Queda da umidade do ar causa sangramento e obstrução nasal
As mudanças climáticas, expansão urbana e atividades humanas, como desmatamento e queimadas, contribuem para piora das alergias respiratórias
Coriza, espirros, obstrução nasal, lacrimejamento, prurido ocular e nasal, tosse, sangramento do nariz. Estes são alguns dos sintomas típicos do período seco do ano, sentido e vivido com a chegada do outono no mês de março e que se intensifica no decorrer dos meses até o final de dezembro, quando o inverno finaliza.
Atualmente a umidade relativa do ar em Goiânia apresenta queda entre 20% a 30%, com registros de queda no período da tarde. Além disso, segundo o Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas de Goiás (Cimehgo), de forma gradativa, essa umidade vai baixar até chegar em 10%, que é o esperado para o mês de agosto e setembro deste ano.
André Amorim, gerente do Cimehgo, destaca que a umidade relativa do ar vai ficar mais crítica em todo o Estado e consequentemente a população vai entrar em estado de emergência. Millena Andrade, alergista e imunologista, afirma que o clima é uma força poderosa que molda nosso ambiente e influencia diretamente a saúde humana. Ela salienta que as causas do tempo seco são variadas e também estão relacionadas aos problemas de saúde que cada indivíduo possui.
Apesar disso, a especialista destaca que as mudanças climáticas, expansão urbana, além das atividades humanas, como desmatamento e queimadas, contribuem significativamente para piora das alergias respiratórias, principalmente neste período.
Em Goiás, dados do Corpo de Bombeiros mostram que foram registrados 13 incêndios em indústrias no primeiro semestre de 2024, sinalizando uma tendência preocupante não só para a segurança industrial no estado, mas também com a saúde respiratória dos cidadãos, apesar do número ser menor do que nos dois últimos anos. Durante todo o ano de 2022, foram registrados 34 incidentes desse tipo, número que reduziu para 27 em 2023.
As queimadas contribuem ainda mais para a baixa umidade do ar, o que preocupa os especialistas. Andrade ressalta que o sistema respiratório enfrenta desafios, pois o ar seco pode irritar as vias aéreas, aumentando o risco de infecções e agravando as alergias respiratórias.
Para amenizar os efeitos dessa problemática, algumas medidas preventivas precisam ser seguidas pelos pacientes alérgicos principalmente, uma vez que estão entre os grupos específicos de pacientes que são mais afetados pelo tempo seco. “Pacientes que sofrem com alergias respiratórias, dermatite atópica, devem usar medicações diariamente”, orienta a imunologista.
O controle ambiental envolve o uso de aparelho umidificador do ar que ajuda a amenizar os efeitos da baixa umidade. Além disso, é importante manter os cuidados básicos como a lavagem nasal diariamente e não esquecer de usar as medicações de uso contínuo para os tratamentos. A especialista destaca ainda que esse público deve evitar contato com fatores aeroalérgenos.
Millena Andrade aproveita ainda para desmistificar a histórias de que as rinites e sinusites só atacam durante o tempo seco. “O tempo seco pode ser um agravante para pessoas que sofrem de rinite, mas não é condição essencial para sua manifestação”, afirma a especialista.
Este ano, o inverno em Goiás será caracterizado por condições climáticas peculiares, segundo informou o Cimehgo nos primeiros dias desta estação. O inverno se estenderá até o dia 22 de setembro. Durante esse período, o estado enfrenta um desafio significativo devido à estiagem, que deve perdurar até meados de outubro.
Embora possa ocorrer alguma chuva esporádica, a probabilidade é baixa, não sendo suficiente para aliviar os efeitos da seca. Um aspecto preocupante nesta mudança climática é a umidade relativa do ar, já que esta queda representa um risco para a saúde humana, uma vez que o nível ideal deveria estar entre 50% e 60%.