a doença já está em um estágio mais avançado. A explicação é da médica ginecologista e obstetra do Hospital Estadual da Mulher (Hemu), Maria Elaine Assis. O sangramento é um dos principais sinais desse tipo de tumor, segundo Maria.
Por se tratar de uma doença silenciosa, o exame preventivo torna-se um importante aliado para o diagnóstico precoce, que pode evitar maiores complicações pela doença e salvar a vida da mulher.
Como o câncer está relacionado ao Papilomavírus Humano (HPV) – vírus transmitido por meio do contato sexual sem o uso de preservativos – a partir do início da vida sexual, a pessoa precisa fazer exames periódicos para prevenir contra Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs).
Nesse sentido, a prevenção contra o câncer de colo do útero começa com a vacina contra o HPV. Imunizante disponível pelo Sistema Único de Saúde (SUS), para crianças e adolescentes com idades entre 9 e 14 anos. A vacina contempla os dois principais sorotipos do vírus que causam verrugas anogenitais, sendo 6 e 11; e também protege contra o sorotipo 16 e 18, que estão envolvidos em quase 100% dos casos de câncer de colo de útero.
A outra forma de proteção contra a doença, é por meio do preservativo, produtos disponibilizados gratuitamente pelo SUS, que podem ser adquiridos nas Unidades de Saúde em todo o país. “Além disso, esta é uma orientação para todas essas doenças que são sexualmente transmissíveis”, destaca a médica.
Tratamentos
Os tratamentos contra o câncer de colo do útero, vão depender do estágio e gravidade da doença, é o que afirma a médica com especialidade em ginecologia e oncologia, Rossana de Araújo Catão Zampronha.
Assim, quando há uma lesão de alto risco, costuma-se retirar a parte do útero que está afetada pelo tumor. Em casos em que a lesão é considerada invasiva, ou seja, apresenta alto risco, o tratamento é feito a partir da retirada completa desse órgão.
Esse foi o caso da Dalva, que perdeu o útero para o câncer. A mãe da Bruna Isabel, 22, e do Felipe Augusto, 18, ainda queria ter mais filhos, porém, o desejo se tornou impossível, já que não tem mais o órgão reprodutor feminino.
Rossana explica ainda que há casos em que é preciso fazer a retirada de linfonodos da região pélvica, também associada à retirada do útero. Já nos quadros em que não é possível fazer o procedimento cirúrgico, é necessário usar outros meios como a radioterapia exclusiva, associada a uma quinta terapia semanal, que vai potencializar o tratamento, o efeito da radioterapia, de acordo com a especialista.
Quando a doença se encontra em estágios mais avançados, onde há comprometimento dos gânglios linfáticos, ou seja, os linfonodos da pelve ou de outros órgãos, envolve uma combinação de quimioterapia e radioterapia ou apenas quimioterapia. Além disso, a mulher corre o risco de perder outros órgãos além do útero, em caso de metástase – quando as células do câncer se desprendem do tumor principal e se disseminam, se alojando em outras partes do corpo, como tecidos e órgãos distantes do local onde a primeira lesão se iniciou, formando novos tumores.