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segunda-feira, 12 de agosto de 2024
Crescimento de Golpes

Aumento de fraudes com Pix pode resultar em perdas bilionárias, aponta relatório

Crescimento de golpes com Pix no Brasil aponta para perdas que devem ultrapassar os R$ 3 bi no Brasil até 2027

Postado em 12 de agosto de 2024 por Tathyane Melo
Crescimento de golpes com Pix no Brasil aponta para perdas que devem ultrapassar os R$ 3 bi no Brasil até 2027 | Foto: Marcello Casal Jr./ Agência Brasil

O uso crescente do Pix no Brasil, sistema de pagamento instantâneo lançado pelo Banco Central, tem gerado um aumento preocupante no número de fraudes. De acordo com o Relatório de Fraude Scamscope, desenvolvido pela ACI Worldwide em parceria com a GlobalData, as perdas com golpes devem ultrapassar a marca de US$ 635,6 milhões. Isso é cerca de R$ 3,4 bilhões, considerando a cotação atual, até 2027. Esse cenário decorre tanto da popularização do Pix quanto de falhas persistentes na detecção dessas fraudes.

Diversidade de golpes

Os “golpes do Pix” se diversificaram e se tornaram cada vez mais sofisticados. Um dos esquemas mais comuns é o golpe do “Pix errado”. Neste modelo, os criminosos fazem uma transferência para a vítima e, em seguida, entram em contato alegando ter cometido um erro. Eles logo pedem que o valor seja devolvido, mas para uma conta diferente da original. Quando a vítima realiza a nova transferência, o valor é perdido para os golpistas.

Outro golpe que vem se destacando é o do “falso funcionário de banco”. Neste caso, os criminosos entram em contato com a vítima fingindo ser um funcionário de uma instituição bancária. Eles logo oferecem ajuda para cadastrar uma nova chave Pix ou solicitando um teste para regularizar o cadastro.

Em alguns casos, o contato é feito por meio de SMS, utilizando números que simulam ser de serviços de atendimento ao cliente, como 0800, alegando uma operação suspeita e pedindo dados bancários para cancelar a suposta transação.

O “golpe do falso recibo” também é bastante comum, especialmente entre comerciantes e vendedores. Nessa fraude, os criminosos criam um recibo falso com dados bancários e informações do destinatário, simulando um pagamento que aparenta ser legítimo. No entanto, ao verificar o saldo da conta, a vítima percebe que o dinheiro nunca foi transferido.

A clonagem do WhatsApp também se tornou uma prática recorrente. Os criminosos enviam mensagens para as vítimas, muitas vezes fingindo serem empresas nas quais o usuário tem cadastro, e solicitam um código de segurança enviado por SMS. Com o código, eles conseguem acessar a conta de WhatsApp da vítima e, a partir daí, enviam mensagens para os contatos solicitando dinheiro via Pix.

Como se proteger e ser ressarcido?

Diante do aumento das fraudes, o Banco Central do Brasil criou o Mecanismo Especial de Devolução (MED), uma ferramenta que permite o estorno de valores em casos de fraude. Todas as instituições bancárias que oferecem o serviço de Pix são obrigadas a participar desse mecanismo.

Para solicitar a devolução, a vítima deve entrar em contato com sua instituição financeira e abrir um pedido de reclamação, detalhando o golpe sofrido e a transferência realizada. O registro da ocorrência deve ser feito em até 80 dias a partir da data da transação. Se o banco identificar que o caso se enquadra nos critérios do MED, os recursos do recebedor do Pix serão bloqueados.

Em seguida, uma análise será realizada em até sete dias e, caso a fraude seja confirmada, o valor pode ser devolvido à vítima, integral ou parcialmente, em até 96 horas.

Em 2023, foram registrados mais de 2,5 milhões de pedidos de estorno relacionados ao Pix, mas apenas 9% desses casos resultaram em reembolso. Esse dado reflete as dificuldades enfrentadas pelas instituições financeiras em rastrear e reverter as transações fraudulentas, especialmente diante da rapidez com que os golpistas transferem os valores para outras contas ou sacam o dinheiro.

Para melhorar a eficácia do sistema de devoluções, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) apresentou ao Banco Central uma proposta para desenvolver o MED 2.0. Essa é uma versão aprimorada do mecanismo atual. A nova versão está prevista para ser desenvolvida ao longo do segundo semestre de 2024. Ela incluirá mais camadas de rastreamento, possibilitando uma análise mais detalhada sobre para onde o dinheiro foi transferido após o golpe.

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