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quarta-feira, 25 de dezembro de 2024
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Conscientização nas Escolas

Lançamento do livro em quadrinhos ‘Maria da Penha nas Escolas’ promove conscientização sobre violência doméstica

Projeto educativo aborda de forma lúdica e acessível a importância da Lei Maria da Penha

Postado em 20 de março de 2024 por Luana Avelar
Autora Manoela Barbosa e ilustradora Zaia Angelo unem esforços para levar conscientização às escolas | Foto: Michelly Matos

Na última terça-feira (19), a Procuradoria da Mulher da Assembleia Legislativa, em colaboração com a Skambau Produções, revelou a mais recente edição do livro em quadrinhos ‘Maria da Penha nas Escolas’. A cerimônia teve lugar no Auditório II da Assembleia Legislativa, assinalando o começo de uma nova etapa na divulgação desta relevante obra nas escolas por todo o Estado.

Escrito por Manoela Barbosa e ilustrado por Zaia Angelo, o lançamento contou com a presença de autoridades locais e representantes da sociedade civil. A obra, inicialmente viabilizada por um projeto aprovado em lei de incentivo do Governo de Goiás, ganha agora uma nova edição fruto do esforço independente da Skambau Produções.

Em 2016, Barbosa recebeu um pedido de professores e estudantes da cidade de Morrinhos por material didático para abordar o tema da violência doméstica e de gênero. Naquela época, não havia produções suficientemente embasadas para atender à demanda. “Tomamos isso como uma encomenda social”, disse Barbosa, mencionando suas experiências como historiadora e militante de organizações de defesa das mulheres como base para o desenvolvimento do projeto.

O livro em quadrinhos foi concebido como uma forma lúdica e acessível de abordar um tema delicado e complexo. “Acho que o maior desafio da obra foi refletir sobre as micro e grandes violências que sofremos ao longo dos anos e que às vezes não conseguimos compreendê-las como violência. Então trabalhar com um material desses era mesmo muito delicado. Abriu feridas em mim e claro, em todas as mulheres que compõem a equipe do projeto e livro em quadrinhos. Nesse caminho algo muito delicado foi também estabelecer contato com pessoas que haviam sido vítimas desse tipo de violência e que são marcadas até hoje. Menciono aqui a Dra Cristina, a quem nos deu apoio e participou da primeira circulação do livro em escolas de Goiânia e do interior de Goiás”, explicou Barbosa.

Para ela, a escola é um espaço onde crianças vítimas de violência buscam apoio, e a arte e a literatura desempenham um papel importante nesse processo. “Com a primeira versão do livro, tivemos a oportunidade de visitar muitas escolas e é com grande entusiasmo que vejo a quantidade de crianças que compreendem o que estão vivenciando em casa e pedem ajuda”, afirmou a escritora. A repercussão do lançamento anterior, em 2022 na Câmara Municipal de Vereadores de Goiânia, resultou na distribuição de mais de 15 mil exemplares em 22 cidades do Estado, com ações em 45 unidades de ensino.

A artista plástica e escritora goiana, Zaia Angelo, também deixou sua marca. Com uma trajetória repleta de conquistas notáveis, como a exposição de uma de suas obras no prestigioso Carrousel du Louvre aos 15 anos, Zaia encontrou inspiração no livro para impulsionar ainda mais seu trabalho artístico.

Ela também se destaca por ser uma mulher trans, trazendo uma representatividade essencial para a obra. Enfrentando desafios ao ilustrar a cartilha do projeto, a artista buscou transmitir a essência do texto de maneira acessível para o público infantil, ressaltando a importância de abordar a questão da violência contra a mulher de forma lúdica e compreensível para as crianças.

A ilustradora comenta que espera que a cartilha alcance as crianças e promova uma reflexão sobre questões delicadas como a violência doméstica, incentivando um ambiente seguro para discussões sobre direitos e valores.

“Minhas esperanças são as mais positivas possíveis, porque eu acho que para os meninos tem o papel que a cartilha faça com que eles sejam menos machistas, que eles saibam como tratar as colegas de classe. E para as meninas tem esse papel de elas saberem que elas têm seus direitos, que elas não podem ser tratadas de qualquer forma. Para as crianças no geral, que elas tenham essa ciência. Infelizmente a violência doméstica está no lar de muitas pessoas, de muitos jovens, de muitas famílias. Então elas terem essa ciência, compreensão de que elas possam ter um lugar seguro como a escola para poder discutir, debater esse assunto e poderem se abrir do que acontece dentro da casa delas. Porque muitas vezes a gente fala de vários tipos de violência na cartilha e muitas vezes as crianças não têm noção disso, então ter esse entendimento desde cedo é fundamental”, finaliza a artista. 

Sobre o livro

A obra retrata a vida de Maria da Penha Maia Fernandes, uma biofarmacêutica brasileira conhecida por sua luta pelos direitos das mulheres e pela criação da Lei Maria da Penha, legislação brasileira que visa proteger as mulheres contra a violência doméstica. Maria da Penha foi vítima de violência por parte de seu marido, resultando em uma tentativa de feminicídio que a deixou paraplégica. 

Sua batalha por justiça e punição do agressor levou à criação de uma das leis mais importantes do Brasil no combate à violência contra a mulher. Tornou-se um símbolo de resistência e inspiração para muitas mulheres que sofrem com a violência doméstica. O livro inclui uma versão em braille para crianças com deficiência visual, acompanhada de um Manual do Professor com orientações e atividades educativas, buscando informar, sensibilizar e educar as novas gerações sobre a importância de combater a violência doméstica.

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