Banco Central mantém a taxa de juros em 10,5% ao ano
Comitê já tinha interrompido o ciclo de cortes da Selic
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, nesta quarta-feira (31), manter a taxa Selic em 10,50% ao ano. A decisão, tomada por unanimidade entre todos os diretores do Copom e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reflete uma cautelosa abordagem diante do atual cenário fiscal e das expectativas de inflação.
Esta é a segunda vez consecutiva que a taxa básica de juros permanece inalterada após uma reunião do Comitê. Em julho do ano passado, a Selic estava em 13,75% ao ano.
Desde agosto, o Banco Central iniciou um ciclo de cortes, mas esse movimento foi interrompido na reunião do Copom em junho, quando a taxa foi mantida por unanimidade. Atualmente, a Selic está no menor nível desde fevereiro de 2022, quando era 9,25% ao ano.
Pressão na taxa e apelos do Governo
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem repetidamente pressionado o Banco Central por uma redução nas taxas de juros. Lula argumenta que cortes na Selic são necessários para estimular a economia. No entanto, a instituição mantém uma postura firme. Isso considerando que a atual situação das contas públicas pode desencadear uma alta na inflação se a Selic for reduzida prematuramente.
O Banco Central destacou novamente a influência das contas públicas nas suas decisões sobre a taxa de juros. O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estabeleceu uma meta de déficit zero para este ano e 2025.
“O Comitê reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária”, diz o comunicado do BC.
Além das questões fiscais, o Copom também mencionou as incertezas externas e o aquecimento do mercado de trabalho no país. Fatores dos quais são motivos que influenciam sua decisão. Essas variáveis são críticas, pois podem impactar a inflação e, consequentemente, a política monetária.
Ao anunciar a decisão unânime de manter a taxa inalterada, o Copom ressaltou a necessidade de manter uma política monetária contracionista. Essa da qual precisa permanecer pelo tempo necessário para consolidar o processo de desinflação e ancorar as expectativas da meta de inflação.
“O Comitê se manterá vigilante e relembra que eventuais ajustes futuros na taxa de juros serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta”, concluiu o comunicado.