Aumento de algas no reservatório do João Leite causa preocupação nesta época do ano
Algas no reservatório devem ser constantemente monitoradas, de acordo com especialistas; Saneago afirma que não há prejuízo ao consumo humano
As algas do reservatório João Leite voltaram a aparecer nesta última semana de março, e levanta a velha dúvida do porquê elas estão lá. As plantas com folhas grossas e escuras com as suas raízes submersas podem ainda ser vistas por motoristas em ambos os sentidos na BR-153 e em pontos de maior altitude da via. Ainda, estão localizadas em grande quantidade nas margens do lago represado, que cobre o grande “espelho” formado pelo reflexo da água do céu.
O tapete verde, com camada espessa de vegetação, a princípio até pode causar certa estranheza em quem passa de carro pela ponte em cima do reservatório, no trecho de Goiânia. Por isso, a importância de a reportagem ter procurado especialistas para buscar responder a algumas perguntas a respeito das causas e consequências do fenômeno ambiental.
Sobre isso, a sua origem nesta época é esperada pelo motivo de ser costumeiramente presente durante a época das chuvas e da estiagem. Como diz o Engenheiro Ambiental Guilherme Telles, o aumento da biomassa juntamente com a bacia da água parada pode promover o crescimento das algas. “É comum encontrarmos este tipo de algas nas bacias represadas e lagos com pouco fluxo de água nesta época do ano. O motivo disso é que o orgânico que cai no João Leite em grandes quantidades pode ocasionar o crescimento dessas algas”.
Contudo, Guilherme afirma que deve haver uma constante avaliação da água para que não haja inconformidades com os componentes da bacia, já que é responsável pelo abastecimento de grande parte da Região Metropolitana de Goiânia. Mas conta que a sua incidência não significa ser um indicativo de um possível impacto ambiental. “As análises da qualidade da água que a Saneago segue, e também de outros reservatórios, são parâmetros internacionais. E aí, a partir dessa pesquisa que algo será feito”, diz o ambientalista.
Já a sanitarista e engenheira ambiental Nathália Araújo diz que a presença da planta pode significar outro motivo. Ela fala da possibilidade do aumento da sedimentação e da poluição de origem da BR-153 pela grande quantidade de carros e caminhões que trafegam pelo percurso. Este aumento constante de fatores como a chuva e a poluição podem, de acordo com ela, causar um efeito de ciclo fechado, ou seja, quanto mais nutrientes a água tiver mais será o aumento das algas que pode gerar prejuízos ambientais para o reservatório e o Parque Estadual Altamiro de Moura Pacheco.
O alerta que a especialista dá sobre isso para esta época do ano é a possibilidade de uma da perda da oxigenação da bacia pelo aumento significativo das algas. Este efeito chamado de eutrofização pode causar prejuízos na biodiversidade e no ecossistema da reserva como nos peixes e os anfíbios que habitam a região. Por causa disso, fala que deve haver um monitoramento e se necessário, uma retirada das algas e a limpeza para evitar essa degradação.
Porém, diz que não há necessariamente um risco para a contaminação já que a usina de tratamento faz a limpeza e a coleta do material poluente. O risco portanto está na degradação do meio ambiente goianiense. “Ali a matéria orgânica se concentra pela baixa vazão da influência da rodovia e das propriedades rurais que estão na proximidade. Mas, em locais com a vazão maior do rio, como após a represa, ocorre a autodepuração, que é onde o rio recupera a sua oxigenação e tenta se auto limpar”, relata Nathália.
De acordo com a Saneago, em nota, da informa que semanalmente faz o monitoramento das plantas para o bem estar-ambiental. “As plantas aquáticas existentes no reservatório do Ribeirão João Leite estão localizadas em área de água bruta e não afetam a qualidade da água tratada distribuída à população”.
A Companhia afirma, ainda, que realiza o monitoramento semanal “das macrófitas, visando o controle de proliferação das plantas e a manutenção da oxigenação do reservatório”. “Todas as análises são, inclusive, enviadas regularmente à Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad). A quantidade de plantas existente no manancial não prejudica o abastecimento e não há necessidade de retirada da vegetação”, conclui a Saneago em nota enviada à reportagem do jornal O Hoje.