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quinta-feira, 19 de dezembro de 2024
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Fenômeno Ambiental

Aumento de algas no reservatório do João Leite causa preocupação nesta época do ano

Algas no reservatório devem ser constantemente monitoradas, de acordo com especialistas; Saneago afirma que não há prejuízo ao consumo humano

Postado em 30 de março de 2024 por João Reynol
Plantas podem ser encontradas no lago represado da bacia João Leite

As algas do reservatório João Leite voltaram a aparecer nesta última semana de março, e levanta a velha dúvida do porquê elas estão lá. As plantas com folhas grossas e escuras com as suas raízes submersas podem ainda ser vistas por motoristas em ambos os sentidos na BR-153 e em pontos de maior altitude da via. Ainda, estão localizadas em grande quantidade nas margens do lago represado, que cobre o grande “espelho” formado pelo reflexo da água do céu. 

O tapete verde, com camada espessa de vegetação, a princípio até pode causar certa estranheza em quem passa de carro pela ponte em cima do reservatório, no trecho de Goiânia. Por isso, a importância de a reportagem ter procurado especialistas para buscar responder a algumas perguntas a respeito das causas e consequências do fenômeno ambiental. 

Sobre isso, a sua origem nesta época é esperada pelo motivo de ser costumeiramente presente durante a época das chuvas e da estiagem. Como diz o Engenheiro Ambiental Guilherme Telles, o aumento da biomassa juntamente com a bacia da água parada pode promover o crescimento das algas. “É comum encontrarmos este tipo de algas nas bacias represadas e lagos com pouco fluxo de água nesta época do ano. O motivo disso é que o orgânico que cai no João Leite em grandes quantidades pode ocasionar o crescimento dessas algas”.

Contudo, Guilherme afirma que deve haver uma constante avaliação da água para que não haja inconformidades com os componentes da bacia, já que é responsável pelo abastecimento de grande parte da Região Metropolitana de Goiânia. Mas conta que a sua incidência não significa ser um indicativo de um possível impacto ambiental. “As análises da qualidade da água que a Saneago segue, e também de outros reservatórios, são parâmetros internacionais. E aí, a partir dessa pesquisa que algo será feito”, diz o ambientalista.

Já a sanitarista e engenheira ambiental Nathália Araújo diz que a presença da planta pode significar outro motivo. Ela fala da possibilidade do aumento da sedimentação e da poluição de origem da BR-153 pela grande quantidade de carros e caminhões que trafegam pelo percurso. Este aumento constante de fatores como a chuva e a poluição podem, de acordo com ela, causar um efeito de ciclo fechado, ou seja, quanto mais nutrientes a água tiver mais será o aumento das algas que pode gerar prejuízos ambientais para o reservatório e o Parque Estadual Altamiro de Moura Pacheco.

O alerta que a especialista dá sobre isso para esta época do ano é a possibilidade de uma da perda da oxigenação da bacia pelo aumento significativo das algas. Este efeito chamado de eutrofização pode causar prejuízos na biodiversidade e no ecossistema da reserva como nos peixes e os anfíbios que habitam a região. Por causa disso, fala que deve haver um monitoramento e se necessário, uma retirada das algas e a limpeza para evitar essa degradação.

Porém, diz que não há necessariamente um risco para a contaminação já que a usina de tratamento faz a limpeza e a coleta do material poluente. O risco portanto está na degradação do meio ambiente goianiense. “Ali a matéria orgânica se concentra pela baixa vazão da influência da rodovia e das propriedades rurais que estão na proximidade. Mas, em locais com a vazão maior do rio, como após a represa, ocorre a autodepuração, que é onde o rio recupera a sua oxigenação e tenta se auto limpar”, relata Nathália.

De acordo com a Saneago, em nota, da informa que semanalmente faz o monitoramento das plantas para o bem estar-ambiental. “As plantas aquáticas existentes no reservatório do Ribeirão João Leite estão localizadas em área de água bruta e não afetam a qualidade da água tratada distribuída à população”. 

A Companhia afirma, ainda, que realiza o monitoramento semanal “das macrófitas, visando o controle de proliferação das plantas e a manutenção da oxigenação do reservatório”. “Todas as análises são, inclusive, enviadas regularmente à Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad). A quantidade de plantas existente no manancial não prejudica o abastecimento e não há necessidade de retirada da vegetação”, conclui a Saneago em nota enviada à reportagem do jornal O Hoje.

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