Violência contra as mulheres cresce 9,8% no Brasil
No ano passado a Justiça concedeu 540.255 medidas protetivas para vítimas de violência doméstica
Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2024, divulgados nesta quinta-feira (18), mostram um aumento significativo na violência contra a mulher. Em 2023, o número de mulheres vítimas de violência doméstica no Brasil alcançou 258.941, representando um aumento de 9,8% em comparação com o ano anterior.
A Polícia Militar, pelo número 190, foi acionada 848.036 vezes para atender a esses casos de violência. No ano passado, a Justiça concedeu 540.255 medidas protetivas. Isso quer dizer que houve um aumento de 26,7% no número de pedidos em comparação com 2022. Dessas solicitações, 81,4% foram atendidas em 2023.
Os dados analisados são fornecidos pelas secretarias de segurança pública estaduais, polícias civis, militares e federal, além de outras fontes oficiais ligadas à segurança pública. Esta ampla coleta de dados permite uma visão abrangente e detalhada da situação da violência contra as mulheres no Brasil em 2023.
Nos casos de feminicídios, os dados mostram que 63,6% das mulheres vítimas de feminicídio são negras, 71,1% têm idade entre 18 e 44 anos, e 64,3% das vítimas estavam em suas residências. O feminicídio é, em sua maioria, cometido por homens, sendo 63% parceiros íntimos.
No Brasil, a violência também afeta crianças e adolescentes em todos os contextos sociais e geográficos, muitas vezes por pessoas próximas e confiáveis. Dados mostram um aumento de 24,1% na exploração sexual infantil. Esses atos comprometem seriamente o desenvolvimento físico, emocional e intelectual dos jovens, afetando suas vidas diariamente.
Violencias intecionais diminuem 3,4%
Dados do anuário mostram uma redução de 3,4% nas mortes violentas intencionais (MVI) no Brasil. Mesmo com essa queda, o país ainda possui uma das maiores taxas de MVI do mundo, com 22,8 casos por 100 mil habitantes, quase quatro vezes maior que o índice global de 5,8%, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU).
As MVI englobam crimes como homicídio doloso, latrocínio, lesão corporal seguida de morte e feminicídio, além de casos envolvendo a atuação policial. Apesar da diminuição no índice nacional, as regiões Nordeste e Norte continuam sendo as mais violentas, impulsionadas por conflitos entre facções criminosas.
Entre os estados com mais mortes violentas intencionais estão: Amapá (39,8%), Mato Grosso (8,1%), Pernambuco (6,2%), Mato Grosso do Sul (6,2%), Minas Gerais (3,7%) e Alagoas (1,4%). As regiões Norte e Nordeste também lideram em letalidade policial. Desde 2012, houve um aumento de 188,9% nas mortes por intervenções policiais, totalizando 6.393 casos em 2023.