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sexta-feira, 22 de novembro de 2024
Julho Amarelo

Sintomas variados podem confundir diagnóstico das hepatites virais

Doença causada por estes vírus são chamadas de crônicas e podem evoluir para duas complicações graves, como é o caso da cirrose hepática

Postado em 17 de julho de 2024 por Ronilma Pinheiro
As hepatites virais mais comuns no Brasil são causadas pelos vírus A

As hepatites virais são doenças infecciosas que têm, muitas vezes, manifestações clínicas distintas. Além disso, as doenças infecciosas são em sua grande maioria assintomáticas, ou seja, o paciente não apresenta sintomas. A explicação é da médica infectologista do Hospital de Doenças Tropicais (HDT), Christiane Kobal.

De modo geral, os pacientes com hepatites virais apresentam um quadro de febre, mal estar, vômito e dor abdominal. A doença é detectada após consultas e exames capazes de fazer um diagnóstico preciso. Kobal reforça que nem sempre os infectados ficam ictéricos – condição em que o corpo acumula excesso de bilirrubina, um pigmento amarelo produzido pela quebra de hemoglobina – e ficam amarelos.

As hepatites virais mais comuns no Brasil são causadas pelos vírus A, B e C. O vírus da hepatite D, que costuma ser mais comum na região Norte do país, possui uma menor frequência. Além disso, tem o vírus da hepatite E, que ainda é menos frequente no país, sendo encontrado com maior facilidade na África e na Ásia. 

Em relação aos casos assintomáticos que estão associados à hepatite B e C, muitas vezes esse paciente só descobre a doença ao precisar eventualmente fazer um exame de sangue, um check up, ou exame pré-natal no caso das grávidas.

A infectologista explica que isso é um problema uma vez que geralmente as hepatites B  não são curadas de forma espontânea em pelo 10% dos casos em adultos. Esse percentual é ainda maior na hepatite C, ou seja, cerca de 60% dos casos em adultos não são curados espontaneamente.

Nesse caso, a doença causada por esses vírus são chamadas de crônicas e podem evoluir para duas complicações graves como é o caso da cirrose hepática e o câncer de fígado. Existem medicações para essas enfermidades, mas se não forem descobertas cedo, o quadro pode ser irreversível, segundo a médica.

“Às vezes o paciente descobre muito tarde quando já está cirrótico ou com o câncer de fígado”, lamenta Kobal ao lembrar da importância da conscientização e combate às doenças virais. “Nós incentivamos as pessoas a fazerem um exame simples de sangue para saberem se estão contaminadas com o vírus ainda na fase precoce para que nós possamos iniciar o tratamento”, salienta.

A hepatite C é tratada com cinco medicamentos  disponíveis na rede pública de saúde que oferecem cura. Em contrapartida, a medicação usada no tratamento da hepatite B, serve apenas para manter o vírus sob controle e com isso diminuir o risco do paciente ter complicações mais graves.

De modo geral os medicamentos são antivirais orais, segundo a infectologista. “No caso da C o paciente vai tomar uma medicação oral durante três meses e tem uma chance de mais de 99% por cento de ficar curado de forma definitiva. Na hepatite B o paciente também vai tomar essa medicação no período que foi indicado pelo médico”, explica.

A forma de prevenção é por meio da vacinação. No caso da A, a vacina é altamente eficaz e segura e é a principal medida de prevenção. Além disso algumas medidas também podem evitar a infecção, como lavar as mãos com frequência, utilizar água tratada, cozinhar bem os alimentos antes de consumi-los, lavar adequadamente as louças, usar preservativos e higienizar as regiões íntimas antes e após as relações sexuais.

A vacina também é a principal medida de prevenção contra a hepatite B, além das medidas de higiene. Além disso, a profilaxia para a criança recém- nascida reduz drasticamente o risco de transmissão vertical. É importante ainda que as mulheres grávidas ou que tenham intenção de engravidar façam a testagem para prevenir a transmissão da mãe para o bebê. 

Para a hepatite C não existe vacina, mas para evitar a infecção é importante seguir as mesmas medidas de restrições citadas acima. “A hepatite C infelizmente nós não temos vacina e o cuidado pra que você não pegue é principalmente o uso de preservativos durantes as relações sexuais”, comenta a infectologista.

Julho Amarelo luta contra tipos virais da doença 

No próximo dia 28 de julho é comemorado o Dia Mundial da Luta contra as hepatites virais. A campanha Julho Amarelo celebra as ações de vigilância, prevenção e controle dessas doenças. Cerca de 254 milhões de pessoas em todo o planeta são portadoras de hepatite B, e aproximadamente 50 milhões têm a hepatite C, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) relativos a 2022.

Em Goiás, dados da Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO) mostram que entre 2019 e 2023, foram confirmados 3.430 casos de hepatites B e C. Desses, 1.688, o que representa 49,2%, são hepatite B e 1.742, equivalente a 50,8%, hepatite C.

Claudia de Gouveia Franco, enfermeira da coordenação de Vigilância das Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), da Suvisa/SES, comenta que principalmente nesse período, a SES-GO busca orientar sobre a prevenção, importância do diagnóstico e dos tratamentos.

A enfermeira reforça a referência do Ministério da Saúde que pede que  todas as pessoas sejam testadas pelo menos uma vez na vida, principalmente para hepatites B e hepatite C. “Desde o ano de 2013 os testes rápidos para a triagem de hepatite B, hepatite C, HIV e Sífilis foram incorporados no Sistema Único de Saúde (SUS) e estão disponibilizados em todas as unidades básicas de saúde de Goiás”, reforça.

Durante este mês de julho, a SES realiza campanhas e mobilizações nos municípios goianos, a fim de alertar a população sobre a gravidade da doença que muitas vezes se apresenta de forma silenciosa e só apresenta sintomas já em estágio avançado.

“Para a hepatite B, nossa principal arma é a vacinação, então nós temos vacina, e a hepatite C nós temos o tratamento, disponibilizado pelo SUS”, afirma.

Franco orienta que as pessoas que ainda não foram vacinadas, independente da idade, procurem um local de vacinação para tomar o imunizante que está disponível no SUS dentro das estratégias de saúde da família, nos 246 municípios.

“Os bebês recebem a primeira dose da vacina ainda na maternidade e fazem o seguimento junto com a unidade mais próxima da sua residência”, explica a enfermeira.

Conheça os tipos de hepatites virais 

  • Hepatites A e E: transmitidas por via oral-fecal, estão relacionadas às condições de saneamento básico, higiene pessoal, contato sexual desprotegido (contato boca-ânus) e qualidade da água e alimentos. 
  • Hepatite B: Transmitida verticalmente (de mãe para filho durante a gestação ou parto) e por compartilhamento de materiais contaminados, como agulhas e objetos não esterilizados. A hepatite D ocorre frequentemente em coinfecção com a B. Na hepatite B, 20% a 25% dos casos crônicos evoluem para uma doença hepática avançada (cirrose e hepatocarcinoma).
  • Hepatite C: Transmitida principalmente por contato com sangue contaminado, como uso compartilhado de agulhas. Pode levar a formas graves como cirrose hepática.
  • Hepatite D: Depende da presença do vírus da hepatite B para se manifestar, resultando em forma crônica em poucos casos.
  • Hepatite E: Similar à hepatite A na transmissão oral-fecal. No entanto, a forma crônica da infecção pelo vírus da hepatite E é rara, reportada em indivíduos que apresentam imunossupressão (diminuição da resposta imune devido ao uso de algumas medicações).

Fonte: Ministério da Saúde

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