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segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
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Saúde Cardíaca

Tabagismo, colesterol elevado e obesidade: os principais vilões do coração

Em Goiás, somente de janeiro a junho deste ano, o Hugol realizou 489 cirurgias cardíacas

Postado em 19 de julho de 2024 por Ronilma Pinheiro
Cirurgião cardíaco Dilmar Cardeal da Cunha

As doenças cardiovasculares constituem um dos maiores desafios de saúde global, responsáveis por um número significativo de óbitos a cada ano, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Em Goiás, somente de janeiro a junho deste ano, o Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol) já realizou 489 cirurgias cardíacas, sendo 207 só de marcapasso – procedimento menos complexo que tem duração média de duas horas e o paciente costuma ter alta hospitalar em até 24 horas.

Essas condições afetam indivíduos em todas as faixas etárias, sublinhando a importância de uma atenção contínua à saúde cardiovascular, desde a infância até a velhice. Juliana Paiva Ferraz, médica cardiologista no Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol), ressalta que o coração desempenha um papel vital no corpo humano, sendo responsável por bombear sangue e garantir o suprimento adequado de oxigênio e nutrientes para todos os órgãos.

Vários fatores de risco estão associados ao desenvolvimento de doenças cardíacas, incluindo o tabagismo, níveis elevados de colesterol, hipertensão arterial, obesidade, estresse crônico, depressão e diabetes. Para mitigar esses riscos, é essencial adotar medidas preventivas como evitar fumar, manter uma alimentação saudável e equilibrada, controlar o peso corporal, praticar exercícios físicos regularmente, gerenciar condições crônicas como diabetes e hipertensão, garantir horas adequadas de sono e realizar consultas médicas regulares.

A dieta e a atividade física exercem um papel crucial na promoção da saúde cardiovascular, segundo a especialista. A prática regular e moderada de exercícios físicos, combinada com uma alimentação rica em frutas, vegetais, grãos integrais e proteínas magras, não apenas reduz a gordura corporal e melhora o metabolismo, mas também contribui para o controle do colesterol e dos triglicerídeos. Além disso, ajuda a controlar o diabetes e a pressão arterial, melhora a capacidade física e a qualidade do sono, reduz o estresse e fortalece o sistema imunológico, promovendo uma melhor qualidade de vida.

Exames médicos regulares desempenham um papel fundamental na prevenção e no diagnóstico precoce de doenças cardiovasculares. Testes como medição da pressão arterial, perfil lipídico, glicemia em jejum e outros exames específicos podem identificar alterações que requerem intervenção médica precoce. “Essa abordagem proativa não apenas reduz o risco de complicações graves, como infarto e AVC, mas também aumenta a expectativa de vida e melhora a saúde geral do indivíduo”, pontua.

A médica alerta que é importante estar atento aos sinais que indicam possíveis problemas cardíacos. Dor no peito, palpitações, falta de ar durante atividades físicas ou mesmo em repouso, tonturas e desmaios são sintomas que requerem avaliação médica imediata. “Ignorar esses sinais pode resultar em complicações sérias e potencialmente fatais, por isso a busca por cuidados médicos adequados é crucial”, orienta.

Além dos cuidados individuais, políticas públicas que promovam ambientes saudáveis, como incentivo a espaços para prática de atividade física, regulamentação de alimentos industrializados e campanhas educativas, são fundamentais para reduzir a incidência de doenças cardiovasculares na população em geral. 

A cardiologista destaca que a educação pública sobre hábitos de vida saudáveis desde a juventude pode ter um impacto significativo na prevenção dessas doenças ao longo da vida. Juliana reitera que a saúde cardiovascular depende de uma combinação de fatores: estilo de vida saudável, monitoramento regular da saúde e intervenção médica oportuna. 

