Abin paralela monitorou informações sobre morte de Marielle, diz PF
Agentes fizeram buscas sobre promotora e delegado que atuaram no caso
A Polícia Federal (PF) concluiu que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) foi utilizada durante o governo de Jair Bolsonaro para monitorar ilegalmente o andamento das investigações sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, ocorrido em 2018. Essa conclusão faz parte de um relatório de investigação cujo sigilo foi retirado nesta quinta-feira (11) por ordem do ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito.
Investigação da PF
De acordo com o relatório, agentes da Abin foram designados para coletar informações sobre a promotora Simone Sibilio, do Ministério Público do Rio de Janeiro, e o delegado Daniel Freitas da Rosa, da Polícia Civil do Rio, ambos envolvidos nas investigações do homicídio. A investigação revelou que, em 2019, um dos policiais designados imprimiu o currículo da promotora, utilizando recursos da agência.
Além disso, a quebra de sigilo autorizada pela Justiça permitiu à PF descobrir um arquivo eletrônico intitulado “controle de denúncias” sobre o caso Marielle. Nesse arquivo, os agentes documentaram um total de 292 denúncias relacionadas ao caso, sendo 72 registradas em 2019. O arquivo também indicava que nenhuma dessas denúncias mencionava a família Bolsonaro, mas destacava que 192 denúncias apontavam milicianos como possíveis autores do crime.
Para a PF, o monitoramento tinha como objetivo antecipar eventuais referências que pudessem vincular o núcleo político de Jair Bolsonaro ao esquema ilegal de monitoramento conduzido pela Abin. Em outras palavras, a intenção era verificar se a família Bolsonaro seria mencionada nas investigações. Esse controle ostensivo e antecipatório das investigações visava proteger interesses políticos, evitando possíveis implicações.
“O resumo das denúncias relacionadas ao caso Marielle foi impresso pelo delegado Alexandre Ramagem enquanto diretor da Abin. A impressão de documentos e informações se prestava para que informações da inteligência pudessem ser levadas aos destinatários, em regra integrantes do núcleo político”, concluiu a investigação.
Com informações da Agência Brasil