Condições climáticas facilitam produção de laranja em Goiás
O País é responsável por 34% da produção global. Além disso, o Brasil é o maior exportador de suco de laranja
O Brasil é o maior produtor de laranja do mundo. O relatório da Seapa, aponta que o Brasil é responsável por 34% da produção global de laranjas, esse dado foi levantado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Outros produtos da citricultura como tangerina, limão e lima ácida colaboram com o fortalecimento de cadeia.
Em Goiás, estima-se que em 2024 a safra produzida será de 156,0 mil toneladas de laranja, número que simboliza 1,0% de toda a produção nacional. A Ceasa-Go divulgou que mais de 80% da laranja consumida no estado é de origem própria.
De janeiro a maio deste ano, 83,2% das laranjas comercializadas em Goiás foram produzidas no próprio estado, o que representa 12.637,6 t. Já 16,8%, totalizando o quantitativo de 2.558,9 toneladas, foram originadas em outros estados.
No estado, o município de Itaberaí ocupa a primeira colocação nos destaques de produção de laranja. Seguido por Hidrolândia, Água Fria de Goiás, Caldas Novas , Rio Verde, Inhumas, Goianápolis, Anápolis e Sítio D’ Abadiania.
O Secretário de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Goiás (Seapa), Pedro Leonardo Rezende, explicou que o Brasil se destaca como o maior produtor mundial de laranja devido a uma combinação de fatores, incluindo condições climáticas favoráveis e solo adequado em certas regiões, especialmente em São Paulo.
“Além disso, o apoio governamental tem sido fundamental, com incentivos fiscais, financiamentos e investimentos em pesquisa e tecnologia. A modernização da agricultura, com técnicas avançadas de cultivo, e o desenvolvimento de um complexo agroindustrial eficiente também impulsionaram a produção”, explicou.
O especialista destacou que a crescente demanda internacional por suco de laranja, após eventos como a geada na Flórida em 1962, e a substituição por variedades mais resistentes e comerciais, como a laranja Pêra, também contribuíram para o sucesso do Brasil nesse setor.
Pedro ainda pontuou que a citricultura em Goiás se beneficia de um clima favorável, com temperaturas médias ideais para o desenvolvimento da laranja, que se situam entre 23°C e 32°C. Além disso, a quantidade e a distribuição das chuvas são adequadas para o cultivo, com precipitação anual entre 900 mm e 1.500 mm, sendo que o período de maior necessidade hídrica da planta coincide com os meses de maior precipitação em Goiás. A umidade relativa do ar também é um fator importante, influenciando na abertura floral e na qualidade dos frutos.
Quanto à produção de laranja em Goiás, Leonardo que a produtividade é maior na segunda metade do ano, com a colheita se concentrando entre os meses de junho e dezembro. “Esse pico de produção se deve principalmente à variedade Pera, que é a mais cultivada no estado e tem sua maturação nesse período”, lembra.
Além disso, as condições climáticas durante o primeiro semestre, com temperaturas mais amenas e chuvas regulares, favorecem o desenvolvimento dos frutos e contribuem para uma colheita mais abundante na segunda metade do ano.
Produção nacional
A concentração da produção nacional de laranjas está localizada em São Paulo e Minas Gerais nas regiões do triângulo e sudeste mineiro. São Paulo concentra a maior parte da produção nacional da fruta, com 74,6%. O balanço divulgado ainda apontou que em 2024, entre os meses de janeiro a maio, o Brasil exportou 396,4 toneladas de laranja para 76 países.
O Paraguai obteve 39,1% das exportações do Brasil, Uruguai 10,0% e a Argentina adquiriu 9,8% , gerando a renda de US$ 310,3 mil. Além de ser o maior produtor, o Brasil se destaca como maior exportador de suco de laranja do mundo. O País participou de aproximadamente 74,0% de todo o montante produzido mundialmente.
Em 2024, de janeiro a maio 1,0 milhão de toneladas do produto foram enviadas para 73 países com um faturamento de US$ 1,0 bilhão e um crescimento de 16,9% em relação ao ano anterior. As exportações de São Paulo para os Estados Unidos, a Bélgica e os Países Baixos representam 91,8% do total de valores exportados.