Avanços na saúde cardíaca: prevenção e tecnologia na vanguarda

No cenário contemporâneo da saúde cardiovascular, reconhecer e responder aos sintomas de problemas cardíacos são medidas cruciais para preservar a qualidade de vida e evitar complicações sérias. O cirurgião cardíaco Dilmar Cardeal da Cunha, que atua no Hugol, ressalta a importância de estar atento a sinais que possam indicar problemas no coração.

Segundo ele, qualquer sintoma novo relacionado à saúde cardiovascular, especialmente se impactar as atividades diárias, merece avaliação médica imediata. Já sintomas persistentes, mesmo que menos impactantes, devem ser discutidos em consultas de rotina para investigação mais detalhada.

A variedade de doenças cardíacas exige abordagens individualizadas para garantir o controle adequado e a melhoria da qualidade de vida dos pacientes. Por exemplo, pacientes com hipertensão arterial são frequentemente orientados a realizar mudanças no estilo de vida, como dieta balanceada e aumento da atividade física, além do uso de medicamentos específicos.

Doenças valvares – que ocorrem quando as valvas do coração se deterioram a ponto de perderem sua mobilidade original – podem começar com tratamento medicamentoso, mas eventualmente podem necessitar de intervenções cirúrgicas caso comprometam significativamente a função cardíaca. “Arritmias cardíacas, por sua vez, podem ser tratadas com medicamentos, mas em casos onde estes não são eficazes, dispositivos como marcapassos são implantados para regular o ritmo cardíaco”, explica o cirurgião.

Um aspecto crucial destacado pelo médico é o papel transformador da tecnologia na cardiologia moderna. Dispositivos ‘wearables’, como relógios inteligentes, são capazes de monitorar continuamente sinais vitais como frequência cardíaca, arritmias, níveis de oxigenação sanguínea e pressão arterial.

Esses dispositivos não apenas fornecem dados em tempo real para avaliação médica, mas também permitem uma intervenção precoce em caso de anormalidades, melhorando assim a gestão das condições cardíacas crônicas.

Além dos avanços nos dispositivos pessoais, métodos diagnósticos avançados estão revolucionando a maneira como as doenças cardíacas são detectadas e tratadas. A tomografia computadorizada de alta resolução, por exemplo, pode criar modelos 3D detalhados do coração, permitindo aos médicos visualizar com precisão alterações estruturais e orientar procedimentos terapêuticos complexos, como a substituição de válvulas cardíacas.

Procedimentos percutâneos, realizados através de pequenas incisões em vasos periféricos, estão se tornando uma alternativa menos invasiva para tratamentos como implantes de marcapassos e outras intervenções que antes exigiam cirurgia aberta.

Contudo, Dilmar ressalta que a saúde cardiovascular não se resume apenas à tecnologia avançada e tratamentos especializados. Fatores de estilo de vida, como mencionado anteriormente, desempenham um papel crucial na prevenção de doenças cardíacas. Além disso, é essencial gerenciar o estresse e cultivar uma boa saúde mental, pois o estresse crônico pode desencadear respostas fisiológicas adversas que afetam diretamente o coração.

O cirurgião enfatiza também que o estresse crônico pode aumentar a pressão arterial, elevar a frequência cardíaca e contribuir para a formação de placas de colesterol nas artérias, aumentando assim o risco de doenças cardíacas graves, como o infarto do miocárdio. Portanto, estratégias para reduzir o estresse, como exercícios de relaxamento, práticas de mindfulness – traduzida como atenção plena – e o cultivo de hobbies relaxantes, são igualmente importantes para a saúde cardiovascular.

Para aqueles que já têm condições cardíacas diagnosticadas, seguir rigorosamente o plano de tratamento estabelecido pelo médico é fundamental. “Isso inclui tomar os medicamentos prescritos conforme orientação, comparecer às consultas de acompanhamento regularmente e comunicar quaisquer preocupações ou sintomas novos ao profissional de saúde responsável pelo tratamento”, detalha o especialista. 

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