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sábado, 10 de agosto de 2024
Olimpíadas

Rodrigo Pessoa e Stephan Barcha estão na final individual do Salto

Trinta conjuntos habiltaram-se para final individual, a 1.60m, com desempate e a contagem será zerada

Postado em 5 de agosto de 2024 por Vitória Bronzati
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Salto perfeito de Rodrigo e Major Tom | Foto: Luis Ruas/CBH

Nessa segunda-feira (5), na 1ª qualificativa individual da modalidade Salto largaram 74 concorrentes e os 30 melhores cavaleiros e amazonas habilitaram-se para a final individual da modalidade Hipismo Salto nessa terça-feira, 6/8, nos Jardins do Palácio de Versailles.

O percurso, a 1.60m, disputado direto ao cronômetro, idealizado pelo espanhol Santiago Varela e o francês Bodo Gregory, contou com 14 obstáculos apresentando a cultura francesa, incluindo um duplo e um triplo, totalizando 17 esforços, a serem cumpridos em até 79 segundos (tempo limite), velocidade 400m/minuto. Primeiro brasileiro em pista, em sua oitava participação olímpica, nº 22 na ordem de largada, Rodrigo Pessoa com Major Tom fez uma apresentação perfeita com percurso limpo em 77s04, que ao final lhe rendeu a 17ª posição.

“Hoje foi o primeiro dia que o Major Tom entrou no estádio cheio. Então ele estava um pouquinho mais ansioso antes de começar, mas depois que começou até o final ele foi absolutamente perfeito correspondendo completamente à expectativa, tudo que estava programado, não teve nenhuma mudança de plano”, destacou Rodrigo, campeão olímpico em Atenas 2004 e dono de dois bronzes por equipes em Atlanta 1996 e Sydney 2000.

“A infelicidade na final por equipes foi uma grande decepção. A gente teve dois dias para se motivar novamente e se recolocar dentro do jogo para não falhar hoje”, destacou Rodrigo, 51, que também abordou o local da competição em Versailles. “O cenário é realmente incrível. Hoje ao entrar, durante dois ou três segundos, tive que dar uma piscada e me reconectar. As imagens são realmente incríveis e memórias para vida”, disse Rodrigo, que também falou sobre a emoção de estar em sua oitava Olimpíada.

“Não paro para pensar na quantidade de participações. Mas Olimpíada é Olimpíada, é diferente que qualquer outra competição. Sabendo da qualidade do cavalo que eu tenho, realmente motiva a querer fazer bem. Estou com Major Tom há quatro anos e falei desde o início que se trata de um cavalo espetacular. Ele é muito talentoso e tem todas as qualidades de um dos melhores cavalos do mundo”, disse o brasileiro. “A expectativa é boa para final, se tiver um pouquinho mais difícil, menos zero, vamos ver se no desempate a gente pega alguma coisa. Agradeço a todo mundo que está torcendo, rezando pela gente para ter um bom desempenho”, disse Rodrigo que, é claro, respeita os adversários. “A concorrência é dura, os bons falham raramente.”

Stephan e Primavera, nº 72, foram o antepenúltimo conjunto em pista e foram perfeitos com percurso sem faltas em 76s03, 13º melhor resultado. “Hoje foi uma prova difícil, ontem quando saiu no sorteio achei que entraria em uma posição um pouco mais confortável. Mas do jeito que a prova andou, entrei em uma posição danada de saber que era preciso zerar. E foi isso que aconteceu: consegui entrar e executar. A égua estava fantástica, como sempre, acho que foi um dos melhores percursos da vida dela, amadurecer e chegar em uma final olímpica é para poucos cavalos”, disse Stephan sobre Primavera, égua Brasileira de Hipismo, criação do Haras Montana e propriedade do Haras Império Egípcio.

“A criação europeia tem muitos anos a mais. Hoje ainda tivemos a Miss Blue, uma égua nacional, com Yuri Mansur, que também saltou muito bem, isso demonstra o quanto investir na criação em nosso país, pode gerar frutos e que é possível. A Primavera saltou a maior parte da carreira dela no Brasil. Ela está na Europa há um ano e meio, preferi me preparar na Europa assim como no Pan. Hoje estar em uma final olímpica, com uma égua feita e criada em casa, é um dia para os cavaleiros e criadores brasileiros terem muito orgulho de saber que é possível e toda essa união e força do país”, disse Stephan, que falou sobre suas expectativas para a final.