Ana Paula Marques, supervisora de Assistência Técnica e Gerencial, pontuou que nas últimas duas safras, dos últimos dois verões, o mundo produziu mais de 158 milhões de toneladas de frutos cítricos. “E o Brasil, ele tem aí a primeira posição mundial na produção de laranja, a segunda posição mundial na produção de limão”.
A especialista afirmou que um princípio básico, é principalmente a questão de manejo nutricional, “as plantas precisam de um manejo nutricional adequado, isso engloba também o fornecimento de água de forma adequada através de irrigação”.
O monitoramento de doenças, sintomas de doenças e de insetos que podem vir a causar danos, também é uma das medidas adotadas, porque alguns vetores podem transmitir doenças que são fatais para a cultura, para a produção de cítricos.
“Hoje algumas lavouras, que já são mais tecnificadas, já estão fazendo esse monitoramento tanto da parte nutricional quanto da parte também para detectar se tem alguma deficiência nutricional, se tem a presença de algum sintoma de alguma doença via drones”, orienta sobre os cuidados da produção de laranjais.
Os drones também são utilizados em aplicação de defensivos, essa tecnologia é muito presente no estado de São Paulo, e em Minas Gerais que é, que é potencial produtor.
A agricultura de precisão de água é outro fator que ajuda os produtores, onde através de sensores é trabalhado dados de evapotranspiração. “Então, a gente já faz uma irrigação hoje, sabendo, ó, a evapotranspiração da cultura, a gente tem uma base de cálculo, então dá para saber a quantidade de água que a planta precisa diariamente”, complementou Ana Paula.
Além do monitoramento de água, outro fator importante para a produção de citros é a poda, “a gente não pode pensar naqueles palmares caseiros, que tinha na casa dos nossos avós”, explicou a analista técnica.
As plantas cítricas são baixas para facilitar a colheita, porque produção de citros é altamente dependente de mão de obra, em colheita, então para favorecer a aplicação de produtos, para manejo, então a gente sempre tem podas.
As podas começam desde a implantação da cultura para ter poda de formação, as plantas terem uma arquitetura adequada. “A gente faz podas de galhos que não são produtivos, que ficaram quebrados, para a gente remanejar de novo essa arquitetura, favorecendo ali novas produções”, finaliza.
Doença de Geening ameaça produção de laranjas do Estado
Recentemente a agrodefesa criou medidas que foram emitidas através de uma portaria, porque foi detectado no estado de Goiás dois focos da doença de Greening, um dos focos foi encontrado em Campo Limpo de Goiás e o outro em Quirinópolis.
A especialista Ana Paula explicou que o Greening, é causada através de uma bactéria, ela é transmitida por um psilídeo, que é um pequeno inseto, e quando infectado ele transmite isso para as plantas, elas ficam um aspecto amarelado, causa seca e morte de ramos, então os frutos também ficam deformados, assimétricos, e é uma doença que é considerada seríssima nos pomares, onde ela está presente.
O Secretário de agricultura, Pedro Leonardo, explicou que o greening tem causado perdas nas produções brasileiras. “A incidência média de laranjeiras com sintomas de greening no cinturão citrícola de São Paulo, Triângulo e Sudoeste de Minas Gerais foi de 42,5% em 2023”.
O Programa de Controle e Prevenção de Pragas em Citros da Agrodefesa, já em funcionamento, visa garantir a qualidade e a sanidade da produção de citros em Goiás, por meio de diversas ações. O programa se concentra na prevenção da entrada e disseminação de pragas quarentenárias, como o HLB, o cancro cítrico e a pinta preta.
Para isso, são realizados levantamentos fitossanitários anuais, monitoramento da população de insetos vetores, fiscalizações em propriedades produtoras e viveiros de mudas, além de ações de capacitação e educação sanitária para produtores e técnicos.
Com a recente identificação de focos isolados de HLB no estado, a Agrodefesa intensificou as medidas de controle, seguindo os protocolos estabelecidos pela Portaria nº 317/2021 do Mapa. Essas medidas incluem a delimitação das áreas afetadas, a realização de novos levantamentos fitossanitários e a intensificação do monitoramento da população do inseto vetor.
Além disso, a Agrodefesa está trabalhando em conjunto com os citricultores e seus responsáveis técnicos para implementar ações de erradicação das plantas doentes e evitar a propagação da doença.