“Amanhã entram os 30 melhores conjuntos do mundo e para você imaginar que hoje já estava difícil, então vai ser, sem dúvida, o percurso mais difícil que eu já peguei na minha vida. Mas eu me sinto preparado para chegar na final. Por que não? Vamos mirar na lua e acertar uma estrela. Saber que estou nos Jogos Olímpicos, ter milhões de pessoas torcendo, com estádio vibrante, me eleva”, garantiu o cavaleiro de 34 anos, que está em sua segunda participação olímpica. “Recebemos tantos recados positivos, desde o início e também depois da prova por equipe outro dia. Então realmente quero agradecer a todo mundo que está torcendo, rezando pela gente para ter um bom desempenho”, finalizou.

Yuri Mansur com Miss Blue, Brasileira de Hipismo de 10 anos, criação do Haras Rosa Mystica e propriedade de Thalita Olsen de Almeida, também fez bonito. A dupla vinha fazendo um belo percurso zerado e acabou levando um refugo no muro nº 12, antepenúltimo obstáculo. Ela havia feito um pouco de força no primeiro obstáculo fechado, nº 6, uma testeira. E provavelmente “ela falou” que essa força não vou querer fazer de novo. Só que ela tão generosa que depois passou normal. Mas, acima de tudo, a gente sabe da qualidade e de todos os resultados que ela fez”, avaliou Yuri, 45, que está em sua segunda participação olímpica.

Yuri Mansur acaricia Miss Blue após a boa apresentação no Salto em Paris
Yuri Mansur acaricia Miss Blue após a boa apresentação no Salto em Paris | Foto: Luis Ruas/CBH

“Tem um ditado em nosso esporte que a gente usa: o jogador de futebol ele tem 90 minutos. Em nosso esporte temos um minuto para fazer “90 coisas”, se erramos uma coisa acabou. São muitos detalhes, não é só do cavaleiro ou cavalo, mas a gente precisa estar sempre precavendo, prevendo o que pode acontecer”, disse Yuri que também falou sobre o privilégio de saltar em Versailles. “Primeiro que estar em uma Olimpíada é um privilégio, aqui em um local mais bonito da história dos esportes equestres. Eu estou em paz, aprendi o que é o esporte. Eu e ela fizemos nossa parte e temos todo um ciclo pela frente. Agora nosso objetivo é saltar a Final da Copa do Mundo 2025 na Basiléia, Suíça”, disse o cavaleiro que agradeceu a toridia.

“Agradeço primeiramente a energia, carinho absurdo. Eu acho que o maior orgulho que um atleta pode ter é influenciar as pessoas com sua trajetória. Mais do que ganhar ou perder, mas o quanto você influencia os outros. Parabenizo os criadores de cavalos no Brasil que sabem o quanto é duro ter esse trabalho e tem se esmerado em criar melhor, bem como quem investe nos cavalos. Temos duas éguas craques: uma ganhou o Pan com Stephan, a minha ganhou o GP de Hamburgo (2024) e o GP Europa em Aachen (2023).”

Para Phillipe Guerdat, técnico do Time Brasil, também estava satisfeito. “Os cavalos estavam em boa forma, inclusive o cavalo do Yuri que não se qualificou saltou super bem. Fiquei com um pouco de pena, pois costuma ser rápido no desempate”, referindo-se à decisão individual. Conforme a regra, no GP Final, a 1.60m com desempate, o resultado é zerado e a ordem de entrada para final é inversa à ordem de classificação.

De Paris rumo ao Longines São Paulo Horse

Entre 20 e 25 deste mês, o Longines São Paulo Horse Show – The Indoor Showjumping of Brasil, o CSI-W4* 34º Indoor na Sociedade Hípica Paulista, em São Paulo, é o primeiro evento internacional no país após os Jogos Olímpicos e também considerado o principal a cada ano. Curiosamente, três dos quatro integrantes do Time Brasil de Salto foram campeões do GP do Indoor: Rodrigo Pessoa com Rose Garden, em 1992, Yuri Mansur com Deulyz, em 2013, Stephan Barcha com Primavera, 2021. Rodrigo também é sócio honorário da SHP e Pedro Veniss, nascido e criado na SHP, onde iniciou sua bem-sucedida carreira. Guilherme Jorge, desenhador do percurso na Rio 2016 e delegado técnico em Paris 2024, vai armar os percursos no Indoor e Juliana Freitas, integrante do comitê veterinário em Paris 2024, é a delegada veterinária.

